Dólar cai 1,39%, para R$ 5,3067, com alívio de tensão política e exterior

Após três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 4,58% e alcançou o patamar R$ 5,38, o dólar recuou mais de 1% na sessão desta quinta-feira, 27. Segundo operadores, o ambiente externo favorável a divisas emergentes e a assimilação do impacto dos ruídos políticos envolvendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriram espaço para […]

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Afora uma alta pontual e muito limitada nos primeiros minutos da sessão, o dólar trabalhou em baixa ao longo de todo o dia (Agência Brasil)

Após três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 4,58% e alcançou o patamar R$ 5,38, o dólar recuou mais de 1% na sessão desta quinta-feira, 27. Segundo operadores, o ambiente externo favorável a divisas emergentes e a assimilação do impacto dos ruídos políticos envolvendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriram espaço para movimento de realização de lucros no mercado doméstico de câmbio. Também teriam contribuído para a recuperação do real a atuação de exportadores, que aproveitaram a arrancada recente do dólar para internalizar recursos, e apetite externo por ações descontadas na bolsa.

Afora uma alta pontual e muito limitada nos primeiros minutos da sessão, o dólar trabalhou em baixa ao longo de todo o dia. Com mínima a R$ 5,2795 (-1,90%), registrada no fim da manhã, terminou o pregão cotado a R$ 5,3067, em queda de 1,39%. Apesar do alívio nesta quinta, a moeda ainda acumula valorização de 3,08% na semana – o que reduz as perdas em outubro a 1,63%, na véspera da formação da última taxa Ptax do mês e da rolagem de contratos futuros.

Já na reta final dos negócios, o dólar chegou a ensaiar aprofundar as perdas e foi negociado pontualmente na casa de R$ 5,28, sob impacto da notícia de publicação de carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à nação.

No documento, intitulado “Carta ao Brasil do Amanhã”, o petista se compromete em combinar “política fiscal responsável” com “responsabilidade social e desenvolvimento sustentável” e fala em seguir “regras claras e realistas” para a gestão das contas públicas. Não há, contudo, detalhes sobre uma futura âncora fiscal para substituir o teto de gastos.

Embora o quadro político doméstico siga como principal vetor dos negócios, investidores absorveram nesta quinta uma agenda pesada no exterior. A leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA mostrou alta anualizada de 2,6% no terceiro trimestre, acima das expectativas (2,4%), mas não afastou a perspectiva de desaceleração da atividade nos próximos trimestres e eventual recessão em 2023. Com a consolidação da perspectiva de que o Federal Reserve, após uma nova alta de 75 pontos-base da taxa básica em novembro, desacelere o ritmo para 50 pontos em dezembro, as taxas dos Treasuries recuaram, dando fôlego a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo o real.

“Dia propício para a queda do dólar. Tem apostas de um Fed mais tranquilo lá fora. Aqui, ajudou a manutenção dos juros e sinais positivos da economia brasileira como queda do desemprego”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, em referência à decisão do Copom na quarta de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. “Fora isso, as altas dos últimos dias levaram exportadores a realizarem sua posição, o que ajudou a derrubar dólar. A briga continua entre o intervalo entre R$ 5,20 e R$ 5,40”.

O sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, observa que mercado ajusta posições e corrige exageros embutidos na quarta à tarde na taxa de câmbio em razão do aumento das tensões políticas. “A gente vem de três dias de aversão ao risco e hoje há um alívio. O mercado absorveu os ruídos políticos de ontem e já precificou muito da piora do cenário”, afirma Izac, ressaltando que as ações de estatais já apanharam bastante e que a temporada local de balanços têm sido positiva, o que traz ânimo aos investidores, em especial os estrangeiros.

Nas mesas de operação, comenta-se que, apesar de criticar a atuação do TSE no caso das inserções de propaganda política em rádios, o presidente Jair Bolsonaro adotou, em pronunciamento na quarta à noite, um tom menos belicoso que o esperado. Embora haja dúvida ainda sobre se o candidato à reeleição aceitará uma eventual derrota nas urnas no segundo turno presidencial, parecem diminuir os riscos de crise institucional.

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