Olhar feminino faz diferença na política estadual

Políticas femininas de destaque do Estado afirmam que preocupação com o social é o principal diferencial das mulheres ao fazerem política

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Políticas femininas de destaque do Estado afirmam que preocupação com o social é o principal diferencial das mulheres ao fazerem política

Na data em que se comemora 100 anos do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, mulheres de expressão na política de Mato Grosso acreditam que a presença feminina está crescendo no Estado e que ela é necessária justamente pelo olhar diferenciado que a mulher tem da vida  que acaba sendo levado para a política: um olhar voltado para o bem-estar social das pessoas.

Uma das defensoras dessa idéia é a senadora Marisa Serrano (PSDB) mais expressiva liderança feminina na política de Mato Grosso do Sul que destaca que, ás vezes, as mulheres não são compreendidas.

“Na política,ás vezes, as mulheres não são compreendidas. Querem que a gente faça política igual aos homens. Não pode ser assim. Temos que fazer política a nossa maneira”, sugere a senadora. Para ela, a mesmo na política, não se pode abandonar o sentimento maternal inerente à condição feminina.

A senadora destaca que há diferenças no modo de liderar das mulheres e dos homens. “A mulher quando está no comando de uma cidade, por exemplo, ela é quem mais agasalha a sociedade”, explica. “Os homens tem que entender isso”, propõe.

No Senado, dos 81 membros há apenas 10 mulheres, dentre elas Marisa. Apesar da pouca quantidade de lideranças feminina na política em um país cuja maioria do eleitorado é mulher, Marisa prefere ver o lado positivo.

“Nestes 100 anos de luta, houve muitas conquistas. Na política, pode ser que ainda não tenhamos descoberto nosso viés. Mas, igual aos homens não podemos ser. Do nosso jeito, somos capazes de fazer um país melhor para todos”, destaca.

Essa visão de que a ótica feminina pode trazer um diferencial para a política também é o pensamento da professora Gilda Maria dos Santos, militante do PT (Partido dos Trabalhadores) desde 1983 e que acredita que o sexto sentido e a visão global que a mulher tem da política pode fazer toda a diferença. Não só importância naquela política que é feita nos palanques, mas também naquela que é realizada nas ruas e nos movimentos sociais. Realidade que Gilda conhece muito bem, já que há 27 anos trabalha no coletivo de mulheres do PT. Este ano, ela foi convidada a ser suplente do candidato ao senado do PDT, Dagoberto Nogueira.

“A mulher tem a ótica feminina, uma visão peculiar, utiliza o sexto sentido, ela tem uma visão voltada para as políticas públicas. Por exemplo, ela quer o asfalto, mas também quer a creche para o filho dela, uma área de lazer, ou seja, ela vê o todo”.

A respeito da pouca participação política feminina em Mato Grosso do Sul, ela acredita que, assim como o Brasil, o panorama está mudando no Estado e as mulheres estão despertando e ocupando lugares na política

“Eu acredito que está começando a evoluir, nós temos mulheres que vão ser candidatas à presidência como Dilma e Marina Silva. No Estado, temos muitas mulheres militantes que participam de movimentos sociais, temos vereadoras, senadora e prefeitas, poderia cometer uma injustiça em citar nomes, mas eu vejo que está crescendo a participação política no Estado”, afirma Gilda

Já a prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (PMDB), uma das pessoas cotadas para ser a candidata a vice-governadora ao lado de André Puccinelli nas eleições deste ano, acredita que as mulheres estão começando a ganhar mais espaços, mas que isso não se deve a leis ou partidos. De acordo com Simone, essa é quase uma luta que as mulheres travam sozinhas.

“A participação política da mulher de MS na política segue a mesma linha da nacional. A participação de mulheres ocupando cargos eletivos não chega a 10%. Apesar de ter a lei do Batom que estabelece que os partidos têm que ter 30% de candidatas do sexo feminino, isso é feito, mas os partidos não dão oportunidades concretas para que elas possam disputar o poder. Elas estão evoluindo mais por seus esforços próprios”, afirma a prefeita.

Essa tendência de crescimento da participação das mulheres segundo a prefeita se deve ao aumento do número de mulheres que estão tendo acesso à educação. Crescimento que é importante, já que Simone afirma que a mulher tem um olhar diferenciado para a política e que fica evidenciado  no contexto social. Segundo Simone, a mulher não tem que fazer política somente nos partidos, mas em todos os lugares.

“A mulher está menos contaminada por interesses, enquanto o homem é mais racional, ela olha mais com o coração e, por isso, tem projetos voltados mais para o social. Eu vejo que municípios que têm mulheres como prefeitas há essa preocupação para o social. Esse crescimento da participação também é porque hoje 51% dos bancos universitários são ocupados por mulheres. Por isso, está crescendo a participação das mulheres na política e não só nos partidos, porque mulher tem que fazer política 24 horas por dia, pertencendo a partido ou não. Estamos precisando desse olhar diferenciado da mulher na política”, afirma Simone.

A primeira-dama Antonieta Trad que tem atuação ativa na política do Estado foi procurada para falar sobre o assunto, mas até o término desta reportagem estava em um evento e não deu retorno.

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