Carta geotécnica aponta condições de solo, mas não faz proibições, diz secretário
O secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação de Campo Grande, João Antônio De Marco nega que os desastres ocorridos na região do Prosa, onde a erosão destruiu parte da Avenida Ricardo Brandão após intensa chuva no final de fevereiro, decorram de desrespeito a Carta Geotécnica da cidade elaborada na década de 90. Conforme o secretário, […]
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O secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação de Campo Grande, João Antônio De Marco nega que os desastres ocorridos na região do Prosa, onde a erosão destruiu parte da Avenida Ricardo Brandão após intensa chuva no final de fevereiro, decorram de desrespeito a Carta Geotécnica da cidade elaborada na década de 90.
Conforme o secretário, que vistoriou as obras nesta manhã, o documento aponta as condições de solo da cidade, mas não faz quaisquer restrições a construções onde quer que seja.
O secretário não admite, por exemplo, que condomínios tenham sido construídos em locais propensos à erosão, como apontam técnicos que atuam na Capital e contestam as construções de condomínios nas regiões dos Córregos Prosa e Sóter, áreas atingidas pela catástrofe no mês passado.
O assoreamento dos Córregos Prosa e Sóter seria, segundo especialistas, uma conseqüência da ocupação nas nestas regiões. Mas, De Marco não considera que apenas o tipo de solo seja o responsável pelo assoreamento, prefere culpar o “crescimento da cidade”.
“A impermeabilização destes córregos é real e decorre do crescimento da cidade. As pessoas constroem casas e cimentam o quintal. Aí a água das chuvas vai para onde? Para os córregos que já não suportam mais. O Córrego Prosa não agüenta mais Campo Grande”, atesta.
Conforme De Marco, as construções nas regiões dos córregos obedeceram a legislação vigente na cidade. “Uma empresa quando constroi um prédio não age como se tivesse escolhendo bananas na feira. O investimento é muito alto. É claro que as condições de solo e a lei são verificadas”, defende o secretário.
O especialista em planejamento urbano e professor de Arquitetura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângelo Arruda, já havia alertado sobre a falta de condições do solo na Bacia do Prosa em entrevista ao Midiamax no dia após a destruição. Articulista do Midiamax, ele tem opinião diferente da De Marco.
Ele aponta que “o Plano Diretor da cidade não tem sido respeitado”. Já o secretário da prefeitura, como se viu, não admite o desrespeito apenas o crescimento natural da cidade.
Para o arquiteto, na Rua Ricardo Brandão, perto da região da Câmara Municipal, aos arredores do shopping Campo Grande, área mais afetada, a prefeitura tem autorizado a construção de prédios, sem se preocupar com a ocupação do solo. Arruda disse que cada edificação deve deixar uma espaço livre, no caso, segundo ele, para absorver a água da chuva.
“Sem espaço todo o volume da água cai sobre o trecho canalizado do córrego Prosa, que não suporta e aí aparecem os danos”, disse o especialista.
“A cidade precisa parar e encontrar um caminho para o seu desenvolvimento. O Plano Diretor precisa ser respeitado, caso contrário a população vai continuar sofrendo as conseqüências pela falta de planejamento”, disse ele.
O Plano Diretor é um instrumento criado para orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbanos.
Plano Diretor de Drenagem
Conforme De Marco, que nega imperícia ou má-gestão da administração municipal, destaca que a prefeitura está em fase de elaboração do Plano Diretor de Drenagem.
O plano prioriza o conceito de sustentabilidade, com impactos reduzidos ao meio ambiente. “Este assunta ainda vai ser amplamente discutido”, disse. A prefeitura também pretende construir mais duas barragens no córrego Sóter. Também são necessárias intervenções no Parque das Nações Indígenas e na área de reserva entre as avenidas Mato Grosso e Ceará.
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