Com alvarás em baixa e alta nos custos, construtores temem queda nas vendas de imóveis em MS
Expectativa é que correção do índice torne sonho da casa própria mais caro a moradores de MS
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As emissões de alvarás de construção nos primeiros dias de janeiro tiveram uma redução em Campo Grande comparado com o mesmo período do ano passado. Apesar da perspectiva nacional, que estima que o setor da construção civil deve ‘perder o fôlego’ em 2022, em Mato Grosso do Sul, o que preocupa para a categoria é o encarecimento dos imóveis construídos, que deve dificultar as aquisições pelos sul-mato-grossenses.
Segundo informações da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), no período de 1º de janeiro de 2021 a 24 de janeiro 2021 foram emitidos 156 Alvarás de Construção e 145 Cartas de Habite-se, no mesmo período em 2022 foram emitidos 142 Alvarás de Construção e 139 Cartas de Habite-se.
Com relação às regularizações de edificações, a secretaria informou à reportagem que foram protocolados 19 processos em 2021 e 17 processos em 2022 no mesmo período. Uma queda de 7% na emissão dos alvarás e 2% nas cartas do Habite-se.
No entanto, para a Acomasul (Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul), os números estão parecidos e não é possível afirmar que o setor da construção terá uma redução. A preocupação, no entanto, é outra. O presidente da associação, Diego Canzi Dalastra, comenta que o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) registrou um aumento de 48% e a tendência de mercado é que os imóveis recém-construídos fiquem mais caros a partir do segundo semestre, como reflexo da inflação.
“Como o ciclo da construção civil é um pouco mais lento, o valor demora mais para ser sentido pelo bolso do consumidor. Acreditamos que isso vai ocorrer por volta do segundo semestre do ano, que vai de fato se acabar os estoques de imóveis antigos e terá só imóveis construídos com o custo novo”, disse à reportagem.
O reflexo da inflação nos insumos da construção civil deverá dificultar o sonho da casa própria. “O grande questionamento é se a população vai continuar conseguindo ter acesso à aquisição desses imóveis porque consequentemente com o valor dos imóveis aumentando, esse patamar de 48% [do INCC], o valor da parcela do financiamento sobe proporcionalmente”, comenta.
Quitinetes em alta
A procura por aluguel e compra por moradias menores, como as famosas quitinetes, são muito comuns entre estudantes que se mudam de uma cidade para outra, trabalhadores que se deslocam a trabalho e também aqueles que preferem morar em um imóvel mais compacto. Em Mato Grosso do Sul, a construção e a venda de imóveis menores passam por um ‘boom’ diante do aumento no custo das obras, e a tendência é que essa demanda aumente ainda mais em razão da crise econômica.
Conforme Diego Canzi Dalastra explicou em entrevista anterior, o aumento do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) contribui para a oferta de imóveis mais compactos, como as quitinetes.
“Consequentemente o poder de compra do consumidor não acompanhou essa alta. É uma tendência do mercado para fazer imóveis que caibam no bolso do consumidor, pois como o custo do metro quadrado da área construída subiu, é uma tendência que diminua o tamanho do imóvel comprado”, comenta Dalastra.
A construção e oferta dos imóveis compactos deverão ser ainda mais comuns, pois as moradias vendidas deverão continuar seguindo a capacidade de pagamento dos consumidores.
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