Pandemia e fraco desempenho nacional devem arrastar o MS à recessão, diz economista

A crise representada pela pandemia de coronavírus não deve afetar apenas o desempenho econômico do Brasil como um todo, mas também deve arrastar o Mato Grosso do Sul para a recessão, neste ano, com o setor de serviços sendo o mais afetado pelas medidas de isolamento social. A avaliação é do economista Hudson Garcia, economista […]

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A crise representada pela pandemia de coronavírus não deve afetar apenas o desempenho econômico do Brasil como um todo, mas também deve arrastar o Mato Grosso do Sul para a recessão, neste ano, com o setor de serviços sendo o mais afetado pelas medidas de isolamento social. A avaliação é do economista Hudson Garcia, economista da Agricon consultoria, ouvido pelo Jornal Midiamax. Ele ponderou, no entanto, que, por ser um Estado predominantemente agrícola, os efeitos da crise no MS devem ser menores que em seus pares no País.

De acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre registrou baixa de 1,5% ante os quatro últimos meses de 2019, conforme os dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há um mês. Os números sinalizam a entrada do país em uma recessão a partir do primeiro trimestre de 2020.

De acordo com Hudson, no MS, os efeitos da pandemia estão sendo mais sentidos nos setores de serviços e indústria, que já vinham apresentando um desempenho pouco expressivo nos últimos dois anos – como resultado de um aumento no desemprego – o que suprimiu o poder de compra dos consumidores. Para este ano, ele explicou que, de modo geral, os economistas estavam otimistas com as previsões para o PIB, mas o advento da pandemia tornou o cenário obscuro e a previsão, agora, é de encolhimento.

“Em decorrência da ausência de planejamento prévio, acabaram nos arrastando [para a recessão] mais no questão do isolamento. Com isso, as pessoas não conseguiram consumir, e verificamos um impacto no poder de compra da população”, o que acabou prejudicando esses setores. Ele acrescentou ainda que a queda da demanda da China acabou afetando as exportações de commodities e produtos agrícolas para a Ásia.

De fato, a China é o maior parceiro comercial do MS, e os efeitos da crise por lá acabam respingando por aqui. As exportações para os chineses garantiram um superávit de US$ 24,3 milhões na balança comercial do MS nos quatro primeiros meses de 2020. Entre janeiro e abril deste ano, as vendas de produtos sul-mato-grossenses para o gigante asiático cresceram 4,7% na comparação com o  mesmo período do ano passado. No entanto, a China teve a primeira queda do PIB no mesmo período, amargando um recuo de 6,8% do PIB no primeiro trimestre. Além disso, dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) mostram uma forte queda das exportações para dois dos três maiores parceiros comerciais do Estado: Estados Unidos (-37,03%) e Argentina (-12,34%).

Hudson também disse que é difícil prever os resultados econômicos dos próximos trimestres diante da pandemia. Tudo depende da vacina ou algum tipo de informação que gere alguma segurança para que as pessoas voltem a consumir”, disse. “Não se vê, no curto prazo, a ideia de uma vacina, e por consequência, muitos estabelecimentos já adoram medidas de bio segurança, que traz confiança ao consumidor. “Como empreendedor, não tem como cultivar os mesmos hábitos de antes da pandemia”.

Comércio varejista

O comércio varejista do Estado também amargou duras perdas com as medidas de isolamento impostas pela emergência de saúde. Ouvido pelo Jornal Midiamax, o presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) do MS, Adelailo Vila, afirmou que as poucas pessoas que se arriscam a fazer compras no varejo estão consumindo menos, e, com isso, o prejuízo fica com o logista.

Ele explicou que, no caso de Campo Grande, o comércio já havia apresentando um desempenho morno nos últimos anos diante do aumento do desemprego e das sucessivas obras em áreas centrais da cidade, que forçaram o fechamento de muitas lojas de rua antes mesmo da pandemia. Só na capital, o comércio varejista emprega 320 mil pessoas. No estado, como um todo, o setor emprega 760 mil, ainda de acordo com Adelailo.

Ele também citou o congelamento dos salários dos servidores públicos como um fator de preocupação, uma vez que a categoria apresenta um grande poder de compra e os efeitos do congelamento devem ser sentidos também no comércio. “Nossa grande expectativa é na chegada dos financiamentos por parte do governo”, afirmou.

Adelailo prevê que o comércio varejista comece a se recuperar a partir de agosto, com uma possível flexibilização das medidas de isolamento.

 

 

 

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