Imigrantes são excluídos dos benefícios da Copa na África do Sul

Uma igreja no centro de Joanesburgo reúne toda noite africanos que não têm o que comemorar com a Copa do Mundo. O prédio de seis andares, localizado em uma das regiões mais perigosas da cidade, abriga diariamente cerca de 1,5 mil pessoas que, segundo elas mesmas, foram excluídas dos benefícios trazidos pelo Mundial sediado pela […]

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Uma igreja no centro de Joanesburgo reúne toda noite africanos que não têm o que comemorar com a Copa do Mundo. O prédio de seis andares, localizado em uma das regiões mais perigosas da cidade, abriga diariamente cerca de 1,5 mil pessoas que, segundo elas mesmas, foram excluídas dos benefícios trazidos pelo Mundial sediado pela África do Sul.

Lá, todos os dias, imigrantes vindos de Moçambique, Malawi, Quênia, Ruanda e, principalmente, Zimbábue se encontram a partir das 18h. Assistem a um culto e, logo depois, se amontoam em salões, corredores, escadarias ou em qualquer canto em que possam dormir.

Passam ali a noite inteira, muitos deles deitados sobre pedaços de papelão. Expostos a doenças, assaltos, violência ou abusos, eles esperam por uma oportunidade que a primeira Copa realizada no Continente Africano ainda não os ofereceu.

“Aqui, nós dormimos com medo, vivemos com vergonha por causa de nossas crianças”, diz Mississe Owve, zimbabuana que dorme com seus filhos na Igreja Metodista Central todos os dias.

Ela tem seis crianças e nenhum emprego. Diz que, durante as noites na igreja, ela e seus filhos convivem com a prostituição e sexo. Contudo, ainda frequentam o local pois não têm outro lugar para dormir.

David Ljekesa também nasceu no Zimbábue. Caminhou duas semanas para chegar em Joanesburgo e, desde então, dorme na igreja. “Aqui não é bom, mas é melhor que no lá”, diz ele, lembrando da probreza em que viveu em sua terra natal.

Segundo o bispo Paul Verry, responsável pela igreja, os imigrantes que dormem no local, em sua maioria, não têm autorização para trabalhar na África do Sul. Apesar de poderem entrar legalmente no país, sofrem com restrições ao tentar tirar seu visto de trabalho. Por isso, dependem de ajuda.

Ele admite que o local não tem estrutura para receber os imigrantes. Porém, complementa: “Para onde é que eles vão? Vivemos um dilema. Ou eles ficam na igreja expostos a todos os problemas que existem aqui ou ficam na rua, com todos os problemas que a rua tem”.

Givemore Nhidza, presidente da Fundação para os Zimbabuanos na África do Sul, também considera as noites na igreja um mal necessário para muitos imigrantes. Ele, que também frequenta o local, diz estar orgulhoso pelo fato de a África do Sul sediar um evento como a Copa do Mundo. Contudo, se diz triste por este mesmo evento não contribuir em nada com a vida dele e de outros. “Fico feliz pela África, mas a Copa não me ajuda em nada”.

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