Agricultura e da Fazenda não chegam a acordo quanto a preços mínimos

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o governo não pode baixar o preço mínimo do milho, como defende o Ministério da Fazenda. Segundo ele, reduzir o valor, definido em junho do ano passado no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010, seria “cometer uma irresponsabilidade”. “É preferível termos excedente, que é pouco, já que […]

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O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o governo não pode baixar o preço mínimo do milho, como defende o Ministério da Fazenda. Segundo ele, reduzir o valor, definido em junho do ano passado no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010, seria “cometer uma irresponsabilidade”.

“É preferível termos excedente, que é pouco, já que os estoques não dão para 90 dias, do que diminuir a produção e os preços irem lá pra cima, com reflexo também no preço do frango”, afirmou.

A produção de milho está acima do previsto, causando grande queda nos preços. Em Mato Grosso, o maior produtor nacional, onde os produtores enfrentam a pior situação, o produto é comercializado a menos de R$ 9, enquanto o preço mínimo estipulado para a região é de R$ 13,98.

Para o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, a manutenção do preço mínimo no patamar atual incentiva a produção num cenário de grande oferta. Segundo ele, além do milho, outros produtos como o feijão e o trigo também deveriam ter seus preços de referência revistos.

Stephanes concorda com a revisão do valor apenas no caso do feijão. “Para o feijão, eu diria que o estímulo foi grande demais”, afirmou. Ele disse ainda que antes do reajuste do preço mínimo para R$ 80, os valores praticados no mercado estavam em torno de R$ 40, depois ultrapassaram os R$ 100 e agora, devido ao excesso de produção, caíram para R$ 55.

Outra questão em que os dois ministérios não chegam a um acordo é o apoio à comercialização de grãos. Enquanto o Ministério da Fazenda exige maior detalhamento em relação às modalidades de incentivo a serem utilizadas, o Ministério da Agricultura pede maior agilidade na liberação dos recursos.

Para a Fazenda, em alguns casos, o mecanismo utilizado poderia ser mais eficiente. O Ministério da Agricultura reclama que a demora acaba fazendo com que o dinheiro chegue ao produtor tarde demais, quando os preços de insumos estão elevados e as melhores condições de plantio já passaram.

As duas pastas vêm divergindo sobre a posição brasileira quanto à produção do cereal que é consumido diariamente por quase todos os brasileiros: o trigo. Matéria-prima do pãozinho, o trigo é alvo de visões diferentes dentro do governo.

O ministro Stephanes disse esta semana que até o fim deste mês técnicos dos dois ministérios deverão chegar a um consenso sobre o que é melhor para o país em relação à produção de trigo: incentivar a produção e tentar diminuir a dependência internacional ou abandonar a idéia e importar o produto a um preço inferior ao praticado internamente.

Enquanto a Agricultura considera o trigo um produto estratégico, segundo Stephanes, a Fazenda acredita que comprando a um preço menor no mercado internacional pode-se baixar o preço do pãozinho e, consequentemente, pressionar a inflação para baixo.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o país deve produzir nesta safra 5 milhões dos 10,6 milhões de toneladas do cereal consumidos pela população brasileira.

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