Bovespa fecha no maior nível em 23 meses

Os mercados mundiais, sem exceção da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), repercutiram hoje uma sequência de bons números da economia americana, o que estimulou o apetite por risco dos investidores. A Bolsa brasileira emendou o seu sexto dia consecutivo com valorização das ações, batendo o seu nível de preços mais alto desde 2 […]

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Os mercados mundiais, sem exceção da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), repercutiram hoje uma sequência de bons números da economia americana, o que estimulou o apetite por risco dos investidores.

A Bolsa brasileira emendou o seu sexto dia consecutivo com valorização das ações, batendo o seu nível de preços mais alto desde 2 de junho de 2008, data anterior à pior fase da crise mundial. E nesse patamar, a Bolsa brasileira se encontra a um salto de apenas 3,1% de seu patamar recorde. Somente nos últimos seis pregões, o índice de ações subiu mais de 4%.

O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 0,22% no fechamento, aos 71.289 pontos. O nível histórico desse índice é de 73.516 pontos, registrado em 20 de maio de 2008, pouco depois do país ter sido alçado ao nível de “grau de investimento”. O giro financeiro foi de R$ 5,27 bilhões.

Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,43%. Hoje, as Bolsas europeias não operaram.

O dólar comercial foi cotado por R$ 1,763, em um declínio de 0,33%. A taxa de risco-país marca 171 pontos, número 6,55% abaixo da pontuação anterior.

A Bolsa de Valores teve uma recuperação importante no mês de março, valorizando quase 6% no período, a reboque dos acordos da comunidade europeia e do FMI para ajudar a Grécia. Analistas também mencionam os reajustes do minério de ferro, que têm forte influência tanto nos mercados europeus quanto na Bovespa.

Nesse cenário, a Bolsa tem chances importantes de, pelo menos, voltar ao nível histórico dos 73 mil pontos, ainda no curto prazo. Para o final do ano, gestores de investimentos projetam o Ibovespa entre 80 mil e 81 mil pontos, pensando nas projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), na casa dos 5% ou até mais.

Analistas, no entanto, observam que a Bolsa ainda deve passar por um período de muita volatilidade.

“Eu tenho dúvidas muito fortes em relação ao crescimento do emprego nos EUA. Quer dizer, o dado da semana passada foi bom, mas nós ainda temos mais de 8 milhões de pessoas que precisam recuperar o trabalho, somente para voltar aos níveis de 2008”, avalia o superintendente da Banif Corretora, Raffi Dokuzian.

Dokuzian também nota que a situação na Europa, embora um pouco mais tranquila, não deixa de preocupar o mercado. Os países em situação mais problemática ainda precisam mostrar alguma melhora na situação das contas públicas, uma exigência das demais nações para a ajuda. “O fato do país traçar um plano de redução do deficit fiscal não significa que vai conseguir cumprir esse plano”, ressalta.

O analista da corretora Geral, David Brusque, nota que há muita gente no mercado “vendida”, isto é, que está apostando na baixa da Bolsa de Valores. “No curto prazo, nós temos o vencimento das dívidas de alguns países em situação mais delicada, como o Dubai, e muita gente pode aproveitar esse motivo para realizar lucros [vender]. Além disso, algumas ações já subiram bastante, como os papéis da Vale, das siderúrgicas e mesmo dos bancos”, comenta.

EUA

Entre as principais notícias do dia, duas pesquisas privadas americanas surpreenderam o mercado positivamente. O índice do instituto ISM apontou a maior expansão do setor de serviços desde 2007 nos EUA. E a NAR (associação de corretores) contabilizou um crescimento de 8,2% nas vendas pendentes de imóveis no mês de fevereiro.

O mercado também repercute as cifras divulgadas na sexta (quando não houve pregão) pelo Departamento de Trabalho dos EUA. O órgão anunciou a abertura de 162 mil vagas (já descontadas as demissões) para o mês de março, o maior número em três anos. A taxa de desemprego permaneceu em 9,7%.

Apesar do número ficar abaixo das projeções (entre 180 mil e 190 mil), economistas comemoram a revisão das cifras para janeiro e fevereiro, que apontaram perda menor e até mesmo criação de postos de trabalho.

No front doméstico, o boletim Focus, elaborado pelo BC, mostrou que os economistas revisaram suas projeções para a inflação deste ano, de 5,16% para 5,18% (mediana das estimativas do IPCA). Trata-se da 11ª semana em que a expectativa para a inflação do ano sobe.

A Fipe-USP apontou inflação de 0,34% em março, ante 0,74% em fevereiro, no município de São Paulo, pela leitura do IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Já o índice de inflação semanal da FGV, o IPC-S, detectou uma variação de preços de 0,86% no mês de março, ante elevação de 0,68% em fevereiro.

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