Temporal na região de Miranda deixa famílias de índios morando ao relento e sem comida

Até agora os 1,8 mil terena não receberam ajuda de nenhum órgão público; para piorar situação, famílias não recebem cestas básicas há dois meses

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Até agora os 1,8 mil terena não receberam ajuda de nenhum órgão público; para piorar situação, famílias não recebem cestas básicas há dois meses

Famílias da aldeia indígena Passarinho, no município de Miranda, ainda são castigadas pela destruição que a chuva do dia 5 de novembro deste mês provocou.

Com fortes ventos, casas ficaram destelhadas, estradas de acesso intransitáveis, árvores caíram sobre moradias. Outro agravante é a falta de alimentos, uma vez que a plantação ficou danificada e há dois meses e os indígenas afirmam que não recebem cestas básicas.

Pelo menos cinco famílias estão ao relento porque suas casas ficaram demolidas, as outras estão com estragos parciais em suas moradias ou montaram barracos de lona com doações de um fotógrafo voluntário, que também é indígena, Marcello Silva, o Marcello Yndio.

“Nenhum órgão governamental trouxe soluções para os problemas da aldeia. Em uma das casas destruídas têm o pai, seis crianças e a mãe que possui Sindrome de Dowm. A situação é de calamidade”, diz.

Na manhã desta segunda-feira, outra forte chuva cai sobre a região e os indígenas sem casa procuram abrigo com aqueles que têm teto, já as doações recebidas (cobertores, colchões, camas) correm o risco de se perderem porque não houve tempo de serem retiradas para outro local.

Das residências destruídas, apenas uma foi construída com recursos estaduais. As demais foram erguidas com recursos dos próprios índios.

Na Aldeia Passarinho moram aproximadamenbte 1800 indígenas da Nação Terena, sendo grande o número de crianças e idosos.

“Depois da chuva do dia 5 umas assistentes sociais da prefeitura visitaram nossa comunidade, mas não voltaram mais”, diz a vice-cacique Lucinete Francisca da Silva, mais conhecida pelos indígenas como Arlete.

O cacique Sandro Quirino da Silva afirma que já procurou os órgãos governamentais que podem ajudar a Aldeia Passarinho, porém não teve respostas positivas.

“Fui até o posto da Funai, procurei a Funasa, prefeitura e até agora nada. Andei também no comércio, pedi ajuda em Ong´s porque eu não tenho bandeira política. Aquele que fizer pelo meu povo é o que será bem vindo na nossa aldeia”, diz.

Cestas

Sandro Quirino confirma que há dois meses a comunbidade não recebe as cestas básicas que são enviadas pelo Governo Federal.

O Governo Estadual fica com a resaponsabilidade de separar os produtos e embalar e também fazer o transporte até as comunidades.

“Talvez seja por causa da eleição que mandaram suspender pra ninguém usar como moeda de troca por voto, mas a eleição já passou. Já passou da hora de mandar denovo porque a fome não espera. A gente não pode esperar a nova presidente assumir o comando do País. Somos seres humanos com necessidades como todo mundo”, apela o cacique.

Sobre as perdas da lavoura, o cacique explica que há muitos anos os indígenas têm plantado pouco porque a população cresce, mas as terras continuam as mesmas.

“A gente planta bem pouco agora. Mandioca, milho, cria alguns animais. A terra a gente não tem pra plantar em maior quantidade e, infelizmente, ficamos dependendo de cestas”, diz.

O líder indígena, que foi escolhido cacique há pouco menos de um mês, também critica a falta de união das próprias comunidades.

“Aqui em Miranda somos maioria da população. Nós, povo indígena, temos que acordar e fazermos representantes políticos para trabalhar por todo mundo: índios e brancos. Do jeito que está vamos sempre ficar a mercê”.

Ajuda

O cacique faz um apelo para o comércio, entidades e autoridades políticas para que auxiliem na arrecadação de doações. Os indígenas precisam de roupas, materiais para reconstruírem suas casas e lonas para barracos provisórios e também alimentos.

 

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