Pesquisa mostra que 27% dos internautas em Mato Grosso do Sul fazem compras pela rede mundial de computadores. Apesar das facilidades, muitos ainda têm receio de fazer transações on-line.

Produtos e ofertas em alguns cliques, a qualquer hora e lugar. A comodidade para fazer compras pela Internet já está mudando os hábitos de consumo dos campo-grandenses.

De acordo com uma pesquisa do Sebrae/MS que traçou o comportamento do consumidor no Estado, 27% dos internautas afirmam que compram pela rede mundial de computadores. Mas o índice evolui gradativamente.

“Pela Internet as compras são mais baratas e as pesquisas por produtos são mais rápidas. O consumidor hoje pode pesquisar antes de comprar, pois o computador está muito acessível nas casas e no ambiente de trabalho”, comenta o analista do Sebrae/MS, Ricardo Luiz Silva Santos.

Consumidora assídua de produtos pela Internet, a estudante de jornalismo Mariana Bianchi conta que já comprou de livros a equipamentos eletrônicos, mas não deixa de tomar cuidado na hora de fazer as transações. “Pesquiso entre meus colegas sobre o site, e também consulto na Internet para saber se existem muitas reclamações dos clientes contra aquela loja”, diz Mariana.

Um dos principais motivos que afasta potenciais consumidores do ambiente virtual é a segurança na hora de fornecer dados pessoais. Muitos desistem na hora de informar números de cartão de crédito, por exemplo. “Meu pai reluta muito na hora de comprar pela Internet”, diz Mariana. Ela relata que só teve problema uma vez, por atraso na entrega da mercadoria. “Fui na loja física e recebi todo o suporte, e no dia seguinte o produto chegou”, diz.

Fazer compras on-line requer alguns cuidados especiais, como evitar sites desconhecidos ou de conteúdo duvidoso; manter antivírus e programas atualizados; e conferir as informações básicas da loja virtual.

Os empresários também têm receio de investir em lojas virtuais, por causa de experiências frustradas anteriormente: “Geralmente o empresário contrata uma empresa de tecnologia pensando apenas no custo, e recebe um produto que não dá o resultado esperado. Aí fica a ideia de que abrir um negócio na Internet é algo falho”, afirma Ricardo Luiz. Segundo o analista do Sebrae/MS, a impressão negativa é causada por empresas especializadas que não oferecem qualidade nos serviços prestados.

Veio para ficar

Os números mostram a força da expansão do comércio eletrônico no país. As vendas cresceram 40% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com a consultoria E-bit. A estimativa de faturamento no país para 2010 é de R$ 14,3 bilhões. Um universo de 20 milhões de pessoas que gastam, em média, R$ 379 a cada compra.

Além das lojas tradicionais que migraram para o mundo virtual, como supermercados e redes de varejo, há várias opções para quem quer comprar pela Internet. O site Mercado Livre, que iniciou suas atividades no Brasil em 1999, é uma plataforma onde compradores e vendedores se encontram em busca de produtos por meio de compra direta ou leilão. O diferencial fica por conta da variedade de artigos: desde eletrônicos como o celular MP20 até raridades, como o álbum de figurinhas da Copa Brasil de 1976.

Já os sites de compras coletivas são uma febre que teve início nos Estados Unidos em 2008 e chegou este ano ao Brasil. Empresas fazem ofertas diariamente com descontos que podem chegar a 90% em serviços diversos, como restaurantes e salões de beleza. Mas a oferta só é válida se um número mínimo de compradores for atingido.

O publicitário Renato Koshiyama abriu em setembro o primeiro site de compras coletivas em Campo Grande: o Poupe Grande. Seguindo a mesma proposta de portais renomados, como o Peixe Urbano – pioneiro no Brasil e que já possui mais de 1 milhão de usuários cadastrados –, o Poupe Grande quer reproduzir no mercado local a experiência bem-sucedida nos grandes centros.

A principal dificuldade, segundo Koshiyama, é convencer lojistas e consumidores a apostar nas compras virtuais. “Já escutei um parceiro dizer que não interessava encher seu estabelecimento de clientes”, afirma o publicitário. Ele explica que essa modalidade de negócio funciona como uma ação agressiva de marketing para as empresas, e aponta outras vantagens: “o produto oferecido sai a preço de custo para a loja, mas o cliente sempre compra outras coisas, vai com a família”.

Sites como o Poupe Grande divulgam as ofertas para um banco de e-mails que é acionado a cada nova promoção. As redes sociais (Orkut, Facebook, Twitter) também são utilizadas para atingir novos clientes. Em Campo Grande, as classes B e C com idades entre 18 e 35 anos formam o público-alvo das campanhas. “Elaboramos as promoções de acordo com o dia-a-dia dos internautas”, explica Koshiyama.

O publicitário espera chegar ao fim do ano com 15 mil usuários cadastrados no Poupe Grande, e veicular pelo menos uma nova oferta a cada 24 horas. O maior desafio, segundo Koshiyama, é lidar com o receio do comprador.

“Procuramos trabalhar com grandes lojas e marcas famosas para passar confiança ao consumidor. Esperamos que outros sites de compra coletiva cheguem a Campo Grande para ajudar a formar essa nova cultura. Mercado tem para todo mundo”, diz.