CNPq libera R$ 51,7 milhões para pesquisa em biodiversidade
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou um edital de R$ 51,7 milhões para financiar projetos de pesquisa voltados para o conhecimento e a conservação da biodiversidade brasileira. Trata-se do primeiro esforço de financiamento para colocar em prática o recém-criado Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbio-Brasil), um programa na…
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O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou um edital de R$ 51,7 milhões para financiar projetos de pesquisa voltados para o conhecimento e a conservação da biodiversidade brasileira. Trata-se do primeiro esforço de financiamento para colocar em prática o recém-criado Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbio-Brasil), um programa nacional inspirado no Biota-Fapesp, o bem-sucedido programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que há mais de dez anos estuda a composição da biodiversidade paulista e propõe estratégias científicas para conservá-la.
“Com isso cumprimos mais uma das metas importantes do Biota, que previa a replicação de nosso modelo em outros estados, regiões e, finalmente, um programa nacional de pesquisa em caracterização e conservação da biodiversidade”, disse ao Estado o biólogo Carlos Joly, da Unicamp, que coordena o programa estadual. “Tarefa cumprida! Agora é trabalhar e torcer para que esta iniciativa federal tenha o mesmo sucesso do Biota.”
Desde que foi lançado em 1999, o programa da Fapesp já apoiou 94 grandes projetos de pesquisa, que resultaram na descrição de aproximadamente 1.800 novas espécies vegetais e animais do Estado de São Paulo. Também adquiriu e depositou informações sobre 12.000 espécies e digitalizou e disponibilizou online informações sobre 35 grandes coleções biológicas da biodiversidade brasileira. Números que constam de um artigo recente publicado na revista Science, exaltando o sucesso do programa e apresentando-o como um modelo a ser seguido para estudos da biodiversidade.
O Sisbio-Brasil, lançado em julho deste ano, visa a fazer pelo Brasil o que o Biota fez por São Paulo. Como diz o edital do CNPq: “Estima-se existir em nosso País pelo menos dois milhões de espécies distintas, enquanto são conhecidas cerca de duzentas mil, ou seja, conhecemos apenas 10% das espécies que possuímos. A insuficiência de conhecimento científico de vários aspectos importantes da biota brasileira, contrastando com a perda acelerada de hábitats e com outras mudanças ambientais globais, é particularmente preocupante. Torna evidente a necessidade de novas estratégias que contribuam para acelerar os inventários da biota, que compilem e disponibilizem as informações existentes, e que visem a conservação e aplicação de práticas de manejo que possam aumentar a resiliência dos ecossistemas e reduzir os impactos decorrentes das mudanças ambientais e de outros estressores.”
O texto ressalta ainda a ameaça das mudanças climáticas e a necessidade de valorizar os serviços ambientais prestados pela biodiversidade: “Como extensão do conhecimento da biodiversidade, há uma crescente demanda para o desenvolvimento de produtos e a valoração de serviços ambientais. De acordo com os cálculos existentes até o momento, se por um lado avalia-se os serviços prestados pela biodiversidade brasileira em 2 trilhões de dólares por ano, bem maior que o valor do Produto Interno Bruto do país, por outro temos que cerca de 60% dos ecossistemas do planeta não são mais capazes de prover os serviços ecológicos dos quais o homem depende, tais como produção de alimento, água potável e controle do clima. Este cenário coloca o Brasil como importante protagonista mundial, atual e potencial para o desenvolvimento sustentável do planeta, sendo por isso estratégico estimular e fomentar a pesquisa nesta área.”
O edital está dividido em três “chamadas”, organizadas por temas: Chamada 1 – Sínteses e Lacunas do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira, com propostas financiáveis até R$ 600.000; Chamada 2 – Pesquisa em Redes Temáticas para Ampliação do Conhecimento sobre a Biota, o Papel Funcional, Uso e Conservação da Biodiversidade Brasileira, com propostas financiáveis entre até 2.000.000; e Chamada 3 – Pesquisa em Redes Temáticas para o Entendimento e Previsão de Respostas da Biodiversidade Brasileira às Mudanças Climáticas e aos Usos da Terra, com valor máximo de financiamento por proposta de até R$ 650.000.
Os projetos devem ser submetidos até o dia 18 de outubro.
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