Após derrota e expulsão, El País fala em ‘pesadelo de Neymar

Contratação pelo Barça, investigada pela Justiça, pode ter desequilibrado o craque, diz jornal

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Contratação pelo Barça, investigada pela Justiça, pode ter desequilibrado o craque, diz jornal

O jornal espanhol El País publicou um artigo sobre a derrota do Brasil para a Colômbia, por 1 a 0, nesta quarta-feira (17), pela segunda rodada da Copa América, em Santiago, no Chile. O artigo destaca a instabilidade emocional de Neymar, que foi expulso no fim da partida. “O ‘crack’ do Barcelona perdeu também os nervos e cometeu uma estupidez (ao dar uma bolada no colombiano Armero, que estava de costas) que terminou em confusão.

Neymar foi separado por seu rival James Rodríguez, que falou em seu ouvido. Mas o árbitro chileno Enrique Osses não amoleceu e o expulsou – junto com Carlos Bacca, que lhe havia empurrado em resposta à bolada. O jovem capitão do Brasil, estrela absoluta de sua equipe, espera uma provável sanção de dois jogos: uma notícia terrível não só para ele, mas para o Brasil e também para a Copa América.

Seu treinador deixou escapar que o jogador poderia estar abalado por questões extra-campo (em alusão à notícia, divulgada poucas horas antes do jogo, de que a Justiça espanhola admite uma queixa por “corrupção e fraude” em sua contratação pelo Barcelona).

Na quarta-feira, o El País publicou que o juiz da Audiência Nacional José de la Mata, sucessor de Pablo Ruz, admitiu uma queixa da empresa que detinha 40% dos direitos federativos do jogador antes que o Santos o transferisse ao time catalão. Essa empresa, denominada Dis-Esportes e Organização de Eventos, garante ter sofrido um prejuízo pelo contrato que Neymar e seu pai assinaram com o Santos e o Barcelona em 2011 pelo qual o jogador cobraria 40 milhões de euros quando fosse agente livre para garantir sua contratação.

Nesse processo aparecem como acusados o jogador, seu pai, o presidente do Barça, Josep María Bartomeu; seu antecessor Sandro Rosell assim como o atual presidente do Santos, Odilio Rodrigues e seu predecessor Luis Alvaro de Oliveira. Além disso, a ação se dirige também contra o FC Barcelona e o Santos como pessoas jurídicas.

Na denúncia, o magistrado pede que Real Madrid, Chelsea, Bayern de Munich e Manchester City apresentem as cópias das ofertas que enviaram ao jogador e seu clube de procedência, o Santos. O juiz acolhe a tese da empresa que presta queixa que alega que “se o jogador Neymar aceitou do FC Barcelona a quantia de 40 milhões para ser jogador deste clube, poderia ter alterado desta maneira o livre mercado da contratação de futebolistas e prejudicado também o querellante, que se viu privado da possibilidade de que o jogador entrasse no mercado conforme as regras da livre concorrência e pudesse obter uma maior quantia pela transferência”.

O juiz estima que os contratos simulados foram realizados “com a finalidade de adquirir [os direitos de Neymar] fora da normal concorrência com os demais clubes interessados em sua contratação por valor inferior ao do mercado, e sem pagar as importantes cifras que outros clubes poderiam estar dispostos a pagar”. De la Mata sustenta que Neymar era obrigado por contrato a colaborar com a empresa Dis, e lembra que no Brasil, onde ocorreram os fatos, “qualquer transferência de um esportista profissional depende de seu consentimento formal e expresso”.

Este processo se soma ao já aberto na Audiência Nacional e que será julgado na Audiência de Barcelona sobre os delitos fiscais derivados da contratação do atacante brasileiro. Neste processo a procuradoria solicita dois anos e três meses de prisão e 3,83 milhões de euros de multa para Josep Maria Bartomeu, e mais de sete anos de prisão e 25,15 milhões de sanção para Sandro Rosell, por delitos fiscais e societários na contratação do jogador Neymar. Há também uma multa de 22,2 milhões de euros para a entidade azul-graná, imputada como pessoa jurídica. Além disso, como responsabilidade civil, o Ministério Público reivindica 9,55 milhões de euros para Rosell e o clube solidariamente e 1,9 para Bartomeu e a entidade conjuntamente, segundo o documento de acusação. Entre multas e indenizações, os dirigentes e o líder da Liga terão que abonar um total de 62,66 milhões de euros. O custo do jogador, impostos incluídos, foi de 94,8 milhões.

Os 13 contratos celebrados entre o Barça, o Santos e a empresa do pai e representante do jogador — por conceitos tais como o de jogadores, jogos amistosos ou inclusive “empréstimos” ao jogador — escondem, segundo o juiz e também segundo o procurador, o montante da contratação de Neymar. E, portanto, se trata de receitas trabalhistas do jogador sujeitas a retenção fiscal que o clube tinha que ter declarado, mas não declarou.

As principais defraudações, em termos quantitativos, foram produzidas em 2011 — no total de 2,4 milhões de euros — e em 2013 — 6,78 milhões. Nessa época o clube era presidido por Rosell. No dia 30 de janeiro de 2014, uma semana depois que Rosell pediu demissão e Bartomeu assumiu o cargo, alguns dos contratos assinados na época anterior cobraram vigência e provocaram uma fraude fiscal de 3,84 milhões.

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