Criança fica tetraplégica depois de cirurgia para retirar hérnia

Cirurgia ocorreu um ano atrás e, desde então, o menino Gustavo, 7, se comunica apenas com os olho; a mãe dele mudou-se para o hospital para cuidar do filho. Entidade vai mover ação por erro médico

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Cirurgia ocorreu um ano atrás e, desde então, o menino Gustavo, 7, se comunica apenas com os olho; a mãe dele mudou-se para o hospital para cuidar do filho. Entidade vai mover ação por erro médico

Gustavo Vicente, 7 anos, está vivendo em estado praticamente vegetativo, no Hospital Regional do município de Amambai, cidade sul-mato-grossense que fica perto da fronteira com o Paraguai. O garoto apresentou um quadro de coma e diagnóstico de paralisia cerebral irreversível, depois de passar por uma intervenção cirúrgica para retirada de uma hérnia, no hospital público do município, em setembro do ano passado.

A mãe da criança, Rosimar Vicente afirma que o filho chegou ao hospital, que na época era mantido por uma associação beneficente, caminhando normalmente e conversando, por volta das 15h do dia 13 de junho de 2009. Depois de aproximadamente quatro horas, ela foi chamada até o centro cirúrgico, onde seu filho parecia estar dormindo, mas na verdade estava em coma e havia sofrido uma parada cardíaca durante o procedimento médico, que deveria durar aproximadamente 40 minutos.

A mãe conta que foi procurada por um pediatra quatro horas depois de seu filho ter entrado na sala para a cirurgia. Rosimar afirma que questionou o médico que fez a intervenção cirúrgica, Macedônio Miranda, mas ele saiu da sala e sugeriu que ela pedisse explicações para a anestesista Janice.

Segundo ela, uma anestesista identificada apenas pelo nome de Janice Tanaka disse que Gustavo tinha sofrido uma “paradinha {cardíaca} e que se não acordasse até as 21h o garoto seria encaminhado para Dourados. “O diretor do Hospital na época (Dr. Bandeira), também foi ao Centro Cirúrgico e disse para a anestesista que o melhor era pedir logo uma vaga para Dourados, pois meu filho não estava bem”, relata a mãe.

Gustavo foi encaminhado para Dourados, mas ao invés da agonia da família acabar, na verdade, aumentou mais ainda, pois os plantonistas recusaram atender o menino, alegando que no Hospital do Trauma da cidade não havia CTI pediátrico. Na esperança por uma solução, a família ainda permaneceu por aproximadamente uma hora em frente ao hospital esperando por um encaminhamento para a Santa Casa de Campo Grande, fato que aconteceu apenas as 1h30 da madrugada do dia 14 de julho.

Quando Dourados confirmou a vaga, a família viajou até Campo Grande e, por volta das 03h40 do dia 14 de julho chegaram a Santa Casa. “Meu filho foi para o CTI apenas as 05h, pois não avisaram ao pediatra plantonista que iria chegar uma criança entubada. Por isso, não foi preparado um local para meu filho”, relata a mãe. Gustavo ficou internado 27 dias entre CTI e enfermaria semi-intensiva. O retorno para Amambaí foi em 1º de setembro do ano passado.

Desde a transferência de Gustavo para Amambai, ele e a mãe estão morando no Hospital Regional da cidade. Rosimar conta que montou “uma casa” no quarto onde está seu filho. Lá ela faz as refeições oferecidas pelo hospital, toma banho e acompanha o filho que só se comunica piscando. “Ele não mexe um dedo. Quando quero saber se quer uma coisa falo: filho pisca o olho se você quer água, tomar banho, assistir TV”, diz.

Antes do fato que vitimou Gustavo, Rosimar trabalhava fora de casa, mas agora sua vida é de dedicação ao filho. Ela conta que tem outros dois filhos, sendo que o maior {14 anos} fica com a avó materna e o menor {6 anos} com o pai, pois o casal se separou.

A mãe disse que o filho está sem atendimento de fonoaudiologia e fisioterapia há mais de 15 dias, mas ele precisa destes tratamentos diariamente. Segundo ela, os dois profissionais reponsáveis pelo atendimento estão de férias. “Mesmo quando estavam atendendo, o serviço era duas vezes por semana, o que é insuficiente. Outra dificuldade enfrentada é o fornecimento de fraldas: o hospital repassa 4 pacotes por mês mas a necessidades são de 12 mensalmente.

Faço um apelo para quem puder me ajudar tanto na doação de fraldas, quanto profissionais médicos. Sei que o quadro de saúde do Gustavo é complicado, mas tem reabilitação. Em Campo Grande, tem um centro que pode atender, mas pra mudar pra Capital precisamos de amparo pra nos sustentar também”, finaliza.

A Associação das Vítimas de Erros Médicos está preparando uma ação contra o hospital onde Gustavo foi operado. Detalhes não foram repassados pelo jurídico da entidade. Quem puder colaborar com Gustavo pode entrar em contato com a mãe Rosimar (8174-6267).

 

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