Eleições no Haiti preocupam famílias de militares corumbaenses

  Completando no sábado, 27 de novembro, três meses que os 60 militares de Corumbá partiram para integrar a Força de Paz da ONU no Haiti, a reportagem deste Diário conversou com algumas famílias para saber como tem sido a rotina dos militares corumbaenses naquele país, de que forma amenizam a saudade e como estão […]

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Completando no sábado, 27 de novembro, três meses que os 60 militares de Corumbá partiram para integrar a Força de Paz da ONU no Haiti, a reportagem deste Diário conversou com algumas famílias para saber como tem sido a rotina dos militares corumbaenses naquele país, de que forma amenizam a saudade e como estão lidando com as preocupações em relação à epidemia de cólera no país e às eleições que ocorrerão no próximo domingo, dia 28. As famílias disseram que as condições dos soldados são boas, e que a maior preocupação é em relação à eleição marcada para 28 de novembro.

O presidente do Haiti, René Préval, confirmou as eleições para eleger o sucessor e representantes legislativos. “A minha maior preocupação com meu filho, é em relação às eleições do dia 28, pois há muita divergência entre os partidos, há diariamente atentados e confrontos, como ele me relata nas conversas pelo MSN [programa de mensagens instantâneas pelo computador em tempo real]. É um risco constante. Sei que meu filho foi preparado para tudo e que tem acesso aos melhores equipamentos, mas, é incontrolável a aflição”, relatou Mery Taborda Monteiro, 42 anos, mãe do soldado corumbaense Edilson Taborda Monteiro, 22 anos.

O contingente militar brasileiro está se preparando para ajudar na segurança dos centros de votação, no transporte das urnas e na apuração. São 1.494 centros de votação no Haiti, com um total de 4 milhões e meio de eleitores. Dezenove candidatos disputam a presidência. A escolha democrática de um novo governante tem sido apontada como um passo importante para a estabilização política do país. E nesse ano marcado por tragédias, o povo haitiano que não é obrigado a votar, vive também a expectativa de saber quem vai assumir o governo e o que será feito com as doações internacionais prometidas ao país. Espera também medidas concretas de reestruturação, para que possa aos poucos retomar a vida e os sonhos, como destacou o jornal A Gazeta do Povo.

Cólera

As mães dos militares de Corumbá disseram que estão tranquilas mesmo com o avanço da epidemia. Elas sabem que há todo o atendimento necessário para eles. “Em relação à cólera não me preocupo, pois meu filho me diz que em relação à assistência médica, os soldados brasileiros estão bem assistidos e com todas as vacinas em dia”, enfatizou Mery ao Diário. Segundo comunicado do Ministério da Saúde haitiano, a cólera provocou 1.415 mortos desde o início da epidemia em meados de outubro e mais de 25 mil internações hospitalares.

As famílias conseguem entrar em contato com os soldados por telefone e através da internet, contou Mery. “Conversamos todos os dias com o Edilson pela internet. Por causa dele, tive que aprender a manusear o computador, a entender de conversas em MSN, Orkut, coisas que não me interessavam, mas que devido a distância tive de aprender. É muito boa a sensação de poder ver, conferir que meu filho está bem e o principal, que está feliz com o que está fazendo, ajudando ao próximo”, salientou.

Já Rosemeire Barros Miranda, 50 anos, mãe do soldado Paulo César Barros Miranda, 24 anos, se diz satisfeita e com o coração em paz, diante dos relatos do filho. “Quando meu filho me disse que iria para o Haiti, não me desesperei, apenas entreguei nas mãos de Deus, pois se ele o escolheu e se aceitou é porque ele é capaz. Hoje em dia, estou muito satisfeita, pois nas ligações, meu filho relata o quanto as situações pelas quais passa estão o ajudando a amadurecer. Ele resolveu, inclusive, frequentar uma igreja evangélica próximo ao alojamento. Para mim, que sou evangélica, é uma grande vitória, estou muito feliz pelo fato de meu filho estar ajudando quem mais precisa. Acredito que assim como as outras famílias, apenas ficamos preocupados com as eleições que irão acontecer no país ”, disse emocionada.

Oportunidades

Em visita a última família, a do soldado Izan Eduardo da Silva Filho, 22 anos, a mãe dele ressaltou que o filho está tendo a oportunidade de visitar outros locais, além de aprender a conviver com as dificuldades.

“Meu filho me liga diariamente e conversamos por um bom tempo. Sinto no tom de voz dele, o quanto ele está sensibilizado com as situações de pobreza, das dificuldades enfrentadas por aquele povo. Ele está mais calmo, mais atencioso, é uma pessoa mais amável, pelo que conversamos. Ele conta que é doloroso ver o quanto de dificuldades a população passa e afirma fazer o melhor possível em sua missão’, relatou Elizabeth Odete da Silva, 50 anos.

Diante de tanto esforço, os soldados também acabam sendo compensados algumas vezes, como disse Elizabeth. “Essa missão propiciou diversas oportunidades ao meu filho. Ele me contou que já visitou muitos lugares bonitos, como as praias do Caribe, e que esta semana ainda deve conhecer Miami. Nunca imaginei que um dos meus filhos chegaria a um lugar tão longe. É um orgulho ver o quanto ele está empenhado em se doar nesta missão e o quanto de oportunidades de enriquecimento cultural ele está tendo”, concluiu.

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