Preço do boi brasileiro atinge maior valor da história
Apesar da alta dos preços, é preciso atenção ao consumo interno da carne brasileira
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Apesar da alta dos preços, é preciso atenção ao consumo interno da carne brasileira
Com o tatersal do parque de exposições cheio apesar da chuva, o Sindicato Rural (SR) de Itarumã recebeu, na noite de quinta-feira (19/3), a penúltima edição dos Encontros Regionais da Pecuária de Corte. O evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), reuniu cerca de 200 produtores, técnicos e empresários em busca de conhecimento sobre o cenário econômico para o boi gordo. Durante a palestra do consultor de mercado Rodrigo Albuquerque, os produtores souberam de um dado histórico: no dia 19 de março, o preço do boi brasileiro atingiu o maior valor já registrado até então.
Rodrigo Albuquerque, que já percorreu sete municípios goianos apresentando a palestra “Cenário econômico e perspectivas para a pecuária de corte”, afirmou aos produtores que, como pode ser notado pela alta do preço da arroba, o ano de 2015 será de altos retornos, mas também de altos riscos. “Hoje, o preço da arroba do boi é de R$ 146,22. Nunca antes o boi alcançou esse preço. O cenário, agora, é de firmeza, que pode ser externada através dessa alta da arroba e da resistência contra a queda de preços, mas o conjunto clima, política e economia irá exercer cada vez mais pressão na demanda do mercado interno por carne”, afirmou.
Para o consultor, apesar da alta dos preços, é preciso atenção ao consumo interno da carne brasileira, responsável por 80% da compra do que é produzido no país. “Num momento de arrocho, a dona de casa substitui a carne bovina por carne de frango, que há mais de um ano tem custado, em média, 50% menos que a carne bovina”, explicou. Por isso, Rodrigo considerou que a alta do dólar, que empurra os preços para cima, pode também impactar negativamente na atividade, uma vez que reflete no aumento da inflação e na consequente queda de poder de compra do consumidor brasileiro.
O consultor afirmou ainda que o elo da cadeia produtiva da carne que está em melhor situação, no momento, é a cria de bovinos. Rodrigo explicou que o mercado de bezerros está buscando um novo equilíbrio e o bezerro não é mais um subproduto da cadeia, mas sim um animal geneticamente superior que tem o preço cada vez mais valorizado. A informação foi comprovada pelo pecuarista Antônio Donizette Mesqiare, especialista em cria. “Já faz tempo que eu não preciso mais sair da fazenda para vender os meus bezerros. Os compradores vêm me procurar aqui e pagam pelos animais com até seis meses de antecedência. A minha safra deste ano mesmo já foi toda vendida em janeiro”, afirmou o produtor.
Antônio Mesqiare atribui o sucesso de seus bezerros à tecnificação da atividade e a sua busca constante por profissionalização. “Eu procuro a informação para levar conhecimento para as nossas fazendas e aplicar tecnologia. Hoje eu tenho o maior orgulho de ter aprendido muito fazendo os cursos do Senar e participado de palestras”, informou.
Assistência técnica
Assim como o Antônio Mesqiare, diversos produtores de Itarumã, município que possui o décimo maior rebanho de gado de corte do Estado, produzem grandes resultados no campo. A parceria do Sindicato Rural de Itarumã com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), além de render cursos e treinamentos, tem resultado num projeto experimental de assistência técnica a produtores de gado de corte.
Raí Valle Souza já é responsável pelo atendimento de produtores participantes do Programa Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio, do Senar Goiás, e agora inicia também o trabalho de assistência à criação de gado de corte. A propriedade escolhida para receber o projeto experimental foi a Fazenda Morrinho, arrendada pelo produtor Carlos Aparecido Silva.
“Nossa intenção era diminuir custos e aumentar a lotação do pasto”, justificou Raí Sousa, que apresentou os resultados do projeto experimental. Há dois anos, Carlos Aparecido arrendava 10 alqueires de terra e possuía 73 garrotes. O produtor vendeu alguns animais e passou a investir em apenas um alqueire. Hoje, a lotação é de 43 animais por alqueire, superando os resultados de dois anos atrás, quando um alqueire comportava apenas sete animais. “Tenho plena confiança que os resultados que conseguimos com o Balde Cheio podem também ser estendidos ao produtor de gado de corte. A gente mostrou que é possível ganhar dinheiro em áreas menores com um pouco de tecnologia”, afirmou o técnico, que orientou o produtor a investir, principalmente, na reforma das pastagens.
Propósito
A Faeg realiza os Encontros Regionias de Pecuária de Corte porque entende que, cada vez mais, a profissionalização do produtor deve chegar à comercialização dos produtos da agropecuária. Isso transmite eficiência e busca oferecer garantias à cadeia produtiva. Para a pecuária de corte, a Federação realiza ainda o Programa Pesebem, que realiza um acompanhamento do abate e garante a pesagem correta dos animais.
Em Itarumã e nos demais municípios que receberam os Encontros Regionais de Pecuária de Corte, os eventos foram realizados em parceira com a Caixa Econômica Federal e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. “A Faeg tem inovado dentro do mercado trazendo o que há de melhor para informar o produtor rural e as parcerias são muito importantes para realizarmos essas ações. O Sebrae abriu as portas para o meio rural e a Caixa já está levando mais recursos para o produtor. As parcerias são muito boas e fortalecem o meio rural”, afirmou o presidente do SR de Itarumã, Elson Freitas.
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