Comerciantes estão cautelosos

Comerciantes aguardam o aumento da procura para decidirem se irão contratar ou quantos funcionários serão adicionados ao quadro atual para as vendas de final de ano. Aqueles que já anunciam vagas, contratarão menos vendedores que o mesmo período do ano passado. Para a Fecomércio, cerca de 5 mil postos temporários serão criados, representando uma estagnação em relação ao ano anterior.

A comerciante Gleice Marques, de 24 anos, possui duas vendedoras e vai contratar 3 para o período de aquecimento das vendas. No ano anterior foram necessárias 8 vendedoras para compor o quadro. “O movimento este ano está bem menor que ano passado. Este ano está sendo bem difícil, mas em setembro começou a melhorar”, relata ela.

Já Munira Mustafa, de 39 anos, diz que talvez vai contratar apenas uma vendedora. “Temos duas e chamo parentes para ajudar. O movimento está 50% menor em relação ao ano passado. Dependendo de quando começar o movimento, vou contratar só como free-lancer a partir do dia 15 a 18, somente por uma semana”, reclama Munira.

Segundo o gerente de uma das lojas Mega Jeans, Wellysson Martins, de 32 anos, ainda não foi decidido quantos vendedores a rede irá contratar para as 3 unidades. “Normalmente a quantidade de vendedores dobra, pois são necessários 2 turnos para cobrir o horário que é estendido em dezembro”, conta o gerente, que diz ter 10 vendedores atualmente em cada loja.

Meire Vânia de Morais de 40 anos, espera contratar de duas a três vendedoras para sua loja a partir de novembro. “Abri a loja este ano e estou percebendo uma leve melhora no movimento depois de agosto. Dependendo do desempenho das contratadas, pretendo mantê-las na loja”.

Pedro Lima, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio diz que a atual situação está complicada, pois a classe está discutindo, junto à Fecomércio a negociação da convenção coletiva. “A database dos comerciários é novembro e enviamos a proposta de reajuste de 15%. A Fecomércio fez uma contraproposta de 4%, que não repõe nem a inflação que está perto dos 10%. Sem pessimismo, acho que se não tem como pagar, não dá pra falar em contratação”, pontua ele.

Dados da Fecomércio

 

Edson Araújo, presidente da Fecomércio. (Arquivo/Midiamax)A estimativa da Fecomércio é positiva. Segundo o presidente da Federação, Edson Araújo, a previsão é que haja contratação de 5 mil pessoas para cargos temporários. “Este número representa uma estagnação em relação ao ano anterior, que ficou entre 4,5 a 5,5 mil novos postos. A boa notícia é que, destes temporários, de 15 a 17% possam ser efetivados”, relata ele.

A estimativa leva em consideração a média nacional que prevê a contratação de 136 mil pessoas, o que representa uma queda de 3,4% em relação ao ano anterior. Logo, de acordo com os dados, o índice de Mato Grosso do Sul, que representa estagnação, é positivo, pois encontra-se acima da média nacional, que está em queda.

Para Daniela Teixeira Dias, economista da Fecomércio, mesmo que a evolução “não seja satisfatória, representa um alento diante do momento de instabilidade econômica”. Segundo ela o índice de confiança do empresário e a intenção de consumo das famílias aumentou sensivelmente.

A economista explica que as estimativas para Mato Grosso do Sul levam em consideração os dados da Federação Nacional do Comércio e os índices de confiança do empresário e a intenção de consumo das famílias, além das expectativas. “A participação de Mato Grosso do Sul no comércio e serviços é significativa, então o estado tem comportamento diferenciado em relação ao restante do país”, pontua ela. Ela ainda relata que a evolução do emprego no comércio está abaixo do que foi registrado no ano passado, mas foram observados resultados positivos em agosto.