Inflação se espalha e 282 itens sobem de preço em fevereiro, em novo recorde

Em dezembro do ano passado, essa marca tinha sido atingida e era a maior desde o início da série em agosto de 1999

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Marcos Ermínio
Marcos Ermínio

A fatia de produtos e serviços que tiveram aumento de preços em fevereiro voltou a bater recorde histórico, atingido anteriormente em dezembro do ano passado. Dos 377 itens que compõem a inflação oficial do País medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 74,8% registraram aumento em fevereiro, aponta levantamento da LCA Consultores. Em dezembro do ano passado, essa marca tinha sido atingida e era a maior desde o início da série em agosto de 1999. Mas, em janeiro deste ano, a parcela de itens que havia registrado variações acima de zero nos preços tinha diminuído para 73,2%.

“De novo o resultado se igualou a o recorde da série histórica, o que é preocupante”, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores. Ele observa também que, quando se exclui os alimentos, que somam 168 produtos e é o maior grupo em número de itens do IPCA, 73% dos 209 itens restantes tiveram variação de preços acima de zero no mês passado. Esse resultado, com ajuste sazonal, também é uma marca histórica.

Segundo o economista, esses recordes das fatias de itens com alta de preços atingidos em fevereiro revelam um grande espalhamento da inflação na economia brasileira e o aumento da inércia inflacionária. “Está bem claro que a qualidade da inflação vem piorando bastante”, diz Imaizumi.

Entre os fatores que levaram a uma parcela de itens ter os preços majorados no mês passado, o economista aponta o desalinhamento das cadeias de produção no mundo todo provocado pela pandemia e as pressões de custos de muitas empresas relatando a escassez de matérias-primas. Além disso, com o avanço da vacinação e a reabertura dos serviços, a demanda que estava reprimida reapareceu. E isso ajudou a sancionar aumentos de preços dos prestadores de serviços.

Guerra

Imaizumi observa que os resultados do IPCA de fevereiro, coletado entre 29 de janeiro e 25 fevereiro, praticamente não captaram os efeitos da guerra nos preços das commodities. Esse impacto chega ao consumidor por meio da alta de alimentos e combustíveis.

Com a elevação dos preços dos grãos afetados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, como o trigo, por exemplo, que já subiu cerca de 50% nas bolsas internacionais, e o recente reajuste do óleo diesel e da gasolina, a perspectiva é de que esse quadro se agrave. “O resultado de 74,8% pode avançar este mês por causa da guerra, da alta dos combustíveis e da indexação”, diz o economista, acrescentando que a certeza é de que esse número permaneça neste patamar elevado.

Até o momento, a LCA projeta para a inflação em março uma alta de 0,99%, um índice ligeiramente menor do que o resultado de fevereiro, de 1,01%. Ele observa que a perspectiva é de que mais itens que compõem o IPCA apresentem alta de preços por causa dos efeitos da guerra e do reajuste dos combustíveis.

 

 

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