Bolo e pamonha mais caros: em época de festa junina, milho pode ter alta de 28% em MS
As temperaturas mais frias em MS também interferem nos valores comercializados
Mariane Chianezi –
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Matéria-prima de diversas comidas típicas de festas juninas, como o bolo, pamonha, canjica, pipoca e curau, o milho-verde pode ter alta de 28,5% em Mato Grosso do Sul até o mês de julho.
Conforme informações da Ceasa (Central de Abastecimento de MS), em janeiro, o preço da saca de 18 kg do milho estava sendo comercializado por R$ 25. Em fevereiro, houve um salto de vinte reais, indo para R$ 45 o produto.
De março a maio, o valor foi de R$ 35 e a previsão para o segundo semestre do ano é que o preço da saca do milho passe a ser vendido a R$ 45. Já a partir da segunda quinzena do mês de junho, os valores dos produtos começarão a pesar no bolso do consumidor.
A Ceasa divulgou que a maioria do produto comercializado em Mato Grosso do Sul é fornecido por produtores locais. Cerca de 390 mil kg de milho foram comercializados por produtores sul-mato-grossenses e 45 mil kg vieram de outros estados.
Frio também pode interferir
Ao Jornal Midiamax, o consultor técnico do Sistema Famasul, Lenon Lovera, explicou em reportagem anterior que todas as culturas a campo estão sujeitas às adversidades climáticas, e dependendo do estágio fisiológico das plantas, podem ter o seu desenvolvimento prejudicado.
Em MS, o impacto maior da geada é no milho, hortaliças e na fruticultura. “Para o milho, o produtor tem como ferramenta de suporte o seguro rural, e para a horticultura e fruticultura, é possível fazer manejos para minimizar as perdas. Para a pecuária, a geada pode prejudicar a pastagem, mas é possível planejar a produção de volumoso e fornecer alimentos na falta de pastagem, entretanto a qualidade da pastagem é prejudicada pela geada”, disse.
Ainda segundo Lovera, o clima interfere e gera risco para quem produz, especialmente para os grãos de milho na segunda safra, pois, quanto mais tarde ocorrer o plantio, maior o risco de uma possível geada afetar sua produção.
“A geada resultará no congelamento das células da planta, especialmente das folhas, e, como consequência, ocorrerá ruptura da célula e morte do tecido. No caso das hortaliças folhosas, o prejuízo é contabilizado imediatamente, pois o produto final são as folhas. Então, a geada sempre irá trazer diminuição ou perda de produção”, comentou.
Impacto no bolso do consumidor
Ao Portal UOL, o coordenador do mestrado profissional em agronegócios da FGV (Fundação Getulio Vargas), Felippe Serigati, diz que as culturas mais afetadas ficam em Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e também aqui no Mato Grosso do Sul.
Se os preços dos alimentos já estão altos, o frio intenso pode piorar a situação. Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a inflação para alimentação e bebidas ficou em 13,47%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O café moído ficou 67,53% mais caro, as hortaliças e verduras, 36,62%, e o milho em grão, 21,14%. “Se a geada for muito intensa, os preços devem subir fortemente. No caso do milho, se houver uma quebra de produção grande, não haveria alternativa global para o fornecimento mundial do cereal”, afirma Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, corretora de commodities.
Isso porque a Ucrânia, que é um grande exportador de milho, não está vendendo os grãos por causa da guerra. Ainda não dá para prever o quanto os preços devem ser pressionados por perdas em safras.
“O mercado já precificou [antecipou] um pouco a geada. O que vai dizer se o preço vai ficar mais alto ou baixo é a intensidade do frio ou alguma atualização dos mapas climáticos que temos hoje”, disse Serigati.
A má notícia é que a inflação dos alimentos deve continuar no dia a dia dos brasileiros por alguns meses. Serigatti diz que o consumidor deve começar a sentir algum alívio em um prazo de três a seis meses.
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