Sumidas, moedas de 1 centavo custam 9 vezes mais do que valem

As moedinhas de um centavo andam sumidas e já foram esquecidas por muitos. Elas provocam reclamações e atritos entre consumidores e comerciantes, que, para tornarem os preços mais atraentes, evitam os valores cheios, com finais em cinco ou zero. Na hora do troco, as moedas não aparecem, ou se transformam em bala, chiclete ou são, […]

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As moedinhas de um centavo andam sumidas e já foram esquecidas por muitos. Elas provocam reclamações e atritos entre consumidores e comerciantes, que, para tornarem os preços mais atraentes, evitam os valores cheios, com finais em cinco ou zero. Na hora do troco, as moedas não aparecem, ou se transformam em bala, chiclete ou são, simplesmente, ignoradas pelos caixas.

O Banco Central garante que vem encomendando moedas de R$ 0,01, mas os custos de produção, conforme mostram o gráfico ao lado, indicam que elas não são um bom negócio: as moedinhas custam nove vezes mais do que valem. Oficialmente, haveria mais 3,9 milhões delas em circulação, segundo informava o site do BC na semana passada (mas a mesma informação estava indisponível numa consulta do G1, às 18h, na quarta, 3).

A dona de casa Vera Lúcia Melo gosta de fazer compras pequenas e está sempre em supermercados. “Eles nunca dão as moedinhas. É mais fácil eles ficarem com três centavos meus do que me perdoarem dois centavos. Isso aconteceu ontem mesmo, quando eu estava em outro mercado”, afima Vera.

Um dos gerentes de um supermercado no Centro do Rio, Elenilton de Oliveira da Graça, diz que está difícil encontrar moedas de um centavo. “É quase impossível conseguir as moedas no banco ou no comércio em geral”, explica ele. Na loja, a funcionária que ajuda as caixas com o troco até tem um saquinho com algumas moedinhas de um centavo, mas ela só dá para os clientes que reclamam. Poucos costumam cobrar.

A aposentada Zita Ribeiro de Souza faz a mesma reclamação e acrescenta: “as caixas ficam nos devendo os centavinhos e não dão nem satisfação”. Zita lembra que no início até pedia, mas a funcionária da caixa precisava chamar a colega. Como isso demorava, os outros clientes da fila reclamavam, e ela desistiu.

A comerciária Aparecida Gobetti e o chefe de cozinha Célio Gonçalves Pereira têm a mesma explicação: disseram para eles que não havia a moeda e, então, eles nunca mais pediram. Já a dona de casa Viviane dos Santos Pereira comenta que nunca recebe os centavinhos, mas também não contesta. “É muito difícil eles darem o troco a mais para gente, sempre fica faltando para gente”.

A orientação do Procon

O Procon, órgão de defesa do consumidor, estabelece que, no caso da falta de moedas, o comércio sempre deve dar o troco a mais, nunca a menos. A advogada do órgão, Camile Felix Linhares, fala da importância de exigir esse direito. “Talvez o cliente pense que um ou dois centavos, só para ele, é pouco. Mas, para o fornecedor ou para o comerciante, não é: quanto ele está lucrando ao final de uma semana, um mês ou um ano?”.

O gerente de uma padaria, no Centro do Rio, diz que segue a recomendação do Procon ao dar o troco a mais e procura pôr preços mais arredondados. Mas o pãozinho e outros produtos são vendidos a peso, e ele diz que tem prejuízo em dias de grande movimento.

“A gente chega a perder até R$ 30 por causa da falta da moeda que o banco diz que tem, mas não tem”, protesta Valdoires Barbosa de Oliveira.

Posição do BC

O Banco Central informa que produz as moedas de um centavo de acordo com o pedido dos bancos. Ainda segundo o BC, as cerca de 3,9 milhões de moedas atualmente em circulação são suficientes para atender à necessidade do comércio de todo o país.

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