Baixaria na música é tema de discussão dos deputados de Mato Grosso do Sul

O projeto em trâmite que proíbe incentivos públicos aos artistas e entidades artísticas culturais que incitem a violência e o preconceito contra a mulher foi tema de debate, desta quarta-feira (5), pela Comissão de Direitos Humanos da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), no Plenarinho Nelito Câmara. No encontro, de acordo com o […]

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O projeto em trâmite que proíbe incentivos públicos aos artistas e entidades artísticas culturais que incitem a violência e o preconceito contra a mulher foi tema de debate, desta quarta-feira (5), pela Comissão de Direitos Humanos da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), no Plenarinho Nelito Câmara.

No encontro, de acordo com o Portal da ALMS, um dos assuntos principais foram as letras de músicas consideradas ofensivas à imagem da mulher. A reunião foi conduzida pelo presidente da comissão e autor da proposta, deputado estadual Laerte Tetila (PT), e contou com a participação de representantes de movimentos femininos e especialistas da área.

“Músicas com conteúdos como o tapinha não dói não acrescentam em nada na cultura, principalmente em um país carregado de machismo, onde há milhares de mulheres vítimas do tráfico e da prostituição”, ressaltou a coordenadora da Aflora Articulação Feminista, Fernanda Rodrigues.

Para Idalina da Silva, da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), a questão é uma cobrança antiga dos movimentos feministas. “Não somos contra a verba da cultura, somente queremos que haja uma seleção no momento de repassá-la para que não sejam financiados artistas que usam a violência para se promover”, declarou Idalina. Segundo ela, algumas músicas depreciam a figura feminina e muitas vezes, letras que parecem inocentes, agridem.

Na opinião do psicólogo Marco Aurélio Portocarrero, do Conselho Regional de Psicologia, as músicas têm o poder de influenciar no comportamento humano e gerar a violência contra a mulher. “Letras com conteúdos violentos banalizam os valores éticos, da dignidade e da cidadania”, assegurou.

A repetição de uma frase ofensiva em uma música pode, conforme Portocarrero, facilitar que crianças e jovens se sintam influenciados com os conteúdos de baixa qualidade. “A percepção inadequada contribui para a evolução do preconceito e da violência e toma espaço de conteúdos que poderiam ser mais positivos para a sociedade”, definiu o psicólogo.

O autor do projeto de lei, Tetila, explica que a intenção do debate é reforçar o apoio da sociedade para a aprovação da matéria que tramita na CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação). “Pergunto onde está a informação cultural e a consciência crítica para filtrar o que estamos ouvindo. O que vejo é que quanto mais violência na letra, mais ela vende”, disse o parlamentar.

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