Grécia apresenta proposta aos europeus para tentar acordo
Atenas propõe mudança em alguns impostos para aumentar arrecadação
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Atenas propõe mudança em alguns impostos para aumentar arrecadação
O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, apresentou neste domingo (21) por telefone as proposta do país para “tentar um acordo benéfico” para todas as partes, a fim de encerrar o impasse em torno da dívida grega. A tentativa de um novo acerto foi apresentada à chanceler alemã, Angela Merkel, ao presidente francês, François Hollande, e ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
No novo plano, a Grécia mantém os três tipos do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), a 6,5%, a 13% e a 23%, propostos anteriormente.
Mas agora Atenas está disposta a mudar a taxação sobre alguns alimentos e o setor hoteleiro para aumentar a arrecadação, como pedem seus credores.
Quanto às pensões – uma das questões que mais gera conflito com os credores –, o governo grego pensa em abolir as aposentadorias antecipadas a partir do próximo ano, o que geraria uma economia de 200 milhões de euros, assim como reduzir os benefícios mais elevados.
De acordo com um comunicado do gabinete de Tsipras, divulgado um dia antes de uma reunião de cúpula crucial da Eurozona em Bruxelas, o acordo “deve dar uma solução definitiva e não provisória” à situação financeira da Grécia, país à beira do default (suspensão de pagamentos).
Ministro quer dispensar FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) não deveria continuar participando na ajuda financeira à Grécia, afirmou neste domingo o ministro de Estado grego Nikos Pappas, um dos coordenadores das negociações.
“Sou um dos que pensa que o FMI não deveria estar na Europa. Espero que encontremos uma solução sem a sua participação”, afirmou o colaborador do primeiro-ministro Alexis Tsipras ao jornal Ethnos.
Pappas considera que a Europa “não precisa” desta instituição com sede em Washington, que tem “uma agenda unilateral e em nada europeia”, e que o continente pode “seguir adiante sem ela e seu dinheiro”.
O FMI se associou em 2009 à União Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE) para a aplicação de um plano de ajuda financeira à Grécia, país sem acesso aos mercados por sua gigantesca dívida pública.
Dívida com o FMI expira este mês
Sem um acerto, a Grécia não deve conseguir pagar os 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI. Mesma situação dos 6,7 bilhões de euros que devem ser pagos ao BCE em julho e em agosto.
Após declarar a falta de pagamento, o banco central Europeu (BCE) limitaria o acesso da Grécia ao mecanismo de assistência aos bancos (ELA), uma das poucas fontes de liquidez do país. A instituição monetária europeia aumentou em duas ocasiões esse índice nesta semana, chegando até 87 bilhões de euros.
Isso significaria a imposição de um controle de capitais para evitar maiores sangrias nos depósitos, o que, segundo os analistas, poderia levar a um “corralito”.
Nesse caso, o governo poderia ser obrigado a emitir letras de câmbio para pagar os salários dos funcionários públicos e aposentados. E, a médio prazo, se não conseguir um acordo, criar uma nova moeda fortemente desvalorizada em relação ao euro.
Esse cenário é uma oportunidade para que a Grécia possa sair da crise, na avaliação de alguns analistas, mas também representa um grande risco. A introdução de uma moeda nacional desencadearia um círculo vicioso de inflação galopante, mercado negro e pobreza generalizada no país.
Se não for firmado um pacto nem no curto nem no médio prazo, a consequência final poderia ser a saída da Grécia do bloco econômico, um fato sem precedentes na zona do euro.
Os tratados europeus preveem a progressiva adesão à moeda única de todos os membros da UE, mas não o abandono do grupo. Por isso, analistas só acreditam que a saída do euro seja possível se o país também deixar a UE.
A incerteza fez com que nos últimos dias os saques tenham aumentado consideravelmente nos bancos gregos, chegando a 3 bilhões de euros só nesta semana.
No entanto, o governo grego destacou que o controle de capitais não será feito, que os depósitos têm garantia e que o sistema bancário do país é forte.
Nas ruas da capital grega, sem filas nos caixas eletrônicos, a situação econômica preocupa de forma diferente à população, que está sem perspectivas e sem uma noção clara de quais seriam os benefícios de sair da zona do euro.
Pesquisas mostram que a maior parte dos gregos é favorável à permanência. O último levantamento, realizado entre os dias 11 e 17 de junho pela empresa Public Issue e publicada pelo jornal “Avgi”, mostra que 60% da população apoia o euro. Outros 36% são contra.
Parte dos gregos teme que a saída da moeda comum deixe o país sem liquidez para pagar salários e pensões, agravando a situação de quem já está abalado nesses seis anos de crise.
Outros, por outro lado, defendem levar as negociações até o limite para conseguir que as exigências dos credores não sejam impostas. Como eles já perderam tudo, não temem voltar aos tempos do dracma, que consideram como beneficente a longo prazo.
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