Em Campo Grande, ‘fique em casa’ acaba beneficiando comerciantes nos bairros

Com a crise causada pelo coronavírus e as restrições para o controle da pandemia, o comércio no Centro amarga prejuízos em Campo Grande. Por outro lado, com as pessoas circulando menos pela cidade e optando por comprar perto de casa, as lojas nos bairros têm conseguido se manter e algumas até têm tido mais lucro […]

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Com a crise causada pelo coronavírus e as restrições para o controle da pandemia, o comércio no Centro amarga prejuízos em Campo Grande. Por outro lado, com as pessoas circulando menos pela cidade e optando por comprar perto de casa, as lojas nos bairros têm conseguido se manter e algumas até têm tido mais lucro durante a pandemia. 

Em Campo Grande, 'fique em casa' acaba beneficiando comerciantes nos bairros
As vendas quase dobraram no comércio de Valdomiro. (Foto: Henrique Arakaki)

O comerciante Valdomiro Passos, de 70 anos, foi surpreendido com o aumento nas vendas com a pandemia. Ele conta que tem uma loja no bairro Moreninhas há 17 anos e que o rendimento quase dobrou. “Acho que em todo o ramo de construção aumentaram as vendas, foi ótimo para o nosso ramo. As pessoas se tocaram que não precisam ir ao centro para comprar algumas coisas”, comenta. 

Valdomiro conta que com o aumento das vendas, até ampliou a loja e tem mais funcionários, que são da própria família. “As pessoas ficam em casa, começam a perceber que têm coisas pra arrumar. A esposa pede pro marido ‘ah arruma o chuveiro aqui, essa pia ali”, diz. Ele também acredita que a redução da frota de ônibus desestimulou as pessoas a irem ao centro. 

O vendedor João Gabriel Ferreira, de 23 anos, trabalha em uma loja de utilidades e percebeu que está vendendo mais brinquedos e artigos de papelaria porque as crianças precisam brincar e estudar em casa. “Aumentou o movimento com a pandemia. Não foi muito, mas o suficiente para não fechar as portas”. 

Em Campo Grande, 'fique em casa' acaba beneficiando comerciantes nos bairros
Luana se preocupa com o lockdown aos fins de semana. (Foto: Henrique Arakaki)

Uma vendedora em loja de móveis e colchão nas Moreninhas, que não quis se identificar, conta que achou que as vendas iriam parar com a pandemia, mas aconteceu o contrário. “Estamos vendendo mais cama, como o pessoal ficando em casa, às vezes decidem comprar móveis de mais utilidade”, diz. 

Luana Campos de Oliveira, de 23 anos, trabalha em uma loja de sapatos e conta que as vendas caíram um pouco, mas foram suficientes para não fechar. “A gente achou que ia cair muito mais. Tá difícil porque o nosso horário é o mesmo do centro, das 9h às 17h. [O lockdown] aos sábados vai prejudicar porque era um dia de bastante movimento”. 

Comércio nos bairros ficou mais atrativo

Conforme levantamento feito pela SPC Brasil e CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, antes da pandemia havia 43.923 microempresas na Capital. Destas, 4.730 fecharam nestes quatro meses de pandemia de coronavírus.

O presidente da CDL, Adelaido Vila, explica que o número de empresas fechadas pode ser maior, já que algumas não conseguiram encerrar o negócio ainda. “Existem empresas que não conseguem fazer o fechamento total, não estão em dia com imposto, tributos, por conta disso não temos um número real”, diz.

Em Campo Grande, 'fique em casa' acaba beneficiando comerciantes nos bairros
Presidente da CDL diz que comércio nos bairros está cada vez mais atrativo. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo Midiamax)

Diante da crise causada pela pandemia, Adelaido explica que o comércio nos bairros tem cada vez mais força e oferece mais vantagens. Ele ressalta que os aluguéis no centro estão cada dia mais caros e a fiscalização é mais intensa e rígida na área central. Além disso, o comerciante do bairro geralmente contrata funcionários que moram próximos ao local, ou seja, não precisa pagar o transporte coletivo e o funcionário não terá os 6% descontados do salário. 

“No bairro eu contrato pessoas que moram perto, essa pessoa ganha qualidade de vida, pode almoçar em casa, o trabalho é mais perto da casa dela. Fica mais barato para esse trabalhador, ele não tem desconto de 6%, e ele não passa horas no transporte público”.

Segundo o presidente da CDL, o comércio nos bairros ganhou características diferentes e tem sido mais atrativo, o que reflete numa mudança de comportamento do consumidor pós-pandemia.

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