Jogos Indígenas: índio paraense de 72 anos se destaca no arco e flecha
Segundo dia de competições com arco e flecha nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
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Segundo dia de competições com arco e flecha nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
Ao ser chamado para o centro da Arena Verde, o gavião Pykre Jimokre Hirare caminhou lentamente pela areia sob os aplausos do público. Em uma mão, o arco e a flecha que usaria para disputar a competição e nas costas, 72 anos de muita experiência e tradição. “Pratico flecha desde os 15 anos. Aos 30 comecei a ensinar rapaziada a jogar, a dançar, cantar. Estou muito feliz com a meninada, estão aprendendo e resgatando a nossa cultura”.
O sorriso do gavião, etnia paraense, surgiu em meio às marcas que a idade lhe impôs. Simpático e paciente, atendeu diversos jornalistas com a mesma simpatia e atenção, logo depois de acertar o alvo a 30 metros de distância em uma das maiores pontuações da prova, nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), feito conseguido por poucos atletas participantes.
“É importante a flecha, tanto para caçar quanto para jogar. Graças a Deus todos os meninos e a mulherada estão resgatando, jogando e aprendendo. Estou muito feliz. Por isso vim acompanhar para mostrar o meu povo, o Gavião do Pará”, disse orgulhoso, o arqueiro. Por ele, os jogos durariam mais tempo e ele já se dispôs a outra exibição. “Eu tenho saúde e posso me apresentar mais dois anos, se precisar”.
O público que viu a disposição do arqueiro gavião veterano também torceu e vibrou pelos jovens velocistas. Nas provas de corrida de 100 metros, os povos originários brasileiros levaram a melhor nas oito baterias entre os homens. Kamayurás, assurinis, kanelas, rikbaktsas e assurinis comemoraram a vitória de seus guerreiros. O atleta xerente, vencedor da última bateria, ajoelhou-se e imitou o gesto característico que o campeão olímpico de 100 metros rasos, Usain Bolt, faz a cada vitória.
As mulheres também mostraram muita força e velocidade, levantando a arquibancada na arena. As estrangeiras conseguiram vencer duas baterias, com Bolívia e Peru, mas as indígenas brasileiras também fizeram a torcida comemorar, quando a lua estava alta em Palmas.
Os duelos de cabo de força voltaram a levantar o público, nas últimas competições da noite. Xavantes e Parecis roubaram a cena, com uma disputa animada. Com os treinadores animando seus times ao lado, as duas etnias deram tudo de si, mas foram os Xavantes que saíram vitoriosos. Muita comemoração em frente ao público, com direito a dança da vitória. Ao final, os dois povos se cumprimentaram e dançaram em roda, em mais uma mostra de espírito esportivo e integração, principal mote dos jogos.
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