Prestes a deixar cargo, Minc busca antecipar meta contra desmate do cerrado

A duas semanas de deixar o governo, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atacou nesta terça-feira (16) a proposta brasileira para a redução do desmatamento no cerrado, apresentada na conferência do clima da ONU, em dezembro, em Copenhague. Segundo ele, é um “absurdo” reduzir em 40% o desmate no bioma somente em 2020. Essa meta […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A duas semanas de deixar o governo, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atacou nesta terça-feira (16) a proposta brasileira para a redução do desmatamento no cerrado, apresentada na conferência do clima da ONU, em dezembro, em Copenhague.

Segundo ele, é um “absurdo” reduzir em 40% o desmate no bioma somente em 2020. Essa meta foi definida pela Casa Civil e pelo Itamaraty e contou com ajuda do próprio Minc.

Agora, às vésperas de deixar o cargo e disputar uma vaga de deputado estadual no Rio, o ministro petista decidiu atacar a proposta e apresentar ao presidente Lula a antecipação dessa meta para 2012, o que promete fazer ainda nesta semana.

O Meio Ambiente propõe que a média de 14 mil hectares devastados no cerrado entre 2003 e 2008 caia para 8.500 hectares na média entre 2009 e 2012, e não mais 2020.

“Chegar a 8.500 [hectares] em 2020 é um absurdo, quase metade do cerrado já foi para o brejo. Esse ritmo vai inviabilizar alguns ecossistemas, algumas espécies, algumas fontes hídricas”, disse o ministro.

A meta brasileira fala também na redução de 80% no desmatamento na Amazônia.

Carvão e grãos

A fala de Minc ocorreu em entrevista na qual anunciou propostas para compor o plano de prevenção e controle do desmatamento e queimadas no cerrado, bioma forte na produção de grãos, em especial a soja, e de carvão para o abastecimento de siderúrgicas.

Todas essas propostas terão de passar pelo crivo de outros ministérios e do presidente antes de serem transformadas em decretos e portarias de governo –para o que não há prazo, já que se trata de ano com eleições presidenciais e de discussão sobre mudanças na legislação ambiental no Congresso.

Apesar disso, Minc insinua uma obrigação do governo. “Se [o governo] não quisesse tomar medidas fortes para proteger o cerrado, não teria adotado uma meta com a ONU de redução do desmatamento do cerrado. A gente quer que essa meta seja mais forte”, declarou.

Além da antecipação da meta, Minc propõe, por exemplo, a criação de uma espécie de “lista suja” dos municípios que mais desmatam o cerrado, assim como já existe na região amazônica. Com isso, as propriedades com problemas ambientais e fundiários nessas localidades ficariam impedidas de captar créditos oficiais.

“Alguma chiadeira vai ter, mais isso faz parte”, disse, em relação a possíveis críticas dos ruralistas a essas propostas.

Minc quer também que Lula abrace a proposta de impor 2013 como limite para que as siderúrgicas do país deixem de usar carvão de matas nativas.

Conteúdos relacionados