Aumento de até 10% do pão francês pode deixar café da manhã mais caro
Brasil produz apenas metade do trigo usado e importa o resto que usa
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Brasil produz apenas metade do trigo usado e importa o resto que usa
O brasileiro vem sofrendo desde o começo do ano com o aumento no preço de vários itens importantes. O alto preço dos combustíveis e o reajuste da conta de luz, por exemplo, vem tirando o sono de muitos trabalhadores. E como se já não bastassem todos esses aumentos a inflação chega agora à mesa do café da manhã. O pão francês vai ficar mais caro.
E o grande vilão para a alta no preço de um item importante na mesa do brasileiro não é apenas o reajuste da energia, mas também a alta do dólar. É que o Brasil produz apenas metade do trigo usado para produzir pães, massas e biscoitos consumidos pelos brasileiros. O resto é importado e, portanto, diretamente afetado pela valorização do dólar.
Mesmo com tantas opções nas padarias que hoje vendem de tudo, de salgadinho a pães sofisticados, a grande estrela continua sendo o bom e velho pão francês. Mas é bom preparar o bolso. O pão nosso de cada dia é o próximo item que vai ficar mais caro para o consumidor. Deve aumentar entre 8% e 10%.
E não é só o francês. O pão doce, o de forma, o biscoito, os bolos, as massas. Tudo o que leva farinha de trigo deve subir de preço porque metade do trigo que a gente consome no Brasil é importada. E os preços são diretamente afetados pelo dólar, que já subiu 24% este ano.
Em algumas padarias os preços ainda não subiram, mas os donos dizem que é só uma questão de tempo. Mais 10 ou 15 dias, enquanto durarem os estoques da farinha que foi comprada antes da disparada do dólar. “Essa semana já fui notificado que vai ter aumento. Não tem como a gente fugir disso. Nós estamos pagando a matéria-prima bem mais cara. Não tem jeito. Infelizmente o consumidor tem que arcar com essa despesa”, afirma o vice-presidente da Apib do Centro-Oeste, Paulo Sérgio.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas, Pães e Bolos Industrializados diz que ano passado os produtos já tiveram um reajuste porque faltou farinha no mercado. Agora a culpa é, principalmente, do dólar, mas não é só dele não. “Energia elétrica está pesando muito desde o início do ano e também temos outros custos como combustível e até mão-de-obra”, ressalta Cláudio Zanão.
Se o aumento for de 10%, o pãozinho francês, por exemplo, vai subir só alguns centavos. Quem compra todo dia já pode ir fazendo as contas. “É o famoso de grão em grão a galinha enche o papo, né. Então R$ 3 por dia, R$ 0,30 a mais por dia, soma no final do mês, pesa”, afirma a gestora de políticas públicas Catarina Pinheiro.
“Com certeza pesa no bolso do consumidor porque afinal de contas não é só o pãozinho que está aumentando. Aumenta tudo junto e realmente hoje está difícil a gente ir ao supermercado, ir à padaria e fazer a mesma compra que fazia antes. Não consegue fazer mais, de jeito nenhum. Está tudo subindo, infelizmente”, lamenta a médica Séfora Almeida.
Por enquanto, os moinhos que fornecem a farinha para a indústria ainda não repassaram o aumento, o que deve ocorrer nos próximos dias. Para dar uma ideia do impacto desse aumento no dia a dia do brasileiro, somos o segundo país que mais consome biscoitos no mundo e o terceiro no consumo de massas.
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