Em meio à pandemia, Campo Grande perdeu 5,5 mil vagas de trabalho no 1º semestre

Caged aponta 38,2 mil contratações e 43,7 mi demissões de janeiro a junho; já MS registrou saldo positivo de 1,4 mil vagas no mês passado.

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Em meio à pandemia de coronavírus e as restrições necessárias para atividades comerciais, entre os meses de janeiro e junho, Campo Grande perdeu 5,5 mil postos de trabalho, conforme dados do Caged divulgados nesta terça-feira (28).

No mês passado, 346 postos de trabalho foram fechados na Capital, na contramão do que ocorreu em Mato Grosso do Sul –as atividades industrial e agropecuária puxaram a geração de vagas e permitiram um saldo positivo de quase 1,5 mil empregos no mês.

De acordo com os dados da Secretaria Especial do Trabalho, do Ministério da Economia, Campo Grande registrou em junho 4.923 contratações e 5.269 demissões. A diferença, de -0,18%, representou o fechamento de 346 postos de trabalho.

No ano, porém, o impacto é maior: foram 38.270 contratações na cidade e 43.791 demissões. Nesses seis meses, perderam-se 5.521 vagas no mercado de trabalho, uma variação relativa de 2,79% negativos.

Depois de um janeiro com saldo negativo de 89 demissões (7.084 contratações e 7.173 desligamentos), fevereiro registrou salto com a abertura de 1.051 vagas (8.297 admissões e 7.246 demissões), ainda sem os efeitos da pandemia na atividade comercial. A partir de março, porém, quando os problemas causados pelo coronavírus na economia se espalhavam pelo país, a cidade perdeu 586 postos de trabalho (7.683 contratados e 8.269 dispensados).

O baque ocorreu em abril, com 4.101 dispensas, em meio a medidas como a proibição de aglomerações em estabelecimentos comerciais a fim de evitar contaminações. Naquele mês, o mercado de trabalho ainda permitiu 3.239 contratações em Campo Grande, mas dispensou 7.340 pessoas. Maio teve 3.999 vagas preenchidas e outras 5.537 fechadas –saldo negativo de 1.538.

“Em Campo Grande temos de ressaltar a diferença no perfil da atividade econômica. Na Capital, temos uma concentração relativamente grande na indústria, comércio e serviços”, explicou, via assessoria, Jaime Verruck, titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Produção e Agricultura Familiar).

MS fecha junho com saldo positivo de 1.433 vagas de trabalho

Mato Grosso do Sul, por outro lado, teve um junho de melhora, empurrado principalmente por setores como a agropecuária e indústria. Foram geradas 13.934 vagas de trabalho no Estado, com 12.501 demissões, um saldo positivo de 1.433 –o que ajudou a reduzir o deficit no ano de 2020. De janeiro a junho, foram 100.918 contratações e 101.535 demissões nos 79 municípios, saldo negativo de 617 vagas.

A maior contribuição para a abertura de vagas veio da indústria de transformação, com 823 empregos gerados. Os setores de eletricidade e gás e de água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, por sua vez, demitiram juntos 125 trabalhadores, pressionado o campo “Indústria Geral” para baixo (o fechamento foi positivo em 704 vagas). Na agropecuária, produção florestal e aquicultura foram 526 vagas abertas.

Na sequência, o comércio e o setor de reparação de veículos aparecem 373 empregos gerados; enquanto o setor de transporte, armazenagem e correio, que integram o campo de serviços, abriram 221.

Os serviços vieram em baixa, porém, graças ao fechamento de postos no setor de alojamento e alimentação (hotéis e restaurantes), com menos 284 postos de trabalho; e o fechamento de 119 vagas no setor de atividades profissionais, científicas e técnicas.

O campo “Outros Serviços” do Caged apontou retração de 112 vagas, 44 apenas nas atividades de Artes, Cultura, Esporte e Recreação (atividades atingidas em cheio pela pandemia).

No entanto, o saldo estadual para o primeiro semestre também é negativo, com menos 3.017 empregos formais –o saldo é de 175 vagas quando se cruzam dados de todos os setores.

“O saldo positivo no mês de junho é uma boa notícia para o nosso Estado. Importante destacar que a retomada da atividade econômica e geração de empregos na Indústria e demais setores, como a Agropecuária e Comércio, ocorre após a implantação dos protocolos de biossegurança, acompanhados pelo Governo do Estado. Várias empresas que haviam parado retomaram suas atividades. O setor de Serviços ainda é o mais impactado pela Covid”, sintetizou Verruck.

Entre os municípios, os números positivos vieram justamente de cidades que tem a agropecuária e a agroindústria como seus principais motes: Naviraí gerou 920 vagas; Caarapó, 551; Rio Brilhante, 508; Nova Andradina, 411; Dourados, 406; Sidrolândia, 320; Sonora, 315; Água Clara, 308; e São Gabriel do Oeste, 283.

Verruck ainda considera que o aumento do desemprego por conta da Covid-19 é preocupante, contudo, disse enxergar um ajuste na capacidade de geração de empregos nas empresas, que deve ser lento. “O principal impacto, no entanto, ocorre nas micro e pequenas empresas, onde a sinalização de retomada é muito pequena. Continuamos em um período preocupante em função dos impactos econômicos da Covid e vários setores ainda são extremamente afetados na sua capacidade de geração de emprego”, disse.

Caged aponta melhora nacional em junho, mas país tem 1,19 milhão de desempregados

Nacionalmente, o Caged apontou melhora em junho na comparação com maio, com aumento no volume de admissões (foram 172.520 a mais, com 895.460 feitas ante 722.940) e menos demissões (166.799 a menos em todo o país, com 906.444 em junho e 1.073.243 em maio). O saldo do mês foi negativo em 10.984 vagas no Brasil, ante as 350.303 fechadas em maio.

Em relação a abril, pior mês em termos das admissões, junho teve incremento de 43% e queda de 41% nas demissões. No acumulado do ano, o saldo do emprego formal fechou o primeiro semestre negativo em 1.198.363 vagas, com 6.718.276 admissões e 7.916.639 desligamentos.

Centro-Oeste (com 10.010 vagas), Norte (6.547) e Sul (1.699) tiveram saldo positivo na geração de empregos. O Sudeste teve a perda de 28.521 vagas de trabalho e o Nordeste, 1.341. E, dentre os 27 Estados, 17 tiveram saldo positivo, com destaque para Mato Grosso, em função do cultivo de soja; Pará, com o bom resultado na construção civil; e Goiás, com a produção de álcool e construção civil.

O setor com melhor desempenho na criação de vagas em junho foi a agropecuária, com 36.836 novas vagas; seguido da construção civil, com saldo positivo de 17.270.

O trabalho intermitente teve saldo positivo de 5.223 empregos gerados, resultado de 11.848 admissões e 6.625 desligamentos. Já o regime de tempo parcial somou 5.889 admissões e 11.461 desligamentos.

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