Projetos e paixões sempre nortearam a vida do advogado cuja trajetória passa por Três Lagoas, Corumbá, Fátima do Sul, Vicentina e Dourados

Agora quem dá bola é Arfux. Ele sempre foi campeão no amor, na vida e na profissão e, agora, quando chega aos sessenta anos de idade relembra os mais belos lances de sua história pessoal.

Alucinadamente apaixonado pelo Santos Futebol Clube, Ahmed Arfux é um advogado que há 28 anos está em Dourados onde consolidou sua carreira
profissional e solidificou sua família.

Nascido em Corumbá onde viveu uma infância feliz com o pai Ganen, um sírio muçulmano e a mãe brasileira e católica Rosa, uma verdadeira rosa do deserto.

Antes de adolescência os pais se separaram e a mãe passou a ser um exemplo de fibra para menino Arfux que alimentava um sonho e um grande projeto de vida. O sonho era trabalhar no Banco do Brasil e como projeto de vida queria ser advogado. O tempo passou lentamente na Cidade Branca até que aos dezenove anos de idade, deixou o balcão do armazém de secos e molhados de Dona Rosa e zarpou para Fátima do Sul.

Música

O calendário marcava o ano de 1969 e Arfux tinha uma paixão pela música. Acreditava ser um baterista de primeira grandeza. Em Fátima do Sul onde morava o José o seu irmão dez anos mais velho, Arfux pensava que poderia iniciar a sua carreira como músico da lendária banda Blue Star. Descobriu que não tinha verve para a música e a sua paixão mudou de
endereço.

Amor

Conheceu a mais bela de todas as belas de Fátima do Sul. Em apenas nove meses, Arfux começou a namorar no Carnaval, ficou noivo e casou-se em dezembro com Bernadete sua eterna companheira de mais de quatro décadas.

Com logos cabelos anelados e uma barba de dar inveja a qualquer árabe,Arfux era um amante do futebol. Sua outra paixão: o Santos de Pelé. Era e ainda hoje é uma paixão lancinante pelo Leão do Mar.

O sonho começou a ser construído quando foi contratado para trabalhar no Banco Financial. Deixou o banco e foi lecionar Educação Física e Matemática na Escola Rainha dos Apóstolos em Vicentina, onde seu sogro também era professor.

Em 1976 passou no concurso público e realizou seu sonho de garoto. Entre 1976 e 1982 morou em Glória de Dourados e como funcionário do Banco do Brasil continuou com suas paixões: Bernadete, o futebol e o Santos.

Futebol e carreira

Peladeiro de final de semana, Arfux sempre se preocupou com a forma física e mesmo aos sessenta anos continua correndo atrás da bola. Faltava ainda realizar o seu projeto de vida.

Em 1986 gradua-se em Direito pela Unigran. Com o sonho já realizado pede demissão do Banco, sua segunda casa e monta sua banca de advocacia.

O escritório recebe o nome da mãe, uma guerreira que sozinha criou onze filhos sem que nenhum se desviasse para o mal. Começou advogando causas criminais. “O crime não compensa nem para o advogado”, disse Arfux que sucumbiu aos riscos e as ameaças e migrou para as ações cíveis.

Com duas filhas e um filho Arfux ganhou alguns netos, mas nem todos
acompanham o avô na torcida pelo Santos. Arfux é uma das cabeças coroadas de um time de futebol que se reúne às quartas-feiras e sábados no Clube Indaiá. São “Os Goleiros”. Os atletas de fim-de-semana não atuam somente no gol. Eles são goleiros, porque depois da pelada o que vale são os goles de cerveja gelada.

Para garantir a boa forma Arfux se enfurna numa academia na segunda, terça,quinta e sexta-feira. O amor, a paixão e “doença” pelo Santos de Pelé, agora reforçado pelo reinado meteórico de Diego e Robinho, Arfux resolveu gritar ao mundo que é santista. Em 2002 mandou pintar na parede de sua casa em letras garrafais o escudo do Santos e a inscrição: “colecionador de títulos do século 21”. Foi este também o ano da Bicicleta do Robinho.

A cada conquista do time do Rei Pelé e da Rainha Marta, o advogado acrescenta uma inscrição lembrando o título. – Queria provocar os meus amigos corintianos! – Disse Arfux que é um tremendo gozador quando o papo é sobre futebol. Ele relata que em 2004 dois anos depois de inaugurado, o painel sofreu o primeiro atentado.

Segundo ele, um corintiano não identificado até hoje pichou a inscrição “7×0” numa alusão a fragorosa derrota do “Peixe” para o “Timão” por sete a zero na final do campeonato brasileiro daquele ano.

Em casa o avô sessentão não conseguiu levar consigo todos os netos para torcer pelo Santos. Guilherme de 14 anos ficou ao lado do avô e torce pelo time de Pelé. Isso não acontece com Fernando de 10 anos e Rafael de sete. Eles são palmeirenses e circulam por toda a casa vestindo camisetas verdes para provocar Arfux.

Provocações à parte existe uma harmonia na casa de Arfux, assim como a velha Rosa ensinou.

Vida

Arfux relata que torcer pelo Santos é um lenitivo para os dias cansados. É viver em felicidade por causa das glórias alcançadas nos gramados. É a certeza de que um homem não pode viver sem uma paixão.

Para Arfux a paixão por sua esposa, por seus filhos e netos, pela profissão é a garantia de vida longa. Os anos se passaram, décadas foram consumidas. Os longos, belos, negros e anelados cabelos deram lugar ao gris e a cabeça como um arquipélago guarda solene o que restou dos fios.

Esse é o Ahmed Arfux, ou simplesmente Arfux pela dificuldade em pronunciar seu prenome. Um homem que continua como aquele garotinho de Corumbá, aquele moço de Fátima do Sul. O mesmo que hoje vive em Dourados pleno de confiança no futuro e certo de que a realização dos sonhos pessoais e dos projetos de vida faz com que as pessoas sejam melhores.