A população de tem dívidas que somam R$ 65.404 bilhões em crédito contratado. O valor é equivalente a 23 vezes o número de habitantes. É como se cada morador do Estado tivesse em torno de R$ 23 mil em empréstimos contratados, que incluem compra de imóveis, veículos, gastos com cartão de crédito, consignado e outros.

Os números da carteira de crédito do mostram que em dois anos cresceu em 45,6% a dívida total do Estado, que somava R$ 44.900 bilhões em maio de 2020. Em dezembro de 2020, o montante passou dos R$ 50 bilhões e só cresceu. Paralelamente, também cresceu a , que soma 2,15%. Significa dizer que há R$ 1.406 bilhão do total do crédito contratado em atraso.

Do total da dívida dos consumidores do Estado, R$ 22.519 bilhões são referentes a empréstimos de Pessoa Física com o setor rural e agroindustrial. Depois dele, vem o débito com habitação que passa dos R$ 13 bilhões, seguido por R$ 10 bilhões em empréstimo consignado descontado em folha e R$ 5.505 bilhões de dívida com cartão de crédito.

Administrador e consultor em finanças pessoais, Silvio Sarro explica que muito do aumento do endividamento da população nos últimos dois anos se deve à inflação no Brasil, que subiu mais de 20% no período. “Com a inflação vem a alta na taxa básica de juros, que gera desemprego e consequentemente, aumento no endividamento. As pessoas acabam fazendo dívidas para arcar com as despesas mensais”, afirma.

Cartão de crédito

Entre todos os setores de contratação, o cartão de crédito é o que tem a maior taxa de inadimplência. Significa que do total da dívida que soma R$ 5.505 bilhões, os números do Banco Central mostram que 5,86% não foi pago dentro do prazo correto, o equivalente a R$ 322 milhões em atraso.

Em abril de 2020, a dívida total somava R$ 3.012 bilhões, ou seja, em dois anos houve crescimento de 82,7% no valor de crédito contraído no cartão. A inadimplência acompanhou a alta e chegou a 7,35% em abril de 2020, quando caiu e voltou a subir em 2022.

Os servidores públicos de Mato Grosso do Sul são os que mais têm dívida com o cartão de crédito, que soma R$ 1.130 bilhão. Entre eles, a inadimplência é de 4,05%. As pessoas que trabalham como MEI (Microempreendedor individual) são as que menos devem cartão de crédito, com dívida de R$ 125 milhões, mas com inadimplência que chega a 6,83%.

O administrador Silvio Sarro classifica o cartão de crédito como um grande ‘vilão’ das despesas pessoais, principalmente pela alta taxa de juros, que são em média de 10% ao mês, passando dos 300% ao ano. “Quando a conta do mês não fecha as pessoal geralmente deixam de pagar o cartão de crédito, que tem o juros mais alto e em dois, três meses a dívida já dobrou. Geralmente quando se deixa de pagar uma mês, é difícil sair da dívida com o cartão”.

Dívidas no agronegócio

Por ser um Estado com perfil econômico agropecuário, chama a atenção o montante de R$ 22.519 bilhões contratado por pessoa física, com inadimplência mínima de 0,23%. Empresários de Mato Grosso do Sul têm R$ 11.553 bilhões em dívidas neste setor, seguido por autônomos com R$ 5.295 bilhões.

Consultor em finanças, Silvio Sarro explica que nesse setor a inadimplência é menor por que geralmente o crédito contratado é para fomentar o agronegócio, que inclui aquisição de equipamentos para custeio ou desenvolvimento da atividade rural.

“Neste segmento, geralmente a taxa de juros é menor e os créditos são tomados, na grande maioria das vezes, com bens de garantia. Ou seja, as instituições emprestam mais e com juros menores devido à garantia no recebimento. A inadimplência é maior no varejo por falta de garantia do pagamento”, explica Sarro.

Empréstimo para investimento

Quando se trata de habitação e veículos é possível fazer um empréstimo de crédito para contrair um bem durável. Na prática, a pessoa contrata crédito a prazo e com acréscimo de juros para conseguir adquirir o bem que possui. Para imóveis a dívida dura geralmente 30 anos, enquanto para veículos em torno de cinco anos.

Em Mato Grosso do Sul, a dívida com habitação soma R$ 13.630 bilhões e a inadimplência é de 2,40%, segundo o Banco Central. Os empregados de empresas privadas são os que mais têm dívida nesse setor, que somam R$ 3.910 bilhões, com inadimplência de 2,5%. Os servidores públicos têm R$ 2.967 bilhões em dívidas nesse setor com 1,30% de inadimplência.

Por estar atrelado a um bem, essa dívida é a que geralmente as pessoas não deixam de pagar, por isso a taxa de inadimplência tão baixa. “Quem tem financiamento de casa dificilmente deixa de pagar, justamente por medo de perder o bem. O que também acontece com veículos”, explica o administrador.

No Estado, a dívida com veículos soma R$ 4.811 bilhões, com inadimplência de 2,77%. Os trabalhadores de empresa privada são os que mais têm débitos neste setor, que somam R$ 966 milhões. Entre os autônomos, a inadimplência chega a 5,54% neste segmento.