Longe de políticas sociais, crianças trabalham no aterro sanitário

Midiamax flagrou o problema e conversou com os pequenos trabalhadores: “É né… lá vem você falar que não posso trabalhar aqui” ; “(…) Tem coisas boas que chega aqui e levo para casa. Acho direto enfeite de armário”; “(…)Teve uma vez que veio um monte de caixas de chocolates vencidos no meio dos entulhos. Estava embalado e levamos para casa e comemos. Não deu nada no meu est…

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Midiamax flagrou o problema e conversou com os pequenos trabalhadores: “É né… lá vem você falar que não posso trabalhar aqui” ; “(…) Tem coisas boas que chega aqui e levo para casa. Acho direto enfeite de armário”; “(…)Teve uma vez que veio um monte de caixas de chocolates vencidos no meio dos entulhos. Estava embalado e levamos para casa e comemos. Não deu nada no meu estômago”

“É né… lá vem você falar que não posso trabalhar aqui”

“Tem coisas boas que chega aqui e levo para casa. Acho direto enfeite de armário”.

“Teve uma vez que veio um monte de caixas de chocolates vencidos no meio dos entulhos. Estava embalado e levamos para casa e comemos. Não deu nada no meu estômago”

(W., de 12 anos, pequeno trabalhador do ‘Lixão’ do Jardim Noroeste)

Filhos de pais carentes, sem estudo. Crianças ajudam as famílias a coletar material de canteiros de obras que são jogados no lixo. Elas empurram sacos pesados e puxam fardos que carregam nas costas. Muitos já deixaram os estudos e hoje, ficam expostos ao sol, a ponto de ficar doente ou de pegar alguma contaminação que vem pelo ar na poeira do aterro.

O Midiamax flagrou essa situação no aterro sanitário reservado para entulhos, localizado na Rua Bartolomeu, na região do Jardim Noroeste, no chamado Jardim Leon.

Lá, trabalham cerca de 30 pessoas. Passam pelo local todos os dias até 400 caminhões e carretas que despejam toneladas de entulhos.

Com pouca instrução e estudos, o pai Robson (*), 38, não encontra lugar no mercado de trabalho e busca no aterro sanitário a sobrevivência. Ele trabalha há sete meses no meio do ‘poeirão’ para sustentar quatro filhos e a esposa gestante de oito meses.

O menino R., 10, um dos filhos dele foi flagrado no local. Pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no Brasil todas as crianças têm que estudar. O trabalho infantil é crime e cabe ao Estado dar condições para que a família proteja seus filhos.

ECA versus realidade

O menino coletava plástico, garrafas e latinhas em meio ao entulho, vigiado pelos olhos do pai. O garoto não estuda e trabalha para ajudar no sustento da família.

“Ele não esta estudando porque perdemos o prazo da matrícula. Agora, é só ano que vem. Ele parou na 3ª série. Hoje, ele deve ganhar cerca de R$ 15 por dia. Ele gosta de vim para cá, ele compra salgado e doces e outras bobeiras que sente vontade de comer e acaba comprando os brinquedos que não posso comprar ”, argumenta o pai.

O menino disfarçou e ‘saiu de fininho’ do local quando percebeu os flashes da lente seguindo os passos dele no trabalho.

“ Moramos no Jardim Noroeste e a minha esposa está grávida e tem que ficar em casa cuidando dos meus outros filhos. Não vou dizer que apoio as crianças trabalhar aqui no aterro sanitário mas não posso dizer que ele ajuda quando vem trabalhar aqui.Como ele compra as coisinhas dele e menos gasto. Além dele, tenho outra menina de seis anos que também não esta estudando. Ela não vem trabalhar aqui. Quando chego em casa ela sempre pede alguma coisa tipo um lanche um salgadinho e o meu filho [irmão da menina] acaba comprando e repartindo com ela”, detalha o pai.

O trabalhador informal diz que recebe em média R$ 20 a R$ 30 por dia no aterro. “Tenho que comprar comida, remédios, leite e pagar todas as contas de casa. Não é fácil. O Conselho Tutelar já veio aqui no aterro sanitário. Ele [filho] corre e vai embora para casa. Só tenho medo dele pegar alguma doença por ter contato com os destroços que são despejados aqui”, disse o pai.

Infância destruída

Os irmãos W., 12, e G.,14, também trabalham de segunda a sexta-feira. Eles estavam no meio do aterro e correram para dentro de uma cabana feita de madeira, construída com o entulho encontrado no local.

Eles fizeram um intervalo para comer uma sopa de legumes que trouxeram de casa. “É né… lá vem você falar que não posso trabalhar aqui”, disse o garoto de 12 anos.

Já o outro garoto de 14 anos ficou mais a vontade e disse que ele e o irmão trabalham ‘só’ no período da manhã e que no à tarde vão para a escola. “A gente vem aqui por livre e espontânea vontade. Não temos pai, moramos com a nossa mãe que trabalha de doméstica e ganha um salário mínimo e não sobra dinheiro para comprar roupas e tênis. Temos um irmão mais velho de 16 anos, mas ele não gosta de vim para cá e só fica pedindo as coisas para a nossa mãe”.

“Eu tenho guardado R$ 30 para comprar um Playstation usado de um amigo meu que custa R$ 80. Daqui a pouco já estou indo embora. Eu coleto papelão e plástico e vendo tudo em uma fabrica de reciclagem. Hoje, eu acho que eu tiro uns R$ 15 por dia. E vou guardar até comprar o meu Play 1”.

“Tem coisas boas que chega aqui e levo para casa. Acho direto enfeite de armário. Teve uma vez que veio um monte de caixas de chocolates vencidos no meio dos entulhos. Estava embalado e levamos para casa e comemos, não deu nada no meu estômago”.

Sonho

“ À tarde vou estudar estou na 6° serie, na minha sala de aula é só eu que trabalho. Quando chegam aqueles Conselhos [Conselheiros tutelares] aqui eu corro. Eles querem tirar a gente da nossa mãe. Todo mundo fala que é errado eu trabalhar mais vou ficar em casa fazendo o que? O meu sonho é ter carreira militar”, disse W.G, de 14 anos.

O outro menino não quis muita conversa e só ficava prestando atenção mais disse que o sonho é ser medico veterinário.

Conteúdos relacionados