Temporão não teme onda de oportunistas procurando a vacina contra a gripe suína
A não exigência de atestado de saúde aos doentes crônicos e às gestantes para receberem a vacina contra a influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, pode abrir uma brecha às pessoas que não estão nessas condições a se beneficiarem com a imunização. A hipótese, levantada por infectologistas, não é uma preocupação do Ministério […]
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A não exigência de atestado de saúde aos doentes crônicos e às gestantes para receberem a vacina contra a influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, pode abrir uma brecha às pessoas que não estão nessas condições a se beneficiarem com a imunização. A hipótese, levantada por infectologistas, não é uma preocupação do Ministério da Saúde, que espera bom senso dos brasileiros. “Depois de amplos debates, optamos por não burocratizar o processo. Fizemos isso com a intenção de facilitar a vida desse grupo de risco. Confiamos na maturidade dos cidadãos”, afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Contrário à estratégia do Ministério da Saúde que excluiu as crianças e adolescentes em idade escolar da campanha de vacinação contra a gripe A, Julival Ribeiro, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, diz que a tentativa de pessoas, não incluídas no calendário, de buscarem a vacina poderia ter sido evitada se todos tivessem acesso à imunização. “É claro que alguns cidadãos fora do grupo de risco vão procurar os postos de saúde para receber a vacina. E é até natural, pois todos querem se vacinar”, observa.
A segunda etapa da vacinação, que ocorre hoje em 36 mil salas de imunização de todo o país, tem a meta de chegar a aproximadamente 18 milhões de pessoas — cerca de 80% dos 20,3 milhões de brasileiros incluídos na faixa etária de seis meses a dois anos, gestantes e doentes crônicos — até 2 de abril. “Se o ministério tivesse optado pela exigência de atestado, poderia haver uma redução da cobertura vacinal”, analisa Edimilson Migowski, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Pode ocorrer de pessoas fora do grupo de risco procurarem os postos, mas isso não vai ser problema. Os brasileiros têm que ter consciência para não prejudicarem quem realmente necessita de imunização”, acrescenta.
Ansiosa pela imunização, a autônoma Geralda Maria da Silveira não poderá se vacinar nas próximas duas semanas. Apesar de tomar remédios para pressão alta, ela tem 62 anos, o que a inclui na fase exclusiva dos idosos. Por isso, a moradora de Ceilândia deve comparecer a um posto de saúde somente na quarta etapa de imunização (de 24 de abril a 7 de maio), período em que serão vacinados todos os cidadãos acima dos 60. “A vacina é para proteger os que estão dentro do grupo de risco. Confio e acho que ninguém vai ter coragem de procurar um posto e receber vacina sem necessidade. Além de ser errado, isso pode prejudicar pessoas como eu, que realmente necessita da dose.”
Eventualidades
Amparado no exemplo de outros países, como o Canadá, o Brasil optou por não cobrar atestado médico para a aplicação da vacina contra a gripe suína. “Depois de reuniões com alguns países das Américas, decidimos não exigir nenhum documento para a imunização. O Canadá, por exemplo, que tem um sistema de saúde capilarizado, começou cobrando atestado para a vacina contra a gripe A, mas depois decidiu revogar a decisão”, explica o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage.
Já prevendo que algumas pessoas fora do grupo indicado compareçam aos postos e ciente das imprecisões nos cálculos do número de gestantes e doentes crônicos, José Gomes Temporão diz que o ministério tem uma reserva para atender essas e outras eventualidades. “Não vai faltar vacina. Nos preparamos para esses casos e temos um estoque.”
Até 21 de maio, data do término da campanha de vacinação contra a gripe suína, o Ministério da Saúde espera imunizar pelo menos 91 milhões de brasileiros. O governo federal adquiriu 113 milhões de doses
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