Gasolina teve queda de menos 1% no ano e alta perto do Natal

Dados são da Agência Nacional de Petróleo

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Dados são da Agência Nacional de Petróleo

Para os motoristas, o ano de 2016 foi marcado por especulações, promoções, aumentos repentinos nos postos de combustíveis e denúncias de cartel em Campo Grande. Outra situação que os consumidores estranharam, foi a queda no preço do combustível nas refinarias, mas que nunca chegou à população. 

Mesmo com duas quedas no valor da gasolina nas refinarias, anunciadas pela Petrobras, o preço do combustível é atualmente, apenas 1% mais barato do que no mesmo período do ano passado, em Campo Grande. Porém, os consumidores devem receber um presente de Natal amargo vindo da Petrobras. A estatal anunciou aumento de 8,1% na gasolina e, se o aumento for repassado integralmente às bombas, o litro do combustível em postos da Capital pode chegar a R$ 3,61. 

Durante o ano, também foi destaque a guerra nos preços entre os empresários, o que agradou consumidores que investiram na busca por melhores preços e conseguiram abastecer o veículo, em alguns momentos, por até R$ 3,09.  A gasolina começou o ano custando, em média, R$ 3,43 e no fim de novembro, a média era de R$ 3,36. Em novembro de 2015, o valor foi de R$ 3,391.

CPI

por outro lado, a guerra pelo melhor preço não agradou a todos os donos de postos. Os empresários, que não fazem parte de grandes redes acionaram os órgãos competentes, alegando concorrência desleal. Teve CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e inquérito do MPE MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) para acompanhar o preço da gasolina.

A CPI levou em consideração acontecimentos de 2015 e deste ano, sendo finalizada em junho de 2016. Ainda durante o meio de 2015, a população foi surpreendida por um aumento repentino no valor dos combustíveis. Na época, o preço da gasolina comum, que na sexta-feira era R$ 2,89, na segunda-feira era de R$ 3,44 nos 38 postos fiscalizados. Indicando a possibilidade da formação de carte. O Procon teve de ser acionado para verificar a situação. 

A CPI terminou com apontamento de irregularidades tanto na venda quanto em relação a fiscalização da qualidade do combustível. O relatório, com mais de 20 mil documentos foi encerrado em junho deste ano. 

Como é formado o preço da gasolina e margem de lucro

A formação dos preços dos produtos pelas empresas leva em conta todos os custos envolvidos na aquisição/produção da mercadoria, as despesas envolvidas na sua atividade, os tributos incidentes sobre a operação de venda, bem como a margem de lucro desejada.

Em Mato Grosso do Sul, a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) informou que de janeiro a novembro de 2016, o Tesouro Estadual arrecadou R$ 1,342 bilhão com o setor de combustíveis. No cálculo estão inseridos, gasolina, álcool, diesel e gás natural).

O lucro leva em consideração as questões de demanda e concorrência. Durante a CPI dos combustíveis, foi apurado que a margem de lucro dos empresários com a gasolina, em Campo Grande, fica entre 3% e 39%. A do etanol, variou entre 5% e 55% e a do diesel, entre 6% e 25%. Em operações dentro do Estado, o preço do combustível é formado por:
a. Custo de aquisição dos combustíveis a%
b. ICMS b%
c. Rateio de despesas operacionais e tributos sobre lucro c%
d. Margem de lucro d%
Preço de Venda (a+b+c+d) 100%

No caso das distribuidoras e postos, CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), PIS e COFINS já fazem parte do custo de aquisição.

Mudança na política de preços

Outra mudança para os consumidores, foi a nova política de preços anunciada pela Petrobras, em outubro. A população terá de se acostumar com os anúncios mensais do percentual de queda ou elevação do preço do combustível, com base os preços da commodities praticados no mercado internacional e avaliações mensais dependendo da oscilação do preço dos produtos no mercado global. A última mudança ocorreu na terça-feira (6), quando a empresa anunciou alta de 9,5% no diesel e de 8,1% na gasolina.

A prática é diferente da política adotada pela ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu críticas por segurar a oscilação do preço dos combustíveis em momentos de valorização do petróleo no exterior.

Sobre o etanol, o aumento foi de R$ 13% em Campo Grande (novembro: 2015 R$ 2,556 – novembro 2016: R$ 2,889), aumento de 13% e, 11% no Estado (novembro: 2015 R$ 2,650 – novembro 2016: R$ 2,2961)Gasolina teve queda de menos 1% no ano e alta perto do Natal

Sindicato lava as mãos para o preço

Durante o ano, o Sinpetro MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul) se posicionou várias vezes informando que cumpre apenas o papel institucional dentro de suas prerrogativas junto aos seus associados, e, portanto, não estabelece valores de revenda do combustível. 

Como resultado, a entidade não divulga nenhuma informação com relação aos valores dos combustíveis praticados nos estabelecimentos comerciais. No Estado, são aproximadamente 520 postos de combustíveis que fazem parte do sindicato. Em Campo Grande, há pelo menos 160 empresários e alguns, possuem rede com vários postos. 

Consumidores pesquisam

Para enfrentar as altas da gasolina, os consumidores investiram em pesquisa de preço, porém, se dizem reféns da situação, pois, não tem como deixar o carro em casa. “Tem que ficar olhando todos os dias e aproveitar quando tem promoção. Porque vai fazer o que? Não tem como ir trabalhar todos os dias de ônibus”, comenta a vendedora Meiriele Thomás. 

O autônomo Vander Dias de Oliveira afirma que a motocicleta é mais em conta. “Não dá para ter carro com os preços assim. O nosso salário não acompanhou o preço da gasolina e o álcool, já deixou de compensar há muito tempo”. 

Quedas na refinaria 

A primeira diminuição nos preços dos combustíveis foi anunciada pela Petrobras em 14 de outubro. Era a primeira queda em cinco anos. A companhia decidiu reduzir o preço do diesel em 2,7% e da gasolina em 3,2% na refinaria.

A Petrobras anunciou no dia 8 de novembro que os preços nas refinarias cairia novamente: 3,1% na gasolina e 10,4% no diesel. A empresa avisou que, se o ajuste for integralmente repassado para os consumidores, o diesel pode cair cerca de R$ 0,20 por litro, e a gasolina, R$ 0,05 por litro. A redução faz parte da política de preços anunciada no mês passado.

Porém, nos postos de combustíveis de Campo Grande e de outros estados nenhuma redução significativa foi verificada. 

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