Acabar com a falta crônica de água no planeta é uma tarefa de proporções imensas, e alguns especialistas advertem que grandes áreas estão sob risco de secarem, provocando catástrofes para suas populações pobres.

A água estava no centro das discussões hoje na Rio+10. Os países subdesenvolvidos tentavam impor uma meta de expansão das redes de saneamento a fim de complementar as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDG), que previam a redução pela metade, até 2015, do número de pessoas que ainda não têm acesso a água tratada.

A África do Sul lidera o grupo que defende a fixação de uma meta semelhante para as redes de saneamento, mas a oposição a essa medida é grande, em especial dos EUA e da Austrália. “Fizemos grandes progressos e a maior oposição ao estabelecimento de uma meta sobre redes de saneamento vem dos EUA e da Austrália”, disse o ministro para Assuntos da Água e Florestas da África do Sul, Ronnie Kasrils.

A África do Sul é apontada como um exemplo. Desde que a minoria branca deixou de governar o país, em 1994, 10 milhões de pessoas ganharam acesso à água potável. Conforme um relatório da ONU divulgado neste ano, 1,1 bilhão de pessoas não tinham acesso a água potável em 2000, e 2,4 bilhões viviam sem redes de esgoto. O Banco Mundial estima que, para o cumprimento das MDG, seria necessário estender a rede de água na próxima década a 300 mil pessoas por dia. O custo disso é calculado em 25 bilhões de dólares por ano.

Especialistas afirmaram ainda que a atual escassez de água agrava-se com a desertificação, a derrubada de florestas e o crescimento das populações urbanas. Áreas do norte da África e do oeste da Ásia podem ser as primeiras a sofrer com uma falta crônica de água.