Jovem que deu à luz durante Enem homenageia irmão falecido ao escolher nome do filho

No quarto 109, onde aguarda receber alta hospitalar, a estudante Pamela Oliveira Lescano, de 17 anos, conta que a lembrança de ter um bebê dentro de um banheiro na prova durante uma jamais será esquecida. Com filho no colo, a nova mãe conta que o nome escolhido – Everton Oliveira Lima é uma homenagem ao […]

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No quarto 109, onde aguarda receber alta hospitalar, a estudante Pamela Oliveira Lescano, de 17 anos, conta que a lembrança de ter um bebê dentro de um banheiro na prova durante uma jamais será esquecida. Com filho no colo, a nova mãe conta que o nome escolhido – Everton Oliveira Lima é uma homenagem ao seu irmão que faleceu a dois anos tentando salvar a vida de duas pessoas. A criança nasceu com 51 cm e 3,050 kg.

Ao Midiamax, a estudante disse não saber que estava grávida. “Realmente eu jamais imaginei estar grávida. Na última quinta-feira cheguei a fazer exame de sangue, pois o médico até estava desconfiado, mas não deu certeza alguma. Ontem quando eu estava chagando na escola senti uma dor muito grande, pedi pra ir ao banheiro. A dor do parto veio mais forte ainda. Comecei a fazer força e quando olhei vi a cabeça da criança.”, relata.

Pamela conta ainda que aguardou a saída de uma moça que estava utilizando o banheiro para pedir que chamasse alguém. No momento, entraram dois policiais e uma técnica de enfermagem que também trabalhou na prova.

“Eles deram os primeiros socorros e ligaram pro médico que pediu pra não cortar o cordão umbilical. Ao mesmo tempo, a polícia ligava para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e outro médico falava que já era pra ter cortado o cordão. Aí cortaram o cordão ali no banheiro mesmo.”, conta.

A jovem foi levada para o hospital D. Elmiria Silverio Barbosa, região central de Sidrolândia, distante a 69 km da capital.

Segundo o médico plantonista Renato Lima, a criança é saudável. Perguntado sobre o caso, ele explica que é possível a ocorrência em casos de primeira gravidez. Quanto ao fato de Pamela tomar anticoncepcional mesmo durante a gestação, o médico explicou que os efeitos colaterais são mínimos.

Hoje pela manhã, mãe e criança foram novamente examinadas e, segundo o médico, a jovem receberá alta ainda hoje.

Preocupada, Pamela disse que embora estivesse amamentando, o bebê não abria os olhos. O médico o examinou e explicou que estava tudo bem com a criança, e que a iluminação do local poderia estar provocando a situação.

Sobre o futuro, a jovem garantiu que continuará estudando. Ela termina o terceiro ano este ano e conta que seu sonho é ser veterinária ou jornalista. “Mas eu sei que ser repórter é bem difícil, pois to vendo a repercussão que deu meu caso e ser repórter não deve ser fácil. Por isso acho que vou ser veterinária mesmo.”.

Pamela diz não conseguir imaginar a vida sem seu filho. Apesar de morar em um assentamento a 50 km de Sidrolândia vai tentar voltar ao normal e montar aos poucos o quarto da criança, que por enquanto, vai dormir com ela.

Sobre o pai, a jovem contou que ele descobriu através da tevê e que está trabalhando em Campo Grande, onde é pedreiro. Ela revelou ainda que o pai está muito alegre e a caminho para conhecer seu filho. Da mesma maneira, de Fátima do Sul, o pai de Pamela também soube pela tevê que era avô e ontem mesmo entrou em contato com a ex-mulher.

A mãe da estudante, a agricultora Leide Oliveira Lima, 45 anos, conta que até desconfiava, “mas como não fez pré-natal e toda vez que ia ao posto os médicos falavam que não era gravidez eu ficava tranquila. Minha filha dormia de bruços e também não vomitava.”, conta.

Coincidência ou não, ela revela que teve uma das filhas da mesma maneira. “Fui a Nova Alvorada do Sul e o médico disse que estava com prisão de ventre ou verme. Fiquei desconfiada e com 6 meses de gravidez viajei pra Fátima do Sul. Depois de ser examinada por outro médico ele disse: É um verme sim, mas de duas pernas e vai te dar trabalho pra vida inteira.”.

D. Leide diz que está muito feliz, principalmente depois de perder o filho afogado e que é um presente de Deus. “Mesmo com poucas condições de dar estrutura estou muito feliz”.

A agricultora conta ainda que, no assentamento, as pessoas querem muito poder trabalhar, mas não o há que fazer por falta de estrutura.

Símbolo

O caso teve repercussão nacional e o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, em entrevista coletiva após o término do segundo dia de exames, informou que ela terá direito a fazer novamente o Enem, conforme prevê o edital.

Mercadante também reconheceu que o exemplo da estudante representa o nível de dedicação e empenho dos quatro milhões de candidatos. “Ela é o próprio símbolo desse Enem, e ela mostra também um nível de dedicação e esforço de uma parcela importante desses mais quatro milhões de brasileiros, do que o Enem representa em termos de oportunidade na vida deles”.

Pamela poderá fazer uma nova prova entre os dias 4 e 5 de dezembro.

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