Violência doméstica: homem envia telemensagem com carro de som e depois mata ex- mulher

A balconista Gisele Aparecida da Cruz, 40, agradeceu o ‘presente’ e disse que não mais voltaria com o ex-marido; nesta manhã, Alzi da Silva Filho (à direita) cumpriu as ameaças e tirou a vida da mãe de seus três filhos

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A balconista Gisele Aparecida da Cruz, 40, agradeceu o ‘presente’ e disse que não mais voltaria com o ex-marido; nesta manhã, Alzi da Silva Filho (à direita) cumpriu as ameaças e tirou a vida da mãe de seus três filhos

Após quatro separações, em 20 anos de casamento, o açougueiro Alzi da Silva Filho, 44, tentou reatar ontem com a ex-mulher, a balconista Gisele Aparecida da Cruz, 40. Nesta manhã, por volta das 6 horas, ele a assassinou, no Jardim São Conrado, bairro próximo ao Trevo Imbirussu, em Campo Grande.

Ontem, no final da tarde, um carro de som chamou a atenção da vizinhança da Rua Sargento Jara de Oliveira: uma telemensagem [música romântica, poesia e declarações de amor] do ex-marido foi entregue a Gisele da Cruz. “Ela pegou o microfone e agradeceu dizendo que, com essa pessoa que mandou a telemensagem ela não queria mais voltar e desejava que ele fosse feliz com outra”, relata um familiar.

Essa foi a última tentativa do ex-marido, que, de forma ‘romântica’ tentava convencer Gisele da Cruz a esquecer o passado de surras e violência psicológica, crimes contra a família. Desde a separação, ele mandava recados aos familiares de que a mataria se ela não voltasse. Por medo, a mãe dela, Benedita da Cruz, acompanhava a filha, todos os dias, até o ponto de ônibus.

O crime

Nesta manhã, a vítima seguia a pé, acompanhada da mãe, até a parada, nos fundos da casa onde moram. Gisele da Cruz ia para o trabalho, a panificadora Salomão, na Avenida Afonso Pena.

Perto do ponto de ônibus, o ex apareceu para cumprir o que já havia anunciado. Ele saiu de trás de um escombro, empurrou a ex-sogra, bateu em Gisele e a matou com um golpe de faca. A jovem foi ferida no braço e no tórax.

Ele fugiu em um carro de cor branca que estava parado com alguém à sua espera. Dona Benedita viu tudo e contou à polícia o crime.

Ela tentou salvar a filha, mas foi jogada ao chão. Ouviu Gisele da Cruz implorar socorro. “Mãe, me defende! Tira ele de cima de mim!”, gritava.

Dona Benedita também gritou por ajuda, mas ninguém apareceu, porque era muito cedo. O ex-marido matou a jovem a cerca de 50 metros do ponto de ônibus, e ainda disse para a ex-sogra: “Eu avisei para a senhora”.

A jovem morreu no local. Deixou dois filhos adolescentes e um de 11anos, que estava sob os cuidados da avó paterna. Gisele da Cruz e Silva Filho moraram no Conjunto Oliveira e após a separação, ela mudou-se para a casa da mãe. Ontem, antes de chegar o carro de som com a telemensagem, Gisele e dona Benedita conversavam sobre a situação de violência. A balconista pensava em mudar-se com os filhos para outra cidade, tentar recomeçar longe do ex, por medo. Dona Benedita apoiou e chegou a dizer: ‘Filha, só assim ele ia esquecer de você’.

Os filhos estão revoltados e pedem justiça. Silva Filho está foragido e o corpo de Gisele da Cruz passa por necropsia no Instituto Médico Legal. A partir do meio-dia, ela será velada na Pax União, na Rua Maracaju.

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