Bolsa fecha em queda de 12,17%, maior perda diária desde setembro de 1998
A iniciativa da Arábia Saudita de colocar pressão extra no cenário externo, ao decidir unilateralmente elevar a produção de petróleo em um momento de forte dúvida sobre o nível da demanda, reforçou a onda global de aversão a risco, que resultou em queda de 12,17% nesta segunda-feira, 9, para o Ibovespa, a maior perda em […]
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A iniciativa da Arábia Saudita de colocar pressão extra no cenário externo, ao decidir unilateralmente elevar a produção de petróleo em um momento de forte dúvida sobre o nível da demanda, reforçou a onda global de aversão a risco, que resultou em queda de 12,17% nesta segunda-feira, 9, para o Ibovespa, a maior perda em porcentual para o índice brasileiro desde a crise da Rússia, em 1998 – em 10 de setembro daquele ano, a queda foi de 15,83%. O giro financeiro totalizou R$ 43,9 bilhões, o maior do período pós-carnaval, quando a aversão a risco e a volatilidade se acentuaram com a progressão do coronavírus pelo mundo. Na mínima do dia, o Ibovespa foi hoje aos 85.879,64 pontos, tendo saído de máxima a 97.982,08 pontos – uma variação de mais de 12 mil pontos.
Aos 86.067,20 pontos no fechamento de hoje, o principal índice da B3 atingiu assim o menor nível desde a sessão encerrada em 27 de dezembro de 2018, quando estava a 85.460,21 pontos. Em dólar, o Ibovespa está agora no menor patamar desde setembro do mesmo ano, quando o mercado apenas começava a antecipar que o candidato do PT, Fernando Haddad, não venceria a eleição presidencial daquele ano.
Com o choque de oferta de petróleo anunciado no fim de semana pela Arábia Saudita, em aparente disputa com outro grande produtor, a Rússia, um segundo elemento de peso foi acrescentado de ontem para hoje a um cenário global já em franca deterioração pelo coronavírus, com a disseminação da doença fora da China, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. “É preciso esperar agora uns dois ou três dias para ver se a situação vai se assentar ou não”, acrescenta.
“O momento é de cautela, o investidor precisa pensar com calma e ter algum sangue-frio para não sair no pior momento”, diz Victor Lima, analista da Toro Investimentos, que vê oportunidade de giro em direção a ações de bancos, energia e educação.
Com a deliberação saudita – após a fracassada reunião da Opep+ na semana passada para coordenar reação conjunta ao coronavírus -, o contrato do Brent para maio fechou a sessão desta segunda-feira, na ICE, em queda de 24,10%, a US$ 34,36, com as duas ações da Petrobras (PN e ON) mantendo-se na ponta negativa do Ibovespa desde o começo do dia, que incluiu um circuit breaker por aqui e outro em Wall Street. Por sua vez, os futuros do índice de ações da B3 ficaram vendedores no limite de baixa por três vezes na sessão, aos 86.080 pontos na mínima do dia.
Entre as componentes do Ibovespa, a preferencial e a ordinária da Petrobras cediam 29,7% no fechamento da sessão, na ponta negativa, à frente de CSN (-25,29%) – nenhuma ação dentre as componentes do Ibovespa fechou o dia em terreno positivo. Nesta segunda-feira, os três índices de Nova York fecharam com perdas acima de 7%, com destaque para queda de 7,79% para o blue chip Dow Jones, no que foi, assim como para o S&P 500, a maior perda diária desde 2008.
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