De legitimidade questionável, escolhidos devem preencher vagas em caso de licença, morte ou renúncia do parlamentar 
Nas eleições deste ano, os candidatos ao Senado estão preparando uma de suplentes que ameaça ampliar o cordão dos políticos de legitimidade questionável em atuação na Casa. 
São parentes de candidatos, empresários financiadores de campanha, líderes religiosos e até “suplentes profissionais” escalados para assumir em caso de licença, morte ou renúncia dos titulares que forem eleitos nas urnas. 
O ex-governador do Amazonas Eduardo Braga (PMDB-AM) concorre a uma vaga no Senado com a mulher, Sandra, na suplência. 
O ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) escolheu o pai, Brito Miranda. 
O senador Mão Santa (PSC-PI) fez uma troca: a atual suplente, sua mulher Adalgisa, abriu espaço para a filha Cassandra. 
O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) também mudou de parente: o irmão Geovani, que assumiu a vaga de senador por três vezes, foi substituído na chapa por outro irmão, Geová. 
Governador cassado e agora candidato a senador, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) inscreveu um tio, Ivandro. 
A escolha de suplentes com base em critérios pouco justificáveis não é novidade e seus efeitos são bem conhecidos. A atual legislatura, marcada por sucessivos escândalos, chegou a ter, entre os 81 senadores em exercício, nada menos que 20 suplentes. 
Chama a atenção, porém, o fato de a prática ter se intensificado, justamente depois de uma legislatura que produziu casos como o dos atos secretos revelado pelo Estado. 
A prática, perpetuada pelo desinteresse dos parlamentares em mudar as regras, é apontada como uma das razões da fragilidade do Legislativo.