Comando do PT pede que ministra ‘traduza’ PAC para eleitores

Às vésperas de deixar o governo para assumir de vez o papel de candidata do PT à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi mais uma vez orientada pelo comando de sua campanha a “traduzir” o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o cotidiano da população. Tanto é assim que, na cerimônia […]

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Às vésperas de deixar o governo para assumir de vez o papel de candidata do PT à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi mais uma vez orientada pelo comando de sua campanha a “traduzir” o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o cotidiano da população. Tanto é assim que, na cerimônia de lançamento da segunda edição do PAC, no fim da manhã de hoje, Dilma deverá substituir termos técnicos usados no passado por explicações didáticas.

Do palco da festa governista para o palanque, porém, a ordem é caprichar ainda mais nesta “tradução”. Se seguir à risca a recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em breve Dilma estará incorporando gente do povo em seus discursos, citando, por exemplo, a creche do filho de dona Maria, o córrego canalizado na rua de dona Josefa e assim por diante.

O foco da nova etapa do PAC em grandes centros urbanos também foi cuidadosamente planejado para a campanha, que será reforçada na região Sudeste, onde a ministra ainda tem desempenho aquém das expectativas.

Pesquisas em poder do governo e da cúpula do PT indicam que o nível de satisfação de moradores de capitais em relação a temas como educação, saúde, segurança pública e transporte está, em média, 15 pontos abaixo do observado na comparação com habitantes de cidades do interior.

O problema é que, além de Dilma não ser identificada como candidata de Lula por quase metade do eleitorado, o PAC é um ilustre desconhecido e não anda tão bem assim das pernas.

Um relatório reservado que chegou no início do ano às mãos da ministra, intitulado Sinais de Alerta do PAC, constatava que a “implementação” do programa estava “problemática” porque sobravam “recursos disponibilizados” para o plano. Gerente do governo, Dilma distribuiu broncas na equipe e cobrou empenho na execução das ações de infraestrutura logística, energética, social e urbana.

Lula e a “mãe do PAC” vivem dizendo que governos passados não investiram em saneamento porque manilhas “embaixo da terra” não rendem votos. Agora, o desafio da candidata petista – que passa o bastão da Casa Civil na quarta-feira para Erenice Guerra, atual secretária-executiva – é mostrar o que de fato saiu do papel no PAC.

Os investimentos da segunda temporada do programa, que chegam à astronômica cifra de R$ 1 trilhão – incluindo aí projetos inacabados do primeiro plano – são para o período de 2011 a 2014. Trata-se, portanto, de um manifesto de intenções para ser posto em prática – ou não – por quem ganhar a eleição de outubro.

Tanto Dilma quanto o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula, são adeptos do desenvolvimentismo, mas cada um vai calibrar o discurso do Estado forte à sua maneira. No mês passado, o deputado Ricardo Berzoini (SP), então presidente do PT, chegou a dizer que um eventual governo Dilma seria “mais à esquerda, mas não mais esquerdista” do que o comandado por Lula.

Depois disso, o 4.º Congresso do PT apimentou ainda mais as diretrizes da plataforma de sua candidata. Há, porém, um PMDB guloso no meio do caminho, que promete pôr os pingos nos is em tudo. Mesmo que seja só para inglês ver.

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