Costureiras trocam roupas por máscaras e procura por tecidos dispara em Campo Grande
A crise decorrente do novo coronavírus obrigou a muitos segmentos se reinventarem para sobreviver. Com costureiras e fábricas de confecção não foi diferente: a nova recomendação do Ministério da Saúde para uso de máscaras, mesmo que de tecido, ao sair de casa como proteção adicional causou aumento significativo do movimento em lojas de tecidos de […]
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A crise decorrente do novo coronavírus obrigou a muitos segmentos se reinventarem para sobreviver. Com costureiras e fábricas de confecção não foi diferente: a nova recomendação do Ministério da Saúde para uso de máscaras, mesmo que de tecido, ao sair de casa como proteção adicional causou aumento significativo do movimento em lojas de tecidos de Campo Grande.
Nesses locais, a procura é por tecidos como algodão e tricoline, mais recomendados para confecção artesanal dos equipamentos de proteção, já que os modelos industriais – e mais eficientes – estão em falta nas farmácias. As vendas se concentram basicamente pela internet. De Instagram até o OLX, anúncios de vendas das máscaras de tecido se tornaram comuns, com preços que variam de R$ 5 a R$ 20.
A movimentação em lojas do ramo é crescente e observado desde a última terça-feira (7), quando o comércio de Campo Grande voltou a funcionar, com restrições. Nesses locais, filas foram registradas nas primeiras horas do funcionamento das lojas e estoques de alguns tecidos chegaram a esgotar. O fluxo é rápido: com máscaras, vendedores atendem os clientes, cortam o tecido e seguem para o próximo atendimento.
Proprietário de uma empresa que só trabalha com malhas, o empresário Magno Tavares, destacou a grande procura pelo algodão. “A demanda subiu coisa de 80% e já está em falta no estoque. As pessoas buscam especificamente o tecido branco e a maioria da procura é por costureiras e por empresas, com foco em produção de máscara”, detalha.
No estabelecimento, um quilograma do item, que corresponde a cerca de 2,5 metros de tecido, sai a R$ 18. “O branco foi o mais procurado e já está em falta. Encomendei 2,5 mil kg, mas já está tudo vendido”, acrescenta.
Vendedora na Sul Malhas, Cíntia da Silva, de 39 anos, destacou que a procura pelo tricoline aumentou em cerca de 80% desde a terça-feira – ela mesma usava um modelo de tecido. O produto custa R$ 19,90 e não teve aumento. Os modelos lisos já esgotaram. “Temos somente os rolos estampados. É um tecido que quase não saia, mas é o que mais está vendendo. A maioria dos clientes são costureiras”, pontuou. Segundo Cíntia, há apenas 29 rolos com estampas. Até ontem, eram 35.
Linha de produção
Com vendas em baixa, principalmente de itens de vestuário, empresas de MS também viram na confecção das máscaras uma forma de manter a produção e obter renda. Como Cleverson Mateus, proprietario da camisetaria K7.
“Nós nunca fabricamos máscaras, sempre fazíamos uniformes. Por necessidade, aderi. Foi uma oportunidade de aproveitar o maquinários e os funcionários”, detalha. Segundo Mateus, cuja fábrica produz 300 unidades de máscaras por dia, funcionários antigos receberam férias. “Os novos foram inseridos nessa linha de produção. Vendemos a unidade a R$ 5”, revela.
Também na linha de produção, a costureira Lucila da Silva, de 59 anos, também foi ao Centro comprar um estoque de tricolina. “Eu já tinha em casa, comecei a fazer porque na igreja sabiam que eu era costureira e começaram a encomendar. Já fiz 15 unidades, que vendo a R$ 10. Usei o molde de uma máscara comprada na farmácia”, detalha.
Também costureira, Daniela Acosta, de 47 anos, trabalhava na confecção de vestidos de festa e também aderiu à produção de máscaras para atravessar a crise. “Casamentos e formaturas todos adiados, não ia ter cliente. Comprei tricoline e usei o molde de uma máscara de farmácia. Estou produzindo cerca de 60 por dia. Infelizmente não dá para escolher muito as cores, mas as lisas acabaram, só tenho estampada”, conclui.
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