Obama incentiva Índia a dialogar com o Paquistão

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama pediu neste domingo que a Índia apoie os esforços de paz com o Paquistão, que arrefeceram desde os ataques de 2008 em Mumbai. As relações entre os dois países são vistas como cruciais nos esforços do líder americano para vencer a guerra no Afeganistão.

No segundo dia de sua visita oficial à Índia, Obama enfrenta uma corda-bamba diplomática ao tentar estreitar laços com a potência emergente, ao mesmo tempo em que auxilia o Paquistão com bilhões de dólares em assistência e promove uma paz mais ampla no Afeganistão.

Ao se deparar com uma bateria de perguntas feitas por estudantes universitários no coração financeiro da Índia, Obama adotou um tom cauteloso entre os dois países adversários e munidos de armas nucleares. O líder americano afirmou que ambos os países eram necessários para auxiliar no processo de estabilização do Afeganistão, onde milhares de soldados dos Estados Unidos lutam contra militantes.

‘Minha esperança é que, com o tempo, a confiança entre os dois países se desenvolva, que o diálogo tenha início, talvez em temas menos polêmicos, que possam dar vez a temas mais polêmicos’, disse Obama a estudantes debaixo do forte sol do meio-dia.

Os ataques de Mumbai inflamaram as tensões entre os dois rivais nucleares, que foram à guerra em três ocasiões desde a independência de1947. A Índia diz que elementos dentro do Paquistão estavam por trás dos atentados, nos quais homens armados paquistaneses mataram 166 pessoas, durante uma série de ataques realizados ao longo de 60 horas contra hotéis, uma estação de trem e um centro judaico.

A Índia imediatamente rompeu negociações de paz com o Paquistão, apesar de terem sido realizadas algumas reuniões de alto escalão no ano passado, mas que se mostraram bastante infrutíferas.

NEGÓCIOS E EMPREGOS

Obama irá visitar a Indonésia, a Coreia do Sul e o Japão durante a viagem na qual Washington vai procurar impedir que países desvalorizem individualmente as suas moedas para proteger suas exportações, um dos temas que prometem dominar a reunião dos 20 chefes de Estado que será realizada em Seul na próxima semana.

Com seu partido derrotado nas eleições para paramentares e alguns governos, Obama está tentando estimular exportações e a criação de empregos ao incentivar negócios em países como a Índia, tentando mostrar que os eleitores dos Estados Unidos têm mais a ganhar da Índia do que temer os produtos provenientes de suas indústrias terceirizadas de baixo custo.

Para isso, Obama anunciou investimentos de 19 bilhões de dólares em negócios que propiciariam a criação de 54 mil empregos nos Estados Unidos.

Mas neste domingo ele pediu que países asiáticos como a Índia abram mais suas economias para empresas americanas. A Índia restringe investimento estrangeiro em áreas essenciais, como varejo e serviços financeiros.

‘Não seria injusto para os Estados Unidos dizerem, olha, se a nossa economia é aberta a todos, os países que negociam conosco tem que mudar suas práticas para abrir seus mercados para nós. Tem que haver reciprocidade nas nossas relações comerciais’, disse Obama.

Ele acrescentou que os Estados Unidos não estão fazendo progressos de forma suficientemente rápida para conter o desemprego e que será preciso adotar ‘alguma correção de meio do caminho’, após a eleição de meio período.

‘O desemprego nos Estados Unidos está muito alto atualmente, em relação ao índice normal. Embora estejamos fazendo progressos, não estamos fazendo progresso rápido o suficiente’, afirmou.

Ainda no domingo, Obama e sua esposa, Michelle, assistiram a uma apresentação de crianças exibindo danças tradicionais. Michelle fez com que o presidente, inicialmente hesitante, se juntasse a elas, imitando seus movimentos de dança e provocando risos dos assessores da Casa Branca.

No final da tarde, Obama aterrisou em Nova Délhi e cumprimentou o primeiro-ministro Manmohan Singh com um abraço. O casal Obama e o casal Singh conversaram por alguns minutos, antes do presidente partir para uma visita a uma tumba da era Mughal. Os dois líderes teriam um encontro, à noite, na residência de Singh.