Ala petista de Dourados move recurso que ‘mela’ pacto com o DEM e briga por candidatura própria

Contrários à coligação afirmam que o acordo fora firmado numa prática considerada “antidemocrática”. Ao lado, Murilo Zauith, candidato do DEM e Dinanci Ranzi, que seria sua vice

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Contrários à coligação afirmam que o acordo fora firmado numa prática considerada “antidemocrática”. Ao lado, Murilo Zauith, candidato do DEM e Dinanci Ranzi, que seria sua vice

A Articulação de Esquerda, tendência interna do PT a que pertence o vereador Elias Ishy, que era pré-candidato a prefeitura de Dourados, entrou com um recurso junto à direção nacional do partido com a intenção de anular a coligação com o DEM em Dourados. Os dois partidos combinaram ontem que vão disputar juntos a prefeitura de Dourados, em eleição extra marcada para o dia 6 de fevereiro que vem.

O documento foi assinado pelo vice-presidente estadual do PT, Rubens Alves e pelos secretários de mobilização Ronaldo Sandim; secretária de direitos humanos Damarci Olivi; e de finanças Kelly Kristine Costa.

No recurso impetrado junto à direção nacional, os petistas de Mato Grosso do Sul afirmam que o encontro municipal realizado em Dourados “foi eivado de manobras e artimanhas antidemocráticas, como a decisão em levar as votações de forma aberta e não em urna. Estamos convictos que o objetivo foi constranger e pressionar os delegados e delegadas para votarem com a sua posição pró DEM, contra candidatura própria do PT.”

Ainda no recurso os petistas liderados por Elias Ishy pedem que seja considerada a proposta do PT de disputar as eleições municipais de Dourados marcada para seis de fevereiro com candidatura própria.

Os registros de candidaturas devem ser feitos até as 18h desta terça-feira, dia 4 de janeiro. Caso a decisão do recurso sai depois desta poderá haver uma reviravolta na eleição se a tese de candidatura própria vingar.

O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) convocou nova eleição em Dourados porque o prefeito, o vice e 9 dos 12 vereadores da cidade foram presos em setembro passado por suposto envolvimento em um esquema de fraude em licitações.

O PT, conforme decisão de ontem, disputa a eleição como vice na chapa comandada pelo ex-vice-governador Murilo Zauith.

Eis o conteúdo do recurso movido pela ala petista contra a coligação com o DEM:

Recurso contra a decisão da Executiva Municipal que, desconsiderando a resolução da Comissão Executiva Nacional-CEN, resolveu levar a voto a aliança do PT com o DEM local.

Prezados companheiros (as),

Em 20 de dezembro a CEN expediu resolução a respeito das eleições extraordinárias no município de Dourados/MS. O conteúdo central da decisão concentrava-se em dois pontos: imposição de um calendário que fixou nova data ao Encontro Municipal para 30/12 e a vedação de que o PT de Dourados fosse levado, como desejava e deseja a maioria da direção municipal, a desertar do lançamento de CANDITAURA PRÓPRIA, opção de setores significativos do PT, para aliar-se ao DEM, apoiando o candidato desse partido à prefeitura da cidade.

No dia 29/12, respondendo à consulta formalizada pelo vice-presidente estadual do PT, Rubens Alves, o secretário nacional de organização reafirmou que a resolução do dia 20 era de caráter terminativo, sendo, obviamente, desnecessário levar a voto no encontro municipal uma coligação com o DEM.

Entendemos importante destacar que:

O encontro foi efetivamente realizado na data definida pela CEN, mas foi, basicamente, o único ponto da resolução nacional cumprido pela direção municipal. Contrariando a resolução nacional, o presidente municipal do PT de Dourados, sob orientação do secretário estadual de organização do PT – presente no encontro – colocou, na pauta do encontro, a proposta de apoio ao candidato do DEM, em troca, segundo eles, de 3 secretarias e, possivelmente, a vice, aprovando, através de voto aberto nominal por 63 a 47. Uma verdadeira afronta à resolução da CEN, considerada, insistentemente, uma MERA RECOMENDAÇÃO, cabendo ao encontro acatá-la ou não.

Entendemos que o encontro foi eivado de manobras e artimanhas antidemocráticas, como a decisão em levar as votações de forma aberta e não em urna. Estamos convictos que o objetivo foi constranger e pressionar os delegados e delegadas para votarem com a sua posição pró DEM, contra candidatura própria do PT.

Entendemos também como lamentável a decisão da Executiva Municipal em restringir o encontro, permitindo o acesso apenas aos delegados/as, de tal forma que existia mais filiados do lado de fora do encontro, clamando pela candidatura própria, expressada em personalidades presentes, como o reitor da UFGD, membros da Igreja, dirigentes sindicais e dos movimentos sociais – do que na plenária do encontro.

Face ao exposto, requeremos a anulação da decisão encaminhada pela mesa e tomada pelo encontro de apoio do PT ao candidato a prefeito do DEM.

Ao mesmo tempo, requeremos que seja considerada a proposta do PT de disputar as eleições municipais de Dourados, marcada para o dia 06 de fevereiro, com candidatura própria.

Solicitamos, ainda, que seja avaliado o comportamento da instância municipal e do secretário estadual de organização que participou e orientou os encaminhamentos feitos à revelia da legalidade interna, e que seja aplicado as medidas cabíveis e necessárias para restaurar a autoridade e a legitimidade das decisões superiores que foram desconsideradas.

Lembramos, por último, que temos calendário apertado, visto que o prazo para a convenção é no dia 2 de janeiro e o registro de candidaturas é em 4 de janeiro.

Atenciosamente

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