Empresária envolvida em escândalo de Ronaldinho é investigada por lavagem

Dalia López, a empresária paraguaia que convidou Ronaldinho Gaúcho para o Paraguai e teria administrado a produção dos documentos falsos pelos quais o ex-jogador de futebol está detido, começou sua carreira como uma humilde secretária. Hoje, ela movimenta milhões de dólares e é investigada por lavagem de dinheiro. Quando o rosto de Dalia López Troche […]

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Dalia López, a empresária paraguaia que convidou Ronaldinho Gaúcho para o Paraguai e teria administrado a produção dos documentos falsos pelos quais o ex-jogador de futebol está detido, começou sua carreira como uma humilde secretária. Hoje, ela movimenta milhões de dólares e é investigada por lavagem de dinheiro.

Quando o rosto de Dalia López Troche começou a inundar as notícias da mídia paraguaia, em Santa Rosa del Mbutuy, um pequeno distrito rural no departamento de Caaguazú, a cerca de 180 quilômetros de Assunção, todos estranharam.

Ninguém na pequena cidade entendeu como as propriedades da mulher cresceram tanto. A humilde casa de seus pais se tornou uma mansão inteira não muito longe do centro da cidade de Santa Rosa. Meses atrás, a liga de futebol de Santarroseña testemunhou o dia em que Lopez Troche pousou no campo de futebol em um helicóptero para entregar cerca de R$ 20 mil a um time local que tinha problemas econômicos. No final da temporada, o time acabou sendo campeão.

O nome de López Troche, uma “empresária nacional e internacional”, como ela gosta de se apresentar, ganhou relevância no Paraguai com a chegada em Assunção do ex-jogador de futebol Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho. Foi ela quem o convidou o craque citado no seu livro “Gênio da Vida” a acompanhar a apresentação de clínicas móveis que deveriam oferecer atendimento médico às crianças do interior do país.

O nome da mulher ganhou ainda mais relevância quando Ronaldinho e seu irmão Roberto Assis foram presos há quase uma semana por circularem com documentos originais de identidade paraguaia, mas com conteúdo falso. Documentos que ela seria responsável por gerenciar, conforme revelado pelas declarações dos envolvidos. Mas vamos em partes.

Dalia começou em 1998 como secretária em uma clínica particular no General Aquino, distrito localizado no departamento de San Pedro, distante 300 quilômetros de Assunção. A região é marcada por numerosas plantações de maconha. Em 2011, treze anos depois, ela já havia se tornado acionista principal da empresa Permanent Oriental Holding S.A.

A empresa foi fundada com um capital no valor de 1 bilhão de guaranis (cerca de R$ 700 mil), a partir de uma parceria com Luis Alberto Gauto Cano, alguém que também “surgiu do nada” para ser o outro acionista. De acordo com dados da Alfândega, Gauto é um dos principais importadores de mercadorias da China para o Paraguai.

Em 2019, Dalia López estabeleceu a Fundação da Fraternidade Angélica, responsável pelo convite a Ronaldinho. Não existem muitas informações sobre a entidade. A fundação “serve os povos nativos e as diferentes áreas vulneráveis da sociedade”.

Dalia e Gauto foram duas das dez pessoas que entraram na sala vip do aeroporto Silvio Pettirossi para receber Ronaldinho e sua comitiva, que desembarcaram no voo Latam 1302. Ele veio do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e aterrissou em solo paraguaio depois das 09h02 da manhã. A sala vip foi paga no mesmo dia 4 de março, para doze pessoas, com horário de utilização das 9h às 10h. A conta de quase R$ 1.000 foi paga pela Fundação da Fraternidade Angélica.

Os outros da lista são o general Carlos Liseras Bado, o empresário importador Florian Beck, o brasileiro Wilmondes Souza Lira e seu irmão. Wilmondes aparece em pelo menos dois processos no sistema judicial brasileiro.

Quando o escândalo estourou, vários casos de doações milionárias de López Troche vieram à tona. Recentemente, a mulher doou aproximadamente R$ 70 mil ao Centro de Volantes Santanianos. A página oficial da organização Miss Paraguai anunciou dias atrás que López fez a doação de “um carro 0 km” para o vencedor do concurso de beleza. O anúncio foi feito nas redes sociais com destaque para a figura da empresária e o logotipo da empresa Permanent Oriental Holding.

Depois que o escândalo estourou, ficou claro que Lopez e Gauto estavam na mira instituições de controle do Paraguai. O vice-ministro da Tributação, Óscar Orué, revelou uma investigação de seis meses sobre suposta sonegação de impostos e lavagem de dinheiro nas empresas relacionadas a Lopez. Essas empresas movimentaram cerca de US 10 milhões nos últimos cinco anos em operações comerciais.

Dalia López Troche parece ter estreita relação com o presidente da República, Mario Abdo Benítez. Isso é revelado por um vídeo postado no YouTube que foi curiosamente removido dias após o escândalo. López mostrou seu lado filantropo em um evento oficial do governo, em 20 de setembro de 2019, durante uma visita do presidente ao distrito de San Juan del Ñeembucú. O vídeo de quase sete minutos foi uma promoção da figura da empresária.

Fotos de López Troche com o ex-presidente paraguaio Horacio Cartes foram exigidas pelo sistema judiciário brasileiro para fazer parte das investigações sobre o esquema criminal de Darío Messer, mais conhecido como “doleiro dos doleiros”. Quanto mais os dias passam, mais se revela sobre essa mulher.

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