Ao lado de Dilma e Lula, Serra faz discurso de presidenciável
Três dias depois da divulgação da mais recente pesquisa Datafolha, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), rompeu o silêncio, mudou o tom e adotou um discurso político e nacional. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff, durante inauguração do novo complexo […]
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Três dias depois da divulgação da mais recente pesquisa Datafolha, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), rompeu o silêncio, mudou o tom e adotou um discurso político e nacional. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff, durante inauguração do novo complexo industrial da Case New Holland, em Sorocaba, o governador fez, em seu discurso, uma defesa enfática do papel da indústria para o desenvolvimento econômico do País, citou o papel do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para a retomada e modernização da indústria automobilística e discorreu sobre a importância dos programas de sua administração, no governo paulista, para o combate à crise econômica global.
Serra vem sendo pressionado por membros do PSDB e do DEM a assumir sua candidatura ao Palácio do Planalto à Presidência da República, principalmente depois que a diferença entre ele e pré-candidata do PT caiu de 14 pontos para apenas quatro pontos na última pesquisa Datafolha. Essa mostra indica Serra com 32% das intenções de voto, contra 28% de Dilma.
“Eu pessoalmente participei dessa modernização em 1995 quando muitas fábricas, inclusive a Ford, estavam para deixar o Brasil em função da valorização cambial, juros e retirada de tarifas (de importação). Nós fizemos um programa de modernização que impulsionou bastante o setor e ele veio se expandindo em condições de muito boa qualidade e produtividade”, afirmou Serra, em Sorocaba.
“Nos preocupa hoje em dia, uma preocupação que é compartilhada pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também participou do evento), a questão das exportações do setor (automobilístico). No ano passado, tivemos um déficit de US$ 3,7 bilhões nessa área, incluindo autopeças, e é importante que a indústria se desenvolva também exportando, não apenas atendendo, embora seja seu motor principal, o mercado interno”, disse. “É uma preocupação que nós compartilhamos com o governo federal e estamos dispostos a apoiar medidas que produzam uma inversão, uma inflexão nessa tendência”, declarou.
O governador demonstrou ceticismo sobre a capacidade de geração de empregos pelos setores agropecuário e de serviços. “Muitas vezes se desenvolvem teorias de que o Brasil pode vir a ser um País primário exportador, como era no passado, exportando commodities, matérias primas e alimentos e com isso crescer. Ou então que o moderno agora, o chique, é a economia de serviços”, reiterou. E continuou: “Ambas essas teses estão erradas e são falaciosas. Nós não vamos conseguir gerar os empregos num País de 180 milhões de habitantes e que ainda tem uma grande parte da sua força de trabalho subempregada, quando não desempregada, sem a indústria.”
Serra avaliou que o governo federal adotou medidas corretas para conter os impactos da crise internacional no País ao reduzir impostos e aumentar o volume de financiamentos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Aqui em São Paulo cooperamos com isso quando tínhamos a Nossa Caixa, com margens de crédito elevadas não só para compra de automóveis como também para todas as empresas representadas no sindicato de máquinas. Conseguimos manter um nível de investimentos em 2009 que foi o mais elevado de nossa história por parte do governo do Estado e ajudou muito na manutenção do nível de emprego e ocupação em todo o território paulista”, disse, citando ainda os investimentos do governo em escolas técnicas e faculdades de tecnologia (Etecs e Fatecs) e o programa Pró-Trator.
Operário
Serra voltou a fazer referência às suas origens e tentou associar sua imagem aos trabalhadores da fábrica. “Eu pessoalmente tenho uma identificação com a indústria na minha origem, porque sou de um bairro operário, morava numa vila operária”, afirmou, citando a Mooca. “Morei numa casa que era ”pegada” a uma fábrica e tinha uma caldeira vibrando dia e noite. Quando desligavam a caldeira eu não conseguia dormir porque estava acostumado com o barulho. Na origem, pra mim, a indústria está muito associada à minha infância e ao meu desenvolvimento”, afirmou.
Ao falar especificamente sobre a CNH, Serra disse que a cooperação do governo do Estado foi decisiva para a Fiat reabrir a unidade, fechada desde 2001. “O governo do Estado cooperou para esse investimento. Acredito, segundo os diretores da Fiat, que foi decisivo. Nós incluímos essa unidade no programa Pró-Veículos do Estado de São Paulo, que utiliza os créditos acumulados do ICMS. Na totalidade, serão utilizados aqui créditos da ordem de R$ 117 milhões. Já foram utilizados cerca de R$ 47 milhões”, declarou.
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