Partido Democrata perde maioria na Câmara dos EUA

O Partido Democrata, do presidente Barack Obama, perdeu a maioria na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), mas manteve o controle do Senado nas eleições legislativas dos Estados Unidos, realizadas ontem. Segundo parciais, o Partido Republicano conquistou mais de 39 cadeiras na Câmara dos Representantes, que antes estavam com os democratas, ganhando assi…

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O Partido Democrata, do presidente Barack Obama, perdeu a maioria na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), mas manteve o controle do Senado nas eleições legislativas dos Estados Unidos, realizadas ontem. Segundo parciais, o Partido Republicano conquistou mais de 39 cadeiras na Câmara dos Representantes, que antes estavam com os democratas, ganhando assim o controle da Casa.

No Senado, apesar de os democratas terem perdido vagas para a oposição em pelo menos cinco Estados, o partido conseguiu manter a maioria. O líder democrata Harry Reid segurou o posto no Senado por Nevada. O movimento conservador Tea Party venceu em Estados como Kentucky e Flórida, mas sua candidata mais forte, Cristine O”Donnell, perdeu a vaga no Senado para o democrata Christopher Coons.

Obama telefonou hoje para líderes democratas e republicanos do Congresso e expressou a estes últimos sua disposição a colaborar com eles, após o triunfo até agora da oposição nas eleições legislativas. A Casa Branca disse que Obama falou com a atual presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata, Steny Hoyer, assim como com os líderes das minorias republicanas na Câmara e no Senado. Obama disse que espera “colaborar para encontrar terreno comum, avançar o país e ajudar o povo americano”.

A oposição republicana fracassou em seu objetivo de conseguir a maioria do Senado nos EUA, que seguirá sob controle do Partido Democrata após as eleições de ontem, informaram as agências de notícias. Os democratas perderam cadeiras no Senado em pelo menos cinco Estados, mas garantiram a maioria na Casa graças às vitórias na Califórnia e Virgínia Ocidental.

Os republicanos conseguiram grandes vitórias, tomando cadeiras no Senado dos democratas na Pensilvânia, Wisconsin, Arkansas, Dakota do Norte e Indiana. O ganho substancial em dez delas mantém o controle dos democratas no Senado, entretanto, o Obama precisará de uma corrente democrata coesa no Senado para que sua agenda legislativa seja aprovada.

Saída

A perda do controle dos democratas na Câmara de Representantes implicará a saída da atual presidente, Nancy Pelosi, primeira mulher a ocupar o cargo e que poderia ser substituída pelo atual líder dos republicanos na Câmara, John Boehner, de Ohio. Os republicanos prometeram que com Boehner reverterão a reforma da saúde aprovada por Obama e vão iniciar cortes de impostos que, segundo eles, ajudarão a reduzir o déficit e impulsionar o crescimento.

No Senado, que renovou ontem 37 de suas 100 cadeiras, os republicanos conseguiram por enquanto as cadeiras dos democratas em Indiana, Dakota do Norte, Arkansas e Wisconsin. Os conservadores precisam de dez cadeiras para ficar com o controle do Senado, mas a maior parte das projeções indica que não alcançarão o número de 51, mínimo para a maioria.

O democrata e procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, derrotou ontem no pleito para governador do Estado seu principal rival, o republicano e membro do Tea Party Carl Paladino, segundo projeções da imprensa americana. Desta forma, Cuomo substituirá em janeiro o também democrata David Paterson, que não se candidatou neste pleito.

O procurador-geral de Nova York, de 53 anos, é filho de Mario Cuomo, que foi governador do Estado por três mandatos, e chega ao governo após derrotar Paladino, de 64 anos, um empresário ultraconservador membro do Tea Party. Nestas eleições legislativas de meio de mandato, os americanos renovam por completo a Câmara de Representantes (435 cadeiras) e 37 ocupantes do Senado (de um total de 100), assim como 37 governadores dos 50 Estados do país.

Flórida

São 37 vagas para o Senado, 435 para a Câmara, 38 eleições para governadores de Estado e milhares de cargos públicos em jogo, mas uma disputa em particular atraiu o interesse de analistas políticos americanos: a candidatura de Marco Rubio para o Senado pela Flórida.

Agora que foi eleito, o político chega ao topo da lista republicana para a corrida presidencial de 2012. O que mais chama a atenção é a semelhança entre a trajetória política de Rubio e a do presidente Barack Obama. Rubio é mais jovem do que Obama – tem 39 anos – e ninguém o levou a sério quando disse que pretendia ser candidato ao Senado pela Flórida, no ano passado. Ele é filho de imigrantes cubanos que trabalharam duro para educar três filhos, um produto perfeito do sonho americano.

Já a promotora republicana Susana Martinez conquistou o governo do Estado do Novo México, tornando-se a primeira mulher governadora de origem hispânica nos EUA, que substituirá o democrata Bill Richardson, de origem mexicana. Susana, conhecida como uma funcionária inflexível durante os 13 anos que ocupou o cargo de promotora do Terceiro Distrito Judiciário do Condado de Dona Ana, no Novo México, venceu a democrata Diane Denish, vice-governadora de Richardson.

Ela foi secretária de Energia e uma das personalidades hispânicas mais proeminentes do Partido Democrata, que conseguiu nos anos 1990 a libertação de prisioneiros americanos no Iraque e na Coreia do Norte. Martinez anunciou sua candidatura com a promessa de reduzir impostos para estimular pequenos negócios e assim gerar empregos.

Califórnia

O democrata Jerry Brown, 72, venceu a disputa com a republicana Meg Whitman e sucederá Arnold Schwarzenegger como governador da Califórnia, segundo as projeções da imprensa americana. O Estado, com déficit de US$ 20 bilhões e taxa de desemprego em torno de 12%, já foi governado por Brown entre 1975 e 1983. “Eu tenho o conhecimento e a experiência. Desta vez, temos uma primeira-dama, que não tínhamos antes. Esta será a verdadeira diferença”, disse Brown, em discurso da vitória.

O cargo de Schwarzenegger, que está há sete anos no poder, era disputado também pela ex-executiva da eBay e Hasbro Meg Whitman, sem experiência no setor público, mas que investiu US$ 140 milhões de sua fortuna na campanha. Schwarzenegger deixa o governo da Califórnia com baixo nível de popularidade.

Os californianos votaram ontem contra a legalização da maconha para uso recreativo no Estado, segundo as pesquisas de boca de urna feitas pelos meios de comunicação dos EUA. Esse resultado coincide com as últimas sondagens, as quais mostravam oposição majoritária para que não houvesse a liberação da droga para este fim, que atualmente está permitida na Califórnia apenas se houver prescrição médica no tratamento de doenças que vão desde a insônia até o câncer. Diante da derrota iminente, os idealizadores da proposta disseram que a discussão continuará aberta.

Alabama e Delaware

A democrata Terri Sewell se tornou a primeira mulher negra eleita deputada e integrará a Câmara dos Representantes pelo Estado do Alabama. Terri venceu o candidato republicano e homem de negócios Don Chamberlain. Pesquisas de boca de urna já sinalizavam que ela conseguiria cerca de três quartos dos votos válidos ontem. Assim que foi eleita, ela disse que o Estado carece de melhores empregos e mais atenção na área da saúde.

O democrata Chris Coons foi eleito para o Senado pelo Estado de Delaware, derrotando a candidata republicana Christine O”Donnell, uma das grandes figuras do movimento Tea Party. Segundo a apuração das redes de televisão, que anunciam os resultados dos pleitos nos EUA, foi confirmada a previsão das pesquisas, que mostravam O”Donnell bem atrás na preferência dos eleitores do Estado.

A derrota prejudica a pretensão dos republicanos de alcançar a maioria no Senado. Apesar do revés sofrido pelo Tea Party em Delaware, o movimento confirmou até o momento vitórias rumo ao Senado por Rand Paul (Kentucky), Marco Rubio (Flórida) e Kelly Ayotte (New Hampshire). As informações são da Associated Press.

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