Produtor de MS vai à Justiça contra demarcação

As 26 cidades onde há terras passíveis de demarcação indígena somam 12 milhões de hectares

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

As 26 cidades onde há terras passíveis de demarcação indígena somam 12 milhões de hectares

Depois de a Justiça Federal determinar que a União conclua em um mês a demarcação de terras indígenas de 26 municípios de Mato Grosso do Sul e indenize as propriedades rurais onde há ocupação de indígenas, produtores do Estado e o Ministério da Justiça decidiram recorrer da liminar concedida no último dia 19.

A Famasul, entidade que representa o setor agropecuário sul-mato-grossense, não concordou com a decisão, alegando não ter sido consultada e que as populações indígenas que hoje se encontram em áreas produtivas do centro-sul do Estado não têm direito de ocupar essas terras pois não estavam lá em 5 de outubro de 1988, como determina a Constituição Federal.

“Nós achávamos que essa decisão aparentemente poderia ser boa para os produtores e que haveria compensação justa, pois ela reconhece o pagamento de indenização. Mas isso não vai acontecer”, afirma Gustavo Passarelli, advogado da Famasul.

Para Passarelli, o cerne da questão não é que o produtor rural seja indenizado, mesmo porque há processos judiciais que determinam indenizações a agricultores e se arrastam há 20 anos na Justiça, até hoje sem solução, afirma. O correto, argumenta ele, seria que fossem cumpridas outras liminares para reintegração de posse nessas propriedades, ou seja, visando a desocupação indígena.

“A Federação não concorda com a decisão porque é contra as demarcações, considerando a realidade fundiária das propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, que em sua maioria datam de 1930, 1940 e são de legítima titularidade dos proprietários”, argumenta o advogado.

As 26 cidades onde há terras passíveis de demarcação indígena somam 12 milhões de hectares e, segundo levantamento da Famasul, estão inseridas nos principais polos agropecuários do Estado, como Maracaju, Dourados, Douradina e Ponta Porã, por exemplo. Ainda de acordo com a entidade, estariam em jogo indenizações que somam aproximadamente R$ 4,5 bilhões.

O Ministério da Justiça informou que recorrerá da decisão judicial porque não há tempo hábil para a conclusão dos estudos para demarcação de terras indígenas. Tanto a Famasul quanto a Pasta irão recorrer dentro de 10 dias.

Conteúdos relacionados

Bolsa Família
salário