Isenção de visto eleva expectativa de turistas na Olimpíada 2016
Os jogos no Rio de Janeiro serão em agosto e setembro
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Os jogos no Rio de Janeiro serão em agosto e setembro
A isenção de vistos de entrada para turistas americanos, japoneses, canadenses e australianos, que vierem assistir aos Jogos Olímpicos (5 a 21 de agosto) e Paralímpicos (7 a 18 de setembro), concedida pela lei 13.193, que começou a vigorar no último dia 1º, deverá ter repercussões positivas para o turismo e a economia do estado do Rio de Janeiro de todo o Brasil e elevará de 400 mil para mais de 500 mil a expectativa de turistas que virão assistir ao evento.
Essa é a avaliação feita nessa sexta-feira (3) pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, ao lembrar que há cerca de 30 anos o Brasil recebe anualmente quase seis milhões de turistas internacionais, dos quais 10% ( 600 mil), são oriundos dos Estados Unidos, que visitam o Rio de Janeiro. A isenção tem validade para entrada no país até 18 de setembro, dia do encerramento dos Jogos Paralímpicos, e uma permanência em território nacional de até noventa dias.
“É um mercado muito importante que, de certa forma, está contido pela dificuldade da obtenção de visto. Com essa exigência caindo durante a Olimpíada, vamos ter um número enorme de americanos vindo para o Rio de Janeiro e para o Brasil”, segundo Lopes. O presidente da ABIH-RJ destacou que o mesmo se aplica ao Japão, Canadá e Austrália, também beneficiados pela medida, embora os Estados Unidos sejam considerados hoje o maior exportador de turistas para o mundo.
Segundo Alfredo Lopes, o pleito da rede hoteleria e do setor do turismo é que a isenção fosse mantida por, pelo menos, mais dois anos “porque neste momento em que o Brasil atravessa uma crise econômica tão dura , com certeza esses turistas seriam muito bem-vindos aqui, deixando uma receita enorme de impostos e também de consumo no nosso país”. A valorização do dólar é outro fator de atração para os turistas estrangeiros virem ao Brasil, disse o líder hoteleiro.
Lopes disse que o Brasil fica abaixo, inclusive, de Buenos Aires, em recebimento de turistas internacionais. Por isso, existe uma “demanda enorme” contida. Graças à isenção de vistos para visitantes norte-americanos, canadenses, japoneses e australianos, ele acredita que haverá uma arrancada de 30% a 40% no montante de turistas, pois a exigência de visto de entrada é um inibidor para o turismo no Brasil.
O chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério do Turismo, Acir Pimenta, disse ser esta a primeira vez que o Brasil faz uma suspensão unilateral de vistos visando o aumento de turistas de alguns países que compartilham características comuns. Entre elas, indicou a forte tradição olímpica – são nações que já realizaram ou vão realizar olimpíadas, têm histórico importante de emissores de turismo e não oferecem riscos migratórios. Isso fez com que o Brasil abrisse mão da regra da reciprocidade, pelo período de três meses.
A expectativa, segundo o chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério do Turismo é muito boa. Estudo baseado em pesquisa da Organização Mundial do Turismo (OMT) com todos os países que adotam medida de derrubada do visto, mostra que, em geral, o país que adota essa medida recebe, em média, nos primeiros anos de validade da isenção, um aumento de 20% no fluxo de turismo como resposta imediata àquela medida. “Nós também trabalhamos com essa perspectiva”, justifica Acir Pimenta. A expectativa de receber 400 mil turistas durante os Jogos, com isenção de visto em vigor cresce para algo entre 500 mil e 550 mil turistas.
Destacou que os Estados Unidos são historicamente, nos últimos dez anos, o segundo maior emissor de turistas para o Brasil, por ano, com 600 mil visitantes, depois da Argentina, que soma 1,6 milhão de turistas. Uma das principais barreiras identificadas nos Estados Unidos é que os americanos não gostam de viajar para países que exigem vistos de entrada.
Acir Pimenta deixou claro que a isenção temporária de visto não significa que o Brasil está abrindo mão de sua soberania. “É apenas um teste para ver como funciona a atração do turismo brasileiro”, explicou. Se a (eliminação da) barreira do visto se mostrar muito promissora, o Brasil poderá negociar o prosseguimento dessa política e explorar a questão da reciprocidade.
Acir Pimenta disse que os norte-americanos são, em geral, os turistas que mais gastam quando vêm ao Brasil, com cerca de US$ 1,5 mil por dia, para uma estada de 20 dias, em média, “bem mais do que o argentino, que gasta US$ 200 a US$ 300 por dia”. Por essa razão, a expectativa do ministério é que o aumento previsto de turistas também se configure no reforço de recursos de moeda forte para o Brasil.
Não há, também, temor de que a isenção de visto atraia para o Brasil algum tipo de terrorista. Acir Pimenta esclareceu que a política de visto não tem nada a ver com segurança de turismo e prevenção de terrorismo, “por uma razão muito simples: o visto é uma expectativa de a pessoa poder entrar no país”. A questão da segurança é incumbência da Polícia Federal em cooperação com outros organismos, como a Interpol e a Secretaria Especial de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça, está cuidando dessa área para o governo federal.
Pimenta ressaltou ainda que não há, nos últimos registros de terrorismo internacional, nenhum ato de grande monta praticado por nacionais dos países abrangidos pela isenção de visto e “o visto não é uma barreira ao terrorismo”. Além do Rio de Janeiro, as chamadas cidades do futebol (Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo) também vão receber partidas de futebol feminino e masculino durante os Jogos, o que projeta o crescimento do fluxo de turistas nas quatro regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste).
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