Dilma Rousseff tem o desafio de conquistar o voto das mulheres

Pérolas e contas. Ministra e candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff é famosa pela habilidade com os números. Agora tenta mostrar intimidade também com o universo cor-de-rosa. Dilma insiste que pode ser mais feminina. Trocou os tons sóbrios pelas cores vivas. Personalizou discursos e reúne amigas – seja em blogs ou em almoços. Ainda […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Pérolas e contas. Ministra e candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff é famosa pela habilidade com os números. Agora tenta mostrar intimidade também com o universo cor-de-rosa. Dilma insiste que pode ser mais feminina. Trocou os tons sóbrios pelas cores vivas. Personalizou discursos e reúne amigas – seja em blogs ou em almoços. Ainda assim, não conseguiu se aproximar das mulheres. Última pesquisa divulgada, a CNI/Ibope, mostra que a chefe da Casa Civil está a 12 pontos percentuais de diferença de seu adversário nas urnas, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), no conjunto das eleitoras. Ele tem 37% das intenções de voto contra 25% de Dilma. Integrantes da campanha da ministra articulam para os próximos meses ações para agradar às brasileiras e tirar, de uma vez por todas, a imagem de durona da ministra.

Dilma é economista. Foi secretária municipal da Fazenda em Porto Alegre, secretária estadual de Minas e Energia e em 2002 foi indicada para o cargo de ministra de Minas e Energia. Com a crise do mensalão e a saída de José Dirceu da Casa Civil, assumiu o posto. É conhecida pelo temperamento forte. Chegou a dizer que era a única durona no meio de “homens fofos”, em referência aos colegas de governo.

Mantém a defesa das mulheres, mas ultimamente evita o tom feminista. “Vamos ter um Brasil formado por homens e mulheres livres, homens e mulheres cidadãos igualmente responsáveis para construir não apenas um país, mas uma civilização brasileira. Para isso, as mulheres são imprescindíveis”, disse durante evento em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres. Naquele dia, Dilma tentou se aliar às mães trabalhadoras, destacando feitos deste governo. “Com mais créditos que demos por este país afora, com menos juros e impostos menores, cada vez mais mulheres puderam comprar lava-roupas, micro-ondas, aspirador de pó e conquistar tempo livre, tempo para terem suas atividades como cidadãs e como seres humanos plenos.”

Cultura patriarcal

Pesquisa realizada pelo Observatório de Gênero, do governo federal, revela alguns dos motivos para baixa participação das mulheres na política. Entre eles, a persistência da cultura patriarcal que associa homens ao espaço público e mulheres ao espaço privado, o peso do poder econômico no processo eleitoral e o custo crescente das campanhas favorecendo as candidaturas masculinas, o pouco tempo dedicado à ação política pelas mulheres, em grande parte pela sobrecarga de responsabilidades e as trajetórias políticas das mulheres, menos consolidadas relativamente às dos homens.

Em seus discursos, Dilma garante que o Brasil está preparado para ter uma mulher presidente. “E as mulheres, em geral, também estão preparadas para isso”. A ministra sabe o desafio que tem pela frente. Assim como ela, as eleitoras são exigentes. A pesquisa CNI/Ibope revelou que em todas as áreas analisadas deste governo: taxa de juros, combate ao desemprego, segurança pública, combate à inflação, fome e pobreza, impostos, meio ambiente, saúde e educação o índice de reprovação das mulheres foi maior.

Conteúdos relacionados