Fabiana critica CBV e defende liberdade de manifestação dos atletas

Bicampeã olímpica pela seleção brasileira, a central Fabiana criticou nesta segunda-feira a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) por ter condenado a atitude de Carol Solberg ao fim da primeira etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, em Saquarema (RJ). Após receber a medalha de bronze, Carol gritou “Fora, Bolsonaro” em entrevista ao vivo para […]

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Bicampeã olímpica pela seleção brasileira, a central Fabiana criticou nesta segunda-feira a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) por ter condenado a atitude de Carol Solberg ao fim da primeira etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, em Saquarema (RJ). Após receber a medalha de bronze, Carol gritou “Fora, Bolsonaro” em entrevista ao vivo para o canal SporTV.

“Vivemos (ainda) em um país DEMOCRÁTICO, onde atletas ou qualquer ser humano pode expressar suas convicções, desde que elas não sejam ofensivas, criminosas ou que faltem com respeito. Temos que ter muito cuidado com a censura ou flerte com a volta dela, precisamos estar atentos aos nossos direitos enquanto cidadãos. Portanto, não foi muito feliz a nota escrita pela CBV”, disse Fabiana, pelas redes sociais.

A nota criticada pela jogadora foi publicada pela entidade poucas horas depois da manifestação de Carol Solberg. “O ato praticado pela atleta Carol Solberg durante a entrevista ocorrida ao fim da disputa de 3º e 4º lugar da primeira etapa do Circuito Brasileiro Open de Volei de Praia – Temporada 2020/2021, em nada condiz com a atitude ética que os atletas devem sempre zelar. Aproveitamos ainda para demonstrar toda nossa tristeza e insatisfação, tendo em vista que essa primeira etapa do CBVP OPEN 2020/2021, considerada um marco no retorno das competições dos esportes olímpicos, por tamanha importância, não poderia ser manchada por um ato totalmente impensado praticado pela referida atleta”, registrou a CBV.

Fabiana também criticou a expressão “denegrir” utilizada no fim da nota. “Por fim, a CBV gostaria de destacar que tomará todas as medidas cabíveis para que fatos como esses, que denigrem a imagem do esporte, não voltem mais a ser praticados.”

“Denegrir é uma palavra de cunho racista e JAMAIS deveria ser usado em qualquer situação. Estamos lutando dia após dia contra atos racistas, fazendo campanhas educativas e protestos, então seria ótimo repensar o uso de certos termos. Com isso já deixo a dica de além de denegrir não usem ‘lista negra’, ‘mulata’, ‘mercado negro’, ‘a coisa tá preta’, ‘serviço de preto’, entre outras mais”, disse a jogadora.

“Eu como atleta preta, que muito conquistei e representei esse país em todo mundo, não posso me calar diante das coisas que vejo. Sempre vou apoiar a democracia, as liberdades individuais e especialmente todo apoio a causa contra o racismo estrutural e diário que ainda insistimos em conviver achando “normal”. #blacklivesmatter #vidaspretasimportam #liberdade.”

Nesta segunda, a polêmica foi ampliada por nota emitida pela Comissão Nacional de Atletas do Vôlei de Praia, que também repudiou as declarações de Carol Solberg. “A Comissão Nacional de Atletas vem, através desta, ressaltar que não é favorável a nenhum tipo de manifestação de cunho político em competições esportivas. Por isso, a mesma lamenta o ato realizado pela atleta Carol Solberg neste domingo (20.09) – em jogo válido pela primeira etapa do Circuito Brasileiro Open de Vôlei de praia temporada 2020/21 – e lutaremos ao máximo para que esse tipo de situação não aconteça novamente”, disse a comissão liderada por Emanuel Rego, ex-jogador de vôlei de praia e candidato a vice-presidente ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), na chapa liderada por Rafael Westrupp, atual presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

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