Dólar ultrapassa R$ 5,30 com instabilidade no mercado de petróleo

Em meio às incertezas domésticas e à instabilidade no mercado de petróleo, o dólar comercial ultrapassou a barreira de R$ 5,30 e fechou no maior valor desde o início do mês. A moeda encerrou esta segunda-feira (20) vendida a R$ 5,309, com alta de R$ 0,073 (+1,4%). Esse foi o maior valor registrado desde 3 […]

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Em meio às incertezas domésticas e à instabilidade no mercado de petróleo, o dólar comercial ultrapassou a barreira de R$ 5,30 e fechou no maior valor desde o início do mês. A moeda encerrou esta segunda-feira (20) vendida a R$ 5,309, com alta de R$ 0,073 (+1,4%). Esse foi o maior valor registrado desde 3 de abril, quando a cotação tinha fechado em R$ 5,326, e o segundo maior nível nominal – sem considerar a inflação – desde a criação do real.

A cotação operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 15h45, a moeda superou R$ 5,31. A divisa acumula alta de 32,3% em 2020.

A alta poderia ter sido maior caso o Banco Central (BC) não tivesse intervindo no mercado. A autoridade monetária vendeu US$ 500 milhões à vista das reservas internacionais e leiloou US$ 1,187 bilhão em operações compromissadas, em que o dinheiro volta para o caixa do BC depois de alguns meses.

Bolsa de valores

A bolsa de valores também foi afetada pela instabilidade no mercado de petróleo. Depois de subir na sexta-feira (17), a B3 (bolsa de valores brasileira), fechou esta segunda aos 78.973 pontos, com pequena queda de 0,02%. O indicador oscilou bastante ao longo do dia, alternando momentos de alta e de baixa, mas foi influenciado pelo mercado externo perto do fim de sessão. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou esta segunda com forte recuo de 2,44%.

Há várias semanas, mercados financeiros em todo o planeta atravessam um período de nervosismo por causa da recessão global provocada pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus. As interrupções na atividade econômica associadas à restrição de atividades sociais travam a produção e o consumo, provocando instabilidades.

A perspectiva de que vários países da Europa e regiões dos Estados Unidos relaxem as restrições após o número de novos casos ter se estabilizado tinha animado os mercados na semana passada, mas a divulgação, por diversos países, de que o tombo na economia em 2020 pode ser maior que o esperado afetou diversos mercados, como o do petróleo.

Petróleo

Nesta segunda-feira, a cotação do barril de petróleo do Texas, referencial para o mercado norte-americano, fechou com preço negativo pela primeira vez na história. Os contratos futuros dos barris do tipo WTI para maio, que vencem amanhã (21) encerraram o dia em -US$ 37,63, com queda de 300% num único dia.

Isso ocorreu porque, com a queda na demanda de petróleo, está faltando espaço para armazenar o combustível, o que fez muitos investidores vender os contratos a qualquer custo, pagando para outras pessoas estocarem os barris que não têm condições de armazenar. Os contratos com vencimento em maio não estão mais ativos, mas a negociação de hoje serviu de alerta para o que pode acontecer no vencimento dos contratos do barril do tipo Brent, usados como parâmetro pela Petrobras e referencial internacional da cotação de petróleo.

Por volta das 19h, o Brent era vendido a US$ 25,99, com queda de 7,44%. A turbulência refletiu-se nas ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) desvalorizaram-se 0,9% nesta segunda. Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) tiveram queda de 1,12%.

A guerra de preços de petróleo começou há um mês, quando Arábia Saudita e Rússia aumentaram a produção, mesmo com os preços em queda. No início do mês, a cotação do barril do tipo Brent chegou a operar abaixo de US$ 20, no menor nível em 18 anos. Segundo a Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável para cotações a partir de US$ 45.

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