Milho salgado: custo da produção sobe 150% em um ano no Estado

A informação da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul) aponta para alta dos fertilizantes o principal fator da explosão nos gastos

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hectares plantados
Imagem ilustrativa

O custo da produção de milho em Mato Grosso do Sul ficará 150% mais caro este ano. O número elevado também pode ser considerado explosivo, principalmente porque o maior fator resultante desta elevação gigante vem da alta de preços dos fertilizantes, que já está em 39,44% mais caros e, segundo a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), o problema vem da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Renata Farias, economista da Aprosoja/MS, explica que os preços dos insumos sempre vão impulsionar as despesas do produtor e, no caso dos fertilizantes, o peso será sempre maior, sobretudo – neste momento – pelas incertezas do mercado internacional, alta de preços no mundo, inflação no Brasil e guerra entre Rússia e Ucrânia – dois dos maiores fornecedores de fertilizantes para todo o mundo.  “A cada análise dos custos de produção dos grãos, a Aprosoja constata que está havendo, ano após ano, um significativo aumento, que impacta a todos”, acrescenta Renata Farias.

E não é para menos. Isso porque o atual custo da produção de milho no Estado agora se encontra em R$ 8.220,80 para cada hectare plantado. A alta é de aproximadamente 150% na comparação com os custos da safra anterior. Em setembro de 2021, o preço estava acima de R$ 6 mil por hectare, valor 92,74% maior, considerando a safra 20/21, no qual o custo estava a R$ 3,5 mil por hectare. Só nos últimos 6 meses, entre setembro de 2021 e março de 2022, a alta foi de 28,80%. Outro dado importante é que o cálculo considerou uma produtividade média de 78,13 sacas por hectare, com um preço médio de R$ 83,53 por saca, obtido pela coleta semanal de preço em cooperativas, cerealistas e tradings.

Na avaliação de Renata Farias, cada propriedade apresenta particularidades quanto aos fatores terra, trabalho e capital, podendo haver diferença quanto ao custo de produção estimado. “É importante cada produtor confrontar-se com os próprios custos elaborados, tendo este estudo como base”, complementa Renata Farias. Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, associadas à produção da cultura de milho.

A moral desta histórica é que a margem de lucro do produtor rural de milho em Mato Grosso do Sul, que já vinha apertada devido à estiagem do ano passado, será espremida. De acordo com Renata Farias, quem comprou insumos ainda em setembro de 2021, terá um pequeno lucro de 1,72 sacas por hectare. Já quem deixou para comprar em 2022, o risco de prejuízo é certo, de pelo menos 20,3 sacas por hectare. A área colhida de milho no Estado atingiu 82,3% de área plantada para a 2ª safra, o que dá 7,3% a mais em relação ao mesmo período no ciclo passado. A área estimada para esta safra é de 1,992 milhão de hectares, considerando uma retração de 12,6% em relação a área da 2ª safra de 2020/2021. A produtividade estimada é de 78,13 sacas por hectare, gerando uma expectativa de produção de 9,34 milhões de toneladas.

A revelação deste estudo fez o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi, escancarar que o produtor sul-mato-grossense está no seu limite. “Esse estudo mostra, de maneira clara e impactante, a real situação do produtor rural. Os dados são impressionantes e corroboram com o que já alertamos nos últimos tempos. Enquanto muitos falam que temos lucros altíssimos, a verdade é só uma: o produtor hoje trabalha no limite, muitas vezes com risco de prejuízo, como apresenta esse estudo. Esse levantamento também visa contribuir com os produtores, pesquisadores e demais interessados, afinal, com mais informações disponibilizadas, teremos uma agricultura mais forte”, reforça o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.

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