Acordo de resgate do euro ganha forma

Líderes da União Europeia estiveram em Bruxelas para solucionar a crise das dívidas, porém decisões devem ser tomadas somente em uma segunda cúpula. Fundo Europeu de Estabilidade Financeira continua em debate.

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Líderes da União Europeia estiveram em Bruxelas para solucionar a crise das dívidas, porém decisões devem ser tomadas somente em uma segunda cúpula. Fundo Europeu de Estabilidade Financeira continua em debate.

Líderes europeus reunidos neste domingo (23) em Bruxelas não chegaram a um acordo sobre a nova estratégia que a UE (União Europeia) irá adotar para o combate à crise das dívidas. Tudo está adiado para quarta-feira (26). A grande divergência continua sendo a melhor forma de aproveitar o poder de fogo do FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira).

Duas opções se mantêm em negociação. A primeira seria dar ao FEEF a capacidade de servir como seguro parcial face a perdas dos investidores privados que comprem títulos da zona do euro.

A segunda seria a criação de um fundo especial de apoio no FMI que beneficiaria o financiamento por parte dos países emergentes, como China e Brasil.

França e Alemanha parecem ter suavizado o debate sobre como atingir 440 bilhões de euros com o FEEF. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que um acordo de longo prazo está prestes a ser composto, porém ainda “faltam horas de negociação”.

Já a chanceler alemã, Angela Merkel, sublinhou que a idéia francesa de fazer com que o FEEF opere como um banco está descartada.

Dever de Casa

Sarkozy espera que o novo encontro desta quarta-feira acalme os mercados. A expectativa é que sejam endossados os cálculos dos ministros das Finanças, que indicam que os bancos precisam de recapitalização em torno de 108 bilhões de euros.

Uma das saídas em questão é oferecer garantias do FEEF para os detentores dos títulos da zona do euro com ajuda de países emergentes.

A forma de articular o plano seria pauta da reunião do G20 em novembro, em Cannes. A “influência” do FEEF tem sido negociada com bancos para que eles aceitem assumir perdas de até 50% nos débitos gregos em troca de garantias da UE e do FMI. Alemanha e França pressionaram Grécia e Itália para implementarem reformas.

“Não se pode pedir solidariedade dos sócios europeus sem que se faça o dever de casa”, disse Sarkozy. Já Merkel chamou o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi para uma “conversa entre amigos”.

A chanceler teria salientado que se a terceira economia da região não reduzir seu endividamento, estimado em 1,91 bilhões de euros, nenhum fundo de resgate estabilizará a zona do euro.

“A crise não é somente nossa”

O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, disse que o povo grego é digno de orgulho e espera respeito apesar da situação drástica. Ele salientou que não se trata de uma crise grega, mas de uma crise europeia.

“A Grécia sempre mostrou que tomou as decisões necessárias para ajustar a economia e lhe dar capacidade de sobrevivência”, disse.

O relatório da Troika com técnicos do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia projeta que o ônus da dívida grega neste ano chegue a 162% do desempenho econômico do país. A expectativa é de este índice subir a 186% até 2013.

O relatório aponta que, para conseguir liquidez sem ajuda externa, a Grécia “não poderia voltar aos mercados até 2021”. Os técnicos que acompanham a crise calculam que o país necessite de mais 252 bilhões de euros até 2020.

Em uma projeção pessimista, o montante pode chegar a 444 bilhões de euros. Este cenário será possível, caso a recessão se agrave, as privatizações não avancem ou a sobrecarga de risco dos títulos da dívida cresçam

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